Jovem de escola pública do interior de Pernambuco ganha bolsa para curso em universidade nos EUA

“Desde pequeno, eu sempre sonhei em estudar nos Estados Unidos, em morar fora. Mas eu sempre coloquei na minha cabeça que nunca conseguiria isso por causa da minha condição financeira e também porque sou de uma escola pública em uma cidade pequena do interior”. É assim que José Wagner Paixão dos Santos, 17 anos, natural do município de São Vicente Férrer, localizado na Mata Norte do Estado, começou a descrever sua trajetória.

O estudante foi um dos brasileiros selecionados para uma bolsa de estudos de 100% no Yale Young Global Scholars, ministrado pela Universidade de Yale, em New Haven, nos EUA. José Wagner vai participar do curso “Solving Global Challenges”, que em português significa "Solucionando Desafios Globais".

O curso de verão será realizado de 23 de junho até 5 de julho deste ano. A ideia é reunir jovens de mais de 150 países para que possam aprimorar seus conhecimentos em impacto social, liderança e ações que promovam resoluções para problemáticas mundiais.

A Universidade de Yale vai arcar com todos os custos pessoais, no entanto, as despesas da viagem são de responsabilidade de cada estudante selecionado. Apesar da imensa alegria da família pela notícia recebida em novembro do ano passado, a principal preocupação foi com relação à disponibilidade financeira para que esse sonho pudesse ser realizado. O pai de José é vigia em um posto e a mãe é dona de casa. 

Sem recursos necessários para comprar as passagens para os Estados Unidos, José Wagner Paixão iniciou uma campanha de arrecadação de fundos, divulgando sua história na plataforma Linkedin e também através de amigos e professores. Nesta terça-feira (20), o jovem informou à reportagem que havia conseguido completar o valor que faltava para comprar a passagem para Nova Iorque e o transporte até New Haven.

MUDANÇAS SOCIOEDUCACIONAIS

O aluno afirma que é engajado diariamente a promover mudanças socioeducacionais na sua comunidade, tendo fundado duas iniciativas voluntárias: o Lidera Nordeste e o Debatendo.

A primeira iniciativa visa desenvolver de forma educacional e comunitária a região Nordeste em si. “O segundo projeto foi globalmente reconhecido, que muitas pessoas já participaram, e que basicamente é um projeto de debate que visa trazer essas questões de oportunidades de discussões e política para estudantes de escolas públicas, principalmente”, explicou José.

“Foi em 2022 quando eu recebi a oportunidade de participar do programa da ABA EducacionUSA e do Consulado Geral dos Estados Unidos do Nordeste, que eu descobri todas essas oportunidades de você poder fazer um programa de verão. E depois de um tempo, eu pude colocar na minha que não era porque eu sou aluno de escola pública ou porque não tinha condições financeiras que não iria conseguir conhecer o mundo”, disse o jovem.

A professora de inglês Maria das Graças da Silva, da Escola Municipal André Cezário de Albuquerque, conta que José Wagner sempre foi um aluno muito dedicado e autodidata. “Ele vem de uma comunidade muito pequena, de São José de Siriji, e também frequentou durante toda a sua vida uma escola de médio porte. Nossos alunos, infelizmente não tem grandes perspectivas, mas Wagner sempre teve esse desejo de ir aprender sempre mais”, relembrou.

Maria das Graças lembra que o aluno a pediu para que pudesse escrever cartas de recomendação para participar dos cursos. “Ele começou a pesquisar os programas para se inscrever e foi tentando. Até que ele se inscreveu em um programa de mentoria que o levou até onde está chegando neste momento. Ele sempre foi em busca do sonho dele e agora está prestes a viajar, representando a nossa cidade”, declarou a docente.

SONHOS FUTUROS

Aluno do terceiro ano do ensino médio no Colégio Estadual Professor João Barbosa de Almeida, os próximos passos de José Wagner é tentar cursar uma universidade fora do Brasil. Ele disse que ama idiomas estrangeiros e aprendeu a falar mais de dez línguas diferentes sozinho, entre eles espanhol, francês, alemão, italiano e inglês.

“Pretendo fazer universidade nos Estados Unidos, então atualmente estou estudando para o SAT que é um programa como se fosse o Enem. O processo seletivo para universidades americanas é holístico, ou seja, eles avaliam o envolvimento em atividades extracurriculares, redações pessoais, notas escolares, cartas de recomendação e notas de testes padronizados.”, explicou José, que se interessa sobre as áreas de Relações Internacionais, Educação e Linguagens.