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Redação do Enem 2023: "Desafios para o enfrentamento realizado pela mulher no Brasil" é o tema deste ano

Segundo o Inep, "o tema escolhido respeita os critérios disponibilizados no portal da instituição e na Cartilha de Redação do Enem"

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Mirella Araújo

Publicado em 05/11/2023 às 14:25 | Atualizado em 05/11/2023 às 16:41
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O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou nas redes sociais, que o tema do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano é: "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil"

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela organização e aplicação do exame, "o tema escolhido respeita os critérios disponibilizados no portal da instituição e na Cartilha de Redação do Enem".

O texto (de até 30 linhas) precisa ser dissertativo-argumentativo. Ou seja, as ideias precisam estar embasadas por explicações fundamentadas e argumentações sobre o assunto. Os participantes também contam com textos motivadores para desenvolverem os seus conceitos.

As redações são avaliadas de acordo com cinco competências e a nota pode chegar a mil pontos. Por outro lado, há critérios que conferem nota zero, como fuga ao tema, extensão total de até sete linhas, trecho deliberadamente desconectado do tema proposto, não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa e desrespeito à seriedade do exame.

O Inep ressaltou que não houve mudanças nos critérios para o Enem 2023.

AVALIAÇÃO DO TEMA

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que as mulheres dedicam, em média, 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas, enquanto os homens utilizam 11,7 horas.

A professora de redação Thaiane Albuquerque, da Escola Técnica Estadual (ETE) Miguel Batista, acredita que esse é um tema que surpreende, embora seja esperado, já que o Enem costuma abordar questões que são latentes na sociedade.

“Essa questão da invisibilidade do trabalho de cuidado é algo que demanda e que às vezes acabamos ignorando, mesmo sabendo que ele existe. É importante o Enem trazer esse holofote, porque é algo que precisa ser discutido”, afirmou a docente.

“Nós temos uma temática que dá para discutir através de muitos vieses argumentativos, mas acredito que fazer essa análise observando o papel da mulher, que tem uma dupla e até tripla jornada de trabalho. Também tem a questão das mulheres que estão em outros afazeres que não no trabalho formal e que, muitas vezes, são colocadas como pessoas que não colaboram, socialmente falando, pro crescimento de modo geral”, explica a professora da ETE Miguel Batista.

Ainda dentro dessa construção argumentativa, Thaiane Albuquerque cita o olhar sobre questões envolvendo a desigualdade de gênero e como o machismo estrutural acaba por evidenciar essa mulher e esse trabalho do cuidado como algo invisibilizado. “Acredito que os textos motivadores vão dar um recorte melhor para que os estudantes possam produzir o texto”, disse.

Nas redes sociais oficiais do Inep, boa parte dos comentários elogiam a escolha do tema, no entanto, afirmam que se trata de uma questão complexa e pouco discutida. 

Para a professora de redação Flávia Suassuna, do Colégio Saber Viver, esse é um tema importante e que acaba fugindo de outras problemáticas comumente abordadas, a exemplo da violência contra a mulher. “Existem sim, trabalhos invisíveis femininos em nossa sociedade. Por exemplo, eu sou mulher que foi mãe solo e cuido de um filho com deficiência, e se eu não existisse quem era que cuidaria dele? E isso não acontece só no Brasil, se as mulheres entre 65 anos e 75 anos fizessem greve de trabalhos de cuidadoras, na Europa, o sistema de saúde entraria em colapso”, explicou a docente.

“Esse é um tema maravilhoso porque vai fazer o estudante pensar numa questão que é fundamental”, disse. A professora do Colégio Saber Viver citou como exemplo de repertório, o caso que ocorreu recentemente na Itália, em que uma mulher, de 75 anos, entrou na justiça para despejar os filhos que possuem empregos, mas não queriam ajudar nas tarefas domésticas. “Esse é o caso de uma idosa que estava trabalhando para os filhos, ou seja, tinha um trabalho invisível sendo feito ali”, disse.

INEP fala sobre TEMA DA REDAÇÃO do ENEM 2023

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