Saramandaia

Publicado em 03/11/2013 às 8:13
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De Jorge Cavalcanti (interino) Como Diego Nigro, Wagner Sarmento e Marina Barbosa mostram, na edição de hoje do JC, os três garotos de Saramandaia, comunidade da Zona Norte do Recife, vivem um mundo à parte, porém real, onde os discursos oficiais não chegam. Lá no Canal do Arruda, as vantagens da Copa do Mundo de 2014 são algo abstrato. Adolescentes e até crianças conhecem mais de perto o crack. Não o do futebol, mas a peste em forma de pedra. Paulinho, Geivson e Tauá veem de perto a degeneração social imposta a várias famílias pela droga. Em Saramandaia, com a mesma intensidade que assola outras comunidades carentes. Quanto mais pobres, mais vulneráveis. A palavra “sustentável”, tão em moda nos palanques eleitorais já armados, também é incompreensível. Os meninos miseráveis sabem o valor apenas do “reciclável”. As latas de alumínio achadas com muito esforço em meios aos entulhos, ao custo da dignidade, valem, no máximo, R$ 5 no galpão de reciclagem próximo. Já o “desenvolvimento”, repetido com orgulho por gestores e candidatos a gestores, para os meninos, é apenas um verbete que faz rima com “sofrimento”. Num cotidiano como o retratado na reportagem, é humanamente impossível não senti-lo, mesmo com toda a inocência da infância.

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