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Corte de verba pelo governo afeta bolsas e assistência estudantil nas universidades, dizem reitores

Governo federal bloqueou R$ 3,2 bilhões de custeio das universidades federais de todo o País. Para Andifes, medida vai inviabilizar o funcionamento das instituições neste segundo semestre

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Margarida Azevedo

Publicado em 01/06/2022 às 16:53 | Atualizado em 01/06/2022 às 16:54
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Do Estadão Conteúdo
Auxílio estudantil, bolsas de pesquisas e projetos acadêmicos serão diretamente prejudicados pelo bloqueio de R$ 3,2 bilhões de verbas de custeio para as universidades federais de todo o País, segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). O corte foi anunciado pelo governo esta semana.
Presidente da entidade de reitores, Marcus David diz que a redução dos recursos para as universidades deve chegar a 14,5% do total. Para ele, a medida vai "inviabilizar o funcionamento das instituições nesse 2º semestre", com impacto direto sobre alunos mais pobres.
Já o bloqueio no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, também já confirmado, será de R$ 2,9 bilhões. Deve paralisar, conforme entidades científicas, pesquisas importantes sobre covid-19 e meio ambiente. O corte total do orçamento anunciado pelo governo federal e publicado nesta terça-feira, 1º, no Diário Oficial da União é de R$ 8,2 bilhões.

DIFICULDADES

Na Universidade Federal de Minas (UFMG), o dinheiro bloqueado deve corresponde a uma redução superior a R$ 30 milhões, segundo a reitoria. Se o corte for mantido, "comprometerá o funcionamento e a manutenção da universidade, com forte impacto nas ações de ensino, pesquisas e extensão, além da assistência estudantil, inviabilizando o apoio a estudantes mais necessitados", segundo explicou a reitora Sandra Regina Goulart.
"Esses cortes reduzem a atuação das universidades como agentes mitigadores do aumento das condições de vulnerabilidade da nossa população, que tem sido fortemente afetada com a pandemia de covid-19 e com a crise econômica", apontou, em nota.
Reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca disse que o bloqueio é "uma tragédia". Segundo ele, torna impossível manter compromissos, bolsas e planos previstos para este ano.
"Na prática, esses dois bloqueios (das verbas do MEC e do MCTI) inviabilizam o funcionamento da ciência brasileira e dessas instituições, institutos e universidades que são tão cruciais para o País", afirmou Fonseca.
"O orçamento de 2022 já era claramente insuficiente para o funcionamento das nossas instituições neste ano. É uma tragédia nacional que logo a ciência, as universidades e os institutos de pesquisa que tiveram esse papel estratégico reconhecido por todos num momento de pandemia paguem quase a metade da conta desse reajuste aos funcionários federais."

PESQUISAS

Para a coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Tatiana Roque, o corte na ciência e tecnologia deve atingir bolsas do CNPq, além de outras verbas essenciais à pesquisa.
"Já o corte na educação pode prejudicar as verbas para o funcionamento da universidade e assistência estudantil", afirmou. "Uma catástrofe, especialmente neste momento de volta da pandemia, em que as universidades precisam muito de investimentos."
Marcus David, também reitor da Federal de Juiz de Fora (UFJF), concorda com o colega. "O bloqueio compromete gravemente a manutenção da universidade, afetando diretamente projetos de pesquisa, de inovação, de extensão e de cultura, além de ameaçar a permanência dos estudantes em situação vulnerável, vinculados à assistência infantil", explicou David.
Segundo o reitor Emmanuel Tourinho, da Federal do Pará (UFPA), o corte na instituição equivale a uma perda de R$ 28 milhões, de um orçamento que já era R$ 10 milhões mais baixo do que o de 2019", afirmou. "Uma condição de financiamento que já era crítica, torna-se, neste momento, absolutamente insustentável."
Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader estima que o corte de verbas na ciência deve impactar pelo menos 30 projetos de pesquisa. Entre eles, estão estudos sobre covid-19, biodiversidade e sustentabilidade, além de pesquisas na Antártida.
 

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