Estudo aponta presença de substâncias tóxicas nas águas do Rio Beberibe
Os objetivos principais da pesquisa foram avaliar os principais danos e de que forma eles afetam a qualidade da água e por consequência a população do local
Estudantes e pesquisadores do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Frassinetti do Recife (Unifafire) realizaram uma pesquisa de monitoramento sazonal e avaliação da qualidade da água de um trecho da bacia hidrográfica do Rio Beberibe, localizado no Recife.
O acompanhamento começou a ser feito em agosto do ano passado e foi finalizado neste mês de maio. A conclusão do estudo apontou a presença de cianobactérias potencialmente tóxicas.
As espécies normalmente surgem em ambientes aquáticos com algum grau de má qualidade, inclusive do processo de eutrofização, que é a poluição de corpos d´água, como rios e lagos, que acabam adquirindo uma coloração turva ficando com níveis baixíssimos de oxigênio dissolvido na água. O que acarreta a morte de diversas espécies animais e vegetais e tem um altíssimo impacto para os ecossistemas aquáticos.
"Estas espécies também podem ser consideradas potencialmente produtoras de cianotoxinas (microcistinas, saxitoxinas e geosmina), podendo reduzir a qualidade da água, tornando-a imprópria ao consumo", enfatiza a pesquisadora e bióloga Paula Regina Fortunato do Nascimento, professora do Centro Universitário.
Ainda segundo Paula Nascimento, os objetivos principais da pesquisa foram avaliar os principais danos e de que forma eles afetam a qualidade da água e por consequência a população do local. Ela diz que na pesquisa, foi identificada a ocupação irregular das margens do Rio, devido principalmente a construção de moradias. "Muitos são os problemas sociais que enfrentamos atualmente e a população não tem outras alternativas", ressalta.
Outro ponto importante a ser destacado é a falta de saneamento básico ao longo do curso, o que faz com que a população despeje nele o esgoto doméstico e também realize o descarte irregular de diferentes tipos de lixo provocando o acúmulo de sedimentos no fundo do leito. Isso resulta em diversos problemas como a perda de biodiversidade local, o favorecimento do surgimento de doenças adquiridas em contato com as águas poluídas, o que torna sérios problemas de saúde pública e também pela promoção de enchentes em alguns trechos.
PODER PÚBLICO PRECISA AGIR
A conclusão do estudo financiado com recursos próprios da Unifafire deixa clara a necessidade de atenção e de um cuidado mais rigoroso do Poder Público. Para a pesquisadora, é preciso que haja a preocupação de criar projetos para requalificação, a exemplo do que foi iniciado pelo PAC Beberibe, com a proposta de realizar o saneamento básico em partes do seu trecho e de construir estações de tratamento.
"Também é muito importante que haja um amplo trabalho de sensibilização ambiental com as comunidades que se utilizam do Rio, pois, na grande maioria, são elas que contribuem para a degradação em algumas situações. Se essa proposta fosse colocada em prática iria contribuir para a proteção desse grande patrimônio ambiental que juntamente com o Rio Capibaribe compõe a identidade natural de Pernambuco", considera.
Os resultados do estudo foram apresentados ao público, nesta quarta-feira (23), durante a realização do XXI Congresso de Iniciação Científica e 1ª Mostra de Atividade Extensionista promovida pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão (Nupex) da Unifafire. Já nesta quinta-feira (24), das 7h até às 16h, a coordenadora da pesquisa e os alunos estarão realizando atividades de coleta de material no Rio Beberibe.