Qual é o limite para os bandidos?

Publicado em 21/02/2017 às 9:26
NE10
FOTO: NE10
Leitura:
hh Roubaram um caixa eletrônico em uma farmácia, e a gente se perguntou: "Qual é o limite?" Começaram a explodir agências no interior do Estado, e mais uma vez veio a pergunta: "Qual é o limite?" Ações ousadas viraram rotina no interior, e nada de resposta para... "Qual é o limite?" Explodiram bancos a um quilômetro do comando da PM. Arrasaram agências no principal destino turístico de Pernambuco. O brado foi unânime: "Qual é o limite?" Na madrugada de hoje, as noções de "limite" foram brutalmente redefinidas. O cinematográfico assalto à empresa de vigilância Brinks, na Zona Oeste do Recife, foi um golpe sem precedentes da criminalidade no Estado, e um tapa no rosto de uma população já esgotada pelo dia a dia de insegurança, do celular escondido para não chamar atenção, da bolsa presa ao corpo durante a viagem de ônibus, do "volta logo, é perigoso ficar na rua". Significa que o nosso cotidiano de incertezas, onde a guerra do tráfico e dos grupos de extermínio nas periferias faz sua legião de cadáveres pobres, e o festival de roubos e limitações que se impuseram ao cidadão, ganhou o toque que faltava: a ação brutal, coordenada e meticulosamente planejada do crime organizado, em plena Zona Oeste. Tudo isso em um dia de semana, às vésperas da maior festa do Estado. Esse drástico upgrade da criminalidade é resultado de um vácuo de gestão na segurança pública no Estado, cujo início é perceptível a partir de 2014. Foi quando o governador Eduardo Campos, que implantou o Pacto em 2007 e o comandou com mão de ferro - respaldado, é verdade, por uma bonança econômica sem precedentes no Estado e no País - deixou o governo. Seu sucessor, João Lyra Neto, fez uma gestão tampão, e com o freio de mão puxado. Também ali a crise econômica que até hoje devorou 12 milhões de empregos e arrasou o País dava seus primeiros sinais. Ao assumir o Estado, em 2015, Paulo Câmara já encontrou o princípio de terra arrasada. A crise ficando mais séria, os recursos rareando, as forças de segurança sem motivação, o Pacto pela Vida sem a condução política que teve em outros tempos.   Evidentemente, passou da hora de dar uma resposta. Mesmo com a crise, mesmo com a desmotivação das forças de segurança. Não se pode alegar descontinuidade administrativa, afinal, o mesmo grupo político que concebeu e implantou o Pacto pela Vida ainda está no poder. Ou temos uma reação, ou os limites continuarão a serem testados pela bandidagem. Mas, "qual é o limite" mesmo?  

Últimas notícias