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Na cidade texana de Utopia, nos Estados Unidos, professores vão armados para a escola

Uma faixa anuncia: "Cuidado! Este colégio está protegido por pessoal armado". A medida foi tomada em 2018 para evitar massacres escolares como o ocorrido na terça-feira (24)

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Margarida Azevedo

Publicado em 27/05/2022 às 10:19 | Atualizado em 27/05/2022 às 10:20
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Da AFP

Na entrada da escola de Utopia, no Texas, uma faixa anuncia: "Cuidado! Este colégio está protegido por pessoal armado". A medida foi tomada em 2018 para evitar massacres escolares como o ocorrido na terça-feira (24) a apenas 50 quilômetros dali, em Uvalde.

Utopia, uma localidade perdida entre colinas e campos extensos, é um lugar tranquilo de aproximadamente 200 habitantes. Conta com algumas ruas e uma avenida principal com uma dezena de lojas.

Seus habitantes ainda tentam assimilar a tragédia que atingiu Uvalde há quatro dias, quando um adolescente matou a tiros 19 crianças e dois professores na escola de ensino fundamental Robb.

"Não tem como evitar 100% que coisas assim aconteçam", diz Michael Derry, diretor do distrito escolar de Utopia desde 2020.

"Mas acho que o fato de que se saiba que há pessoas armadas aqui e que elas farão o que for preciso para proteger as crianças é muito dissuasivo", acrescenta.

Essa medida, aplicada por dezenas de escolas do Texas desde sua aprovação estadual em 2013, está de volta ao noticiário nos Estados Unidos, que voltam a debater como acabar com os tiroteios em suas escolas.

Os professores que querem portar uma arma devem ter uma licença e solicitar ao conselho escolar, que concede permissão ou não após analisar os antecedentes do funcionário, explica Derry, de 56 anos.

Para ele, esta iniciativa é também uma forma de paliar a falta de policiais na região de Utopia, no nordeste do condado de Uvalde.

"Estamos muito isolados. O departamento do xerife se concentra no sul do condado por causa de pessoas que atravessam a fronteira [do México], então leva pelo menos 25 ou 30 minutos para os policiais chegarem aqui. É muito tempo."

Em uma sala de aula com vitrines repletas de troféus dos times esportivos da escola, Bryson Dalrymple, na casa dos 50 anos, se emociona ao pensar no massacre de Uvalde, cidade onde cresceu.

"É de partir o coração e me faz temer pelas crianças", lamenta esse professor de ciências, que também é responsável pela segurança da escola, onde estudam crianças da pré-escola ao último ano do ensino médio.

Segundo ele, em caso de ataque, as armas dos professores permitem "eliminar o problema antes que ele se agrave".

Na terça-feira, o procurador-geral do Texas, Ken Patxon, defendeu na Fox News a necessidade de que mais escolas armem seus trabalhadores.

"Não podemos impedir que pessoas más façam coisas ruins. Mas talvez possamos armar e treinar professores e outros funcionários para responder rapidamente. Para mim, essa é a melhor resposta", disse ele.

A Associação Nacional de Educação (NEA), que reúne muitos profissionais do ensino, rejeita essas propostas.

"Colocar mais armas nas escolas torna as escolas mais perigosas e não faz nada para proteger nossos alunos e professores da violência armada", disse a presidente da NEA, Becky Pringle, em comunicado nesta semana.

"Os professores devem ensinar, não agir como agentes de segurança armados", acrescentou.

 

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