Pesquisadora critica forma de combate do Aedes: " é a mesma do século passado"

Publicado em 01/12/2015 às 8:00
Mosquitos transmissores da dengue preocupa, e cientista Leda Régis diz que falta informação.
FOTO: Mosquitos transmissores da dengue preocupa, e cientista Leda Régis diz que falta informação.
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  Mosquitos transmissores da dengue preocupa, e cientista Leda Régis diz que falta informação. Mosquitos transmissores da dengue preocupa, e cientista Leda Régis diz que falta informação e diz que combate é igual ao século passado.   O "Aedes aegypti" não é o único mosquito que transmite o vírus da dengue em Pernambuco. Tem um outro circulando, e do qual se fala pouco. É o "Aedes albopictus", mais comum na Europa, porque resiste melhor ao frio, mas que também já marca presença no Estado. E que responde pelas mesmas doenças do primeiro, inclusive a Chicungunha. Também conhecido como tigre asiático, o albopictus já se espalhou pela Itália, Suíça, França e Grécia, segundo a pesquisadora Leda Régis, que passou 20 anos estudando formas de combate do Aedes (da dengue) e Culex (pernilongo, muriçoca) pela Fiocruz. Ou seja, o Aedes não é "privilégio" do Brasil, nem culpa só da falta de saneamento, da favelização, das águas acumuladas em altos e alagados. O problema é como enfrentá-lo. "Se proteger do mosquito é obrigação individual e responsabilidade social", afirma a pesquisadora, para quem é preciso que as trincheiras da guerra contra o inseto contem com duas frentes de combate: "as autoridades do governo e as autoridades do saber". Os "soldados"  seriam a própria população. E lembra que o mais eficiente, nesse momento tão grave, não é ditar regras para a comunidade. "Mas importante do que emiti-las, é difundir conhecimentos simples, para que a população, mesmo a analfabeta, possa assimilar a biologia do inseto. E assim, as pessoas saberão o que fazer contra ele", aconselha. E cita o caso das plantas como exemplo. "É mais útil dizer que o Aedes bota ovos em qualquer lugar, do que listar os criadouros. Foram difundidas algumas informações, como as de que a culpa da proliferação do inseto era dos jarros. Isso prejudica o entendimento das pessoas, que cuidaram só do vaso de plantas", lembra.  "As informações podem estar carregadas de boas intenções, mas muitas vezes não ensinam, apenas desnorteiam". Alerta que as formas de combate do Aedes usadas no Brasil são as mesmas do século passado, e que as autoridades ainda resistem a mudanças. Para ela, não há omissão do poder público no Brasil. "Temos o Programa Nacional de Controle da Dengue, que é caríssimo, mas que ainda não foi suficientemente avaliado", afirma, lembrando que ele usa "os mesmos métodos de controle do século passado". E lamenta: "Há dificuldade para mudar". E para enfrentar o inseto: "Infelizmente o mundo tropical está totalmente colonizado pelo Aedes". Leia mais: Dengue e zica, diferentes e graves. Pesquisa busca diagnóstico mais preciso da dengue Infectologista explica  dengue, febre chikungunya e zika vírus Recife faz mutirão contra mosquito da dengue Zika e microcefalia: Governo de Pernambuco e Prefeitura do Recife decretam emergência Brasil já tem 1248 casos suspeitos de microcefalia

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