PROCESSO SELETIVO

Colégio de Aplicação: Pais estão com opiniões divididas sobre sorteio definitivo para alunos novatos

De acordo com a UFPE, o edital do processo seletivo para o Colégio de Aplicação deverá ser publicado no início de outubro

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Mirella Araújo

Publicado em 26/09/2023 às 17:34 | Atualizado em 26/09/2023 às 18:07
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A decisão da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em adotar de forma definitiva o modelo de sorteio público para o ingresso de alunos novatos no Colégio de Aplicação (CAP), dividiu a opinião de pais e responsáveis, entre críticas e defesa pela forma de acesso que já tem sido utilizada pela instituição há três anos pela unidade de ensino. 

O sorteio será adotado tanto nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, quando futuramente ele for implementado pelo CAP, quanto no 6º ano do Ensino Fundamental II e para as vagas ociosas e remanescentes.

No total, serão 58 vagas sorteadas, sendo quatro delas para pessoas com deficiência - as demais se dividem em 50% para estudantes de escolas particulares, a chamada livre concorrência, e 50% para estudantes da rede pública de ensino. De acordo com a UFPE, o edital deverá ser lançado no início de outubro.

O diretor do CAP, Erinaldo Ferreira do Carmo, explica que outros colégios vinculados às universidades federais já realizavam o sorteio como forma de seleção para a entrada de alunos novatos, e que a decisão anunciada nessa segunda-feira (26), foi feita com base na experiência em vigor desde 2020.

“Nós percebemos que as turmas que entraram tem a mesma capacidade de acompanhar as aulas, como eram as turmas anteriores, que tinham acesso por meio de prova. Os alunos que entram com alguma defasagem de aprendizado, isso é corrigido no primeiro ano dele aqui na escola e depois ele segue a turma normalmente”, afirmou Erinaldo do Carmo, refoçando que o sorteio tem o sentido de garantir o acesso mais democrático dos alunos, independente da classe social e renda.

Entre as críticas também tem sido levantada a questão sobre a transparência do sorteio realizado para o ingresso destes alunos ao Colégio de Aplicação da UFPE. Sobre esse ponto, o diretor da CAP afirma que o sistema eletrônico foi utilizado nos anos anteriores e é auditável.

“O sorteio é realizado por um sistema eletrônico, é o mesmo modelo adotado em outros colégios e utilizado aqui três vezes. É um sistema auditável, ele sorteia os números da inscrição de forma aleatória e eletronicamente, é transmitido ao vivo para dar transparência ao processo”, declarou o gestor.

André Nery
Foto: André Nery/JC Imagem Data: 18-08-2016 Assunto: CIDADES - Colégio Aplicação da UFPE, tem aula de artes com música e outras linguagens artísticas. Palavras Chaves: escola - aluno - aprendizado - aprendiz - ensino - ensinar - estudo - ginásio - - ## - André Nery

AVALIAÇÃO DOS PAIS

Para o servidor público federal Fábio Arruda Câmara, a manutenção do sorteio público não foi uma surpresa, mas ele se colocou contra o modelo. “O que a opinião pública acharia de fazer o Enem ou SSA por sorteio? Imagine fazer um Enem por sorteio, é um completo absurdo”, questionou.

Fábio tem dois filhos, o mais velho estuda no Colégio de Aplicação do Recife, vinculado a UPE, e que realiza a seleção por meio de provas. O  filho mais novo já está se preparando para esse mesmo processo seletivo e para o Colégio Militar, e  também vai se inscrever no sorteio da CAP por ser essa a única opção da instituição.

Segundo o servidor público federal, se o argumento da instituição é garantir o acesso democrático, assim como tem sido ofertados cursos preparatórios para o Enem para estudantes de baixa renda, o mesmo poderia ser oferecido para os estudantes que estariam se preparando para ingressar no Colégio de Aplicação.

“Já existe a lei de cotas para isso, e a seleção do sorteio também prejudica os melhores alunos cotistas, que também se preparam e que teriam uma concorrência menor, e a excelência que sempre existiu do Colégio Aplicação seria mantida. Se você não seleciona os melhores e que merecidamente deveriam ocupar essas vagas, lá na frente não se pode exigir deles a excelência nos resultados do Enem e SSA”, declarou Câmara, que também defende uma mobilização via legislativo para que a norma possa ser revogada.

A funcionária pública federal Marta Magna Tavares Sarmento, tem dois filhos que entraram na CAP através do concurso . "Antes de existir o sorteio, foi instituído o sistema de cotas para escola pública, o que se provou eficiente, já que os alunos já eram dedicados, e ao entrar na escola tiveram oportunidade de progredir seu conhecimento. O fato de o aluno se esforçar para passarna prova de entrada faz com que exista um estímulo para continuar a estudar", defendeu Marta. 

Por outro lado, a servidora pública Raissa Saldanha de Menezes destacou alguns pontos importantes ao avaliar a decisão tomada pela UFPE. Ela disse completamente contra a maratona de vestibular que crianças entre 10 e 11 anos acabavam enfrentando para passar nas provas.

“Era um investimento muito grande das famílias para esse preparatório, além de toda aquela pressão em crianças de 10 e 11 anos que não precisavam lidar com isso agora. Acho que nesse ponto o sorteio é mais do que bem vindo, porque tira essa antecipação da vida adulta”, afirmou.

Raíssa vai inscrever o sobrinho de 11 anos para a seleção da CAP e também tem se preparado para o processo seletivo do Colégio Aplicação do Recife, da UPE, mas reforça que a rotina de estudos inclui também a preocupação com o lado emocional da criança.

No entanto, a servidora pública destaca que é importante cobrar da instituição o comprometimento com a qualidade do ensino ao adotar em definitivo o modelo de sorteio público.

“Confesso que fiquei preocupada com a qualidade do ensino, com a entrada de alunos com mais ou menos base, se o Colégio daria conta de nivelar o aluno do 6º ano. Mas, conversando com pais que têm os filhos matriculados lá, vi que eles tiveram grandes diferenças no início, mas depois as crianças conseguiram alcançar a equivalência e superar esse obstáculo”, disse Raissa Saldanha.


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