Pesquisa revela que estudantes brancos têm maiores médias de aprendizagem em Português e Matemática em comparação aos negros

O material analisou o desempenho escolar de alunos do 9º ano, último ano do Ensino Fundamental, a partir das médias obtidas nos testes do Saeb

Publicado em 29/10/2024 às 20:40

O Obsertavatório da Branquitude dilvugou nesta terça-feira (29), o boletim "Desempenho escolar, raça e gênero: o que contam os dados do Saeb 2023". O levantamento mostra que estudantes brancos, meninos e meninas, despontam nas maiores médias de aprendizagem em Português e Matemática.

O material analisou o desempenho escolar de alunos do 9º ano, último ano do Ensino Fundamental, em 26 estados e também no Distrito Federal, a partir das médias obtidas nos testes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) - aplicado a cada dois anos em escolas públicas e particulares de todo o país.

Para Carol Canegal, coordenadora de pesquisa do Observatório da Branquitude, estudos como estes são importantes para o reconhecimento de desequilíbrios que podem passar despercebidos em avaliações de larga escala como o Saeb.

“Nossa publicação faz um convite à reflexão sobre as dinâmicas entre marcadores de raça, gênero e desempenho escolar entre os grupos em questão com base nas informações do Saeb 2023, por meio do qual o país realiza um diagnóstico fundamental da qualidade da educação", declarou.

"Acreditamos que esta contribuição possa servir de insumo a interessados no tema, bem como à gestão pública, sobretudo às esferas municipais recém-eleitas em todo o país, responsáveis pela oferta do Ensino Fundamental, no sentido de informar políticas focalizadas”, revelou a coordenadora.

Desempenho em Língua Portuguesa

Segundo boletim o "Desempenho escolar, raça e gênero: o que contam os dados do Saeb 2023", as meninas brancas são o grupo com o melhor desempenho no teste de Língua Portuguesa da avaliação.

As meninas negras obtiveram a segunda maior média em Português, com exceção dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, em que os meninos brancos obtiveram uma média maior do que as das meninas negras.

Já os meninos negros ficam com a pontuação mais baixa em relação aos demais grupos estudados em todas as regiões, acima apenas da média geral de cada estado. Com exceção do Distrito Federal, em que meninos negros ficaram abaixo da média distrital.

Trazendo recorte para Pernambuco, a média geral do Saeb no estado é de 234.9 pontos, onde as meninas brancas alcançaram a média de 261.4 , enquanto meninas brancas tiveram média de 253.1. Já os meninos brancos tiveram 249.8 e os meninos negros 241.7 pontos.

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Médias - ARTES JC

Desempenho em Matemática 

Em Matemática, os meninos brancos assumem a dianteira com as melhores médias em quase todo o país, somente em Alagoas meninos negros assumem a maior pontuação. No geral, meninos brancos se sobressaem aos meninos negros, às meninas brancas e às meninas negras, nesta sequência.

Já o segundo melhor desempenho em Matemática é dos meninos negros, seguidos por meninas brancas e meninas negras, nesta ordem. Apenas em Roraima e Tocantins meninas brancas tiveram o segundo maior desempenho, seguidas de meninos negros e meninas negras.

Em Pernambuco, a média geral em Matemática é de 236,2 pontos. No caso dos meninos brancos, a média foi de 257,2 pontos, enquanto os meninos negros alcançaram 221,2 pontos. Já as meninas brancas obtiveram a média de 248,6 pontos, e as meninas negras alcançaram 242,9 pontos.

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Médias - ARTES JC

Considerações Finais

O Saeb avalia, em escalas, as habilidades dos alunos em Língua Portuguesa, com ênfase em leitura, e Matemática, concentrando-se na resolução de problemas. Nas considerações finais, o boletim  "Desempenho escolar, raça e gênero: o que contam os dados do Saeb 2023" destacou que "além das desigualdades de raça/cor, há que se considerar a hipótese da reprodução de representações sociais negativas de gênero expressas nos resultados". 

Observa-se que meninas brancas e negras apresentaram melhor desempenho em Língua Portuguesa, enquanto meninos brancos e negros obtiveram médias mais altas em Matemática. O Observatório da Branquitude chamou atenção para o fato de que os estereótipos de gênero frequentemente associam o universo feminino à sensibilidade e à subjetividade, características geralmente ligadas a disciplinas como Português, consideradas “feminizadas”.

Por outro lado, o universo masculino é frequentemente relacionado à razão e à objetividade, atributos valorizados nas chamadas ciências exatas, como a Matemática. Ainda de acordo com a pesquisa, essas concepções enraizadas no senso comum podem impactar negativamente o processo de escolarização, pois as ciências não são neutras e suas abordagens podem gerar dificuldades na compreensão dos conteúdos pelos estudantes.

"Essa situação é particularmente preocupante para meninas e meninos negros, que enfrentam não apenas as limitações de gênero, mas também os efeitos da raça e do racismo", finaliza o documento que está disponível para consulta no site do Observatório da Branquitude.

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