Matemática do caos

Publicado em 07/02/2014 às 7:02
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De Jorge Cavalcanti Façam as contas: 14.219 processos divididos por 27 defensores públicos. Ignorando os números decimais, chegaremos à exorbitante quantidade de 526 ações para cada profissional hoje. Adicionem a isso um salário irrisório de R$ 3,7 mil para dedicação exclusiva, abdicando dos honorários de uma carreira de advogado. Subtraiam alguns defensores aprovados em concurso em 2006 que viram a necessidade bater à porta e, por isso, partiram em busca de novas oportunidades. Façamos outra equação em paralelo: um sistema prisional estrangulado já em 2007, com 15.778 detentos onde só deveriam caber 8.256, somado a um programa de combate a violência que investiu pesado nas polícias para aumentar o número de prisões e a qualidade do inquérito, enquanto a criação de novas vagas nas unidades caminhou a passos tímidos. Quando somadas as duas operações, chegamos ao que o repórter Wagner Sarmento relata na edição de hoje deste JC: um sistemaprisional cuja população carcerária é três vezes a capacidade e onde quase a metade dos presos aguarda julgamento. Desde o homicida contumaz ao dependente de crack flagrado com algumas pedras por traficar para manter o vício e que, por estar no delito por causa da doença, precisaria mais de uma clínica do que uma cela.

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