Projeto ensina técnicas de primeiros socorros a alunos da rede de ensino do Recife
A iniciativa faz parte do projeto de extensão "Primeiros Socorros nas Escolas" da UPE
Alunos do curso de enfermagem e medicina da Universidade de Pernambuco (UPE) estão percorrendo as instituições de ensino das redes pública e privada do Recife para levar técnicas de primeiros socorros.
A iniciativa faz parte do projeto de extensão “Primeiros Socorros nas Escolas”, que surgiu com objetivo de propagar o conhecimento diante de situações cotidianas que envolvem risco à vida e exigem ações rápidas e precisas.
“A nossa ideia é trazer essa parte prática e realizar dinâmicas que possam dar um respaldo de que os estudantes aprenderam o conteúdo que estamos abordando. Nós entendemos que primeiros socorros não é só um conteúdo que deve ficar na área de saúde, restrito a profissionais ou estudantes. Ele é um conteúdo para todos, pelo menos os conhecimentos básicos, para que as pessoas saibam o que fazer naquele primeiro momento. E a ideia é também que essas dinâmicas possam ultrapassar as barreiras das escolas”, explica a estudante do 7º período de Enfermagem e uma das coordenadoras do projeto, Brenda Carla Carvalho.
O grupo, que hoje conta com 30 alunos dos cursos de medicina e enfermagem da UPE, faz questão de destacar que ter uma noção básica de primeiros socorros não substitui a importância de acionar os socorristas, que são profissionais habilitados para lidar com essas emergências.
Linguagem adaptada
O projeto busca levar uma linguagem simples e adaptada aos alunos das redes de ensino. “Por exemplo, eles estão em casa e estão todos comendo cuscuz e uma pessoa se engasgou, mainha diz o quê? Bota as duas mãos para cima que Deus leva. E aí a gente explica que na verdade não é para fazer isso e começamos a introduzir o assunto”, afirma Brenda Carvalho.
Vale até fazer uma paródia usando um brega funk para fazer os alunos decorarem o número do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o 192.
O projeto “Primeiros Socorros nas Escolas” esteve, nesta quarta-feira (6), no Colégio Saber Viver, localizado no bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife. Essa é a terceira escola atendida pela iniciativa, que retornou às atividades no segundo semestre deste ano, após ter sido paralisada por conta da pandemia da covid-19. Outras duas ações foram realizadas no Ginásio Pernambucano.
Das técnicas ensinadas, os alunos aprendem um pouco sobre como fazer a reanimação cardiopulmonar e como agir em caso de uma obstrução das vias aéreas por corpos estranhos, o clássico ‘engasgo’.
Para o aluno do 1º ano do ensino médio, Carlos Eduardo Sampaio, de 15 anos, a experiência foi muito importante, principalmente por ele morar com a avó, que tem facilidade para se engasgar com determinados tipos de alimentos.
“Vivenciamos um momento muito interessante e descontraído, o que fez a prática se tornar melhor ainda. Foi um momento em que conseguimos aprender o básico, mas mesmo assim podermos ter uma noção. Dependendo da situação, nós conseguimos ter o básico para tentar salvar uma vida. Eu fico muito feliz com o colégio proporcionar isso pra gente, o que também é importante para quem está pensando em começar essa carreira voltada para área da saúde”.
Muitos estudantes que participaram dessa vivência nunca tinham tido contato com essas técnicas de primeiros socorros. “Achei muito importante porque ninguém sabe quando situações assim podem acontecer. Pode ser que ocorra com algum ente querido e talvez só tenha você lá para ajudar. A escola poder proporcionar isso pra gente, principalmente os professores trazerem esse grupo da UPE, mostra como podemos agir, sem prejudicar quem está precisando de socorro, na hora de executar os movimentos e fazer da forma correta”, afirmou a aluna do 1º ano do ensino médio, Larissa Leandro.
A estudante do 2º período de enfermagem, Brennda Carvalho Sales, conta que os encontros têm servido também para desmistificar algumas técnicas, como por exemplo a respiração “boca a boca”, em casos de afogamento, mas que não é recomendado.
“Primeiro precisamos entender que se a técnica for usada em uma pessoa desconhecida não temos como saber quais doenças ela pode ter e podemos nos contaminar. Esse é um dos principais tópicos que abordamos, antes de tudo é preciso avaliar a sua segurança primeiro, porque não adianta você querer salvar uma pessoa e se tornar uma vítima também”, disse Brennda. Neste caso, a técnica recomendada é a da reanimação cardiopulmonar e acionar o socorro imediatamente.