EDUCAÇÃO

Ministro da Educação reconhece 'grande desafio' em matemática e anuncia que Pisa 2025 terá avaliação por estado

O Pisa é aplicado a cada três anos, para avaliar os conhecimentos dos estudantes de 15 anos de idade em matemática, leitura e ciências

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Mirella Araújo

Publicado em 05/12/2023 às 16:36 | Atualizado em 05/12/2023 às 16:41
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A estabilidade dos níveis de aprendizagem dos estudantes brasileiros em matemática, leitura e ciências, apresentada no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022, divulgado nesta terça-feira (5), é um cenário que preocupa especialistas em Educação e evidencia os desafios que o país precisa enfrentar.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pelo levantamento, 73% dos estudantes brasileiros não alcançaram o nível básico (nível 2) em Matemática, considerada a proficiência mínima que um estudante deveria adquirir ao terminar o nível equivalente ao ensino fundamental 2 do Brasil.

Isso significa dizer que sete em cada dez alunos de 15 anos, não conseguem converter moedas, comparar distâncias ou resolver equações consideradas simples. No ranking geral, o Brasil ficou no 65º lugar entre as notas em matemática, 53º em leitura e 61º em ciências.

No entanto, o ministro da Educação, Camilo Santana, chamou atenção para a queda na média em matemática de países da OCDE, que foi de 17% em comparação ao Pisa de 2018, enquanto no Brasil essa diminuição representou 5%.

Ele associou essa estabilidade aos esforços dos governadores e prefeitos que na pandemia da covid-19, buscaram garantir as aulas e permanência de aprendizagem, mesmo diante da “ausência do Ministério da Educação nesse período”.

“Ficou claro que os desafios são enormes, principalmente o desafio na área de matemática, onde 73% dos estudantes estão abaixo do básico. É importante destacar que nem as escolas particulares, quando a avaliação é de matemática, conseguem estar na média da OCDE”, afirmou Santana.

Durante coletiva de imprensa, na manhã desta terça-feira, o ministro também citou os investimentos do governo federal em programas como o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, as Escolas de Tempo Integral, e a bolsa permanência para estudantes no ensino médio, como iniciativas que podem contribuir para o enfrentamento da melhoria da qualidade da educação básica do Brasil.

RECORTE POR REGIÃO

O Pisa é aplicado a cada três anos, para avaliar os conhecimentos dos estudantes de 15 anos de idade em matemática, leitura e ciências. O Brasil obteve uma média de 379 pontos em Matemática.

No recorte geográfico, o levantamento mostra que o desempenho médio das regiões Sul e Sudeste é significativamente superior ao nacional, com 394 e 388, respectivamente. A média do Centro-Oeste é estatisticamente igual ao nacional, com 384 pontos, e os das regiões Norte e Nordeste são inferiores ao nacional, sendo 357 e 368, respectivamente.

O ministro da Educação anunciou que na próxima edição do Pisa, além da ampliação na participação dos alunos, que nesta edição contou com 10.798 estudantes brasileiros, e em 2025 passará para mais de 40 mil, também será divulgado o recorte por cada estado da federação.

“É preciso ter uma amostra maior para garantir os resultados por estado, para que cada governador possa ter o retrato do seu estado e possa traçar suas estratégias para melhorar a qualidade da educação”, afirmou Camilo Santana.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Durante a coletiva de imprensa realizada pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, destacou que os dados do Pisa mostram que o apoio aos professores é fundamental para a construção de uma educação de qualidade e motivacional para os alunos.

“Percebemos que uma pequena porção dos professores consideram que sua profissão é considerada valiosa, e aumentar os salários dos professores também seria uma decisão bem vinda”, ressaltou Cormann.

Sobre esse tema, o ministro Camilo Santana, disse que o debate sobre a valorização dos professores ocorre a nível global, e que o Conselho Nacional e o MEC estão discutindo as mudanças e reformulações nas diretrizes curriculares nas licenciaturas.

“Queremos fazer as alterações ainda neste ano para que seja possível fazer a revisão da licenciatura em 2024”, apontou Santana. Outro ponto anunciado foi a realização anual do Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes (Enade) em relação às licenciaturas.

Essa reformulação também vai focar nos cursos ofertados na modalidade à distância. O MEC publicou recentemente uma portaria suspendendo temporariamente a autorização de novos cursos EaD.

“A ideia do ministério é não permitir mais cursos 100% EaD [para licenciaturas], mas ainda estamos definindo se vai ser 50%, 30%. O Enade vai avaliar também a questão dos estágios. O problema das formações são em todas as universidades, não há distinção entre privada e pública”, declarou o ministro.

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