A mensagem deixada no letreiro do tradicional Cinema São Luiz, no Centro do Recife, é daquelas que confortam o coração nesse período tão conturbado.
De muito longe, o que mais assusta na pandemia mundial do coronavírus – que também baixou no nosso quintal – é a incerteza. É não saber o que virá no dia seguinte. Se seremos contaminados, se nossos entes queridos sofrerão.
É ver escolas, clubes, cinemas, bares, restaurantes, comércio em geral, todos fechando – como se o mundo fosse, pouco a pouco, desligando as luzes e ficando no mais absoluto escuro. Não saber por quanto tempo durará o pesadelo do vírus no mundo e seus efeitos sobre a nossa saúde (física e mental) e nosso futuro traz uma óbvia sensação de impotência. Mas, para além de qualquer dúvida, trata-se de uma guerra. E, numa guerra, é preciso lutar para não perecer.
A luta, nesse caso, exige mais paciência e estratégia que qualquer outra coisa. Tempos difíceis se anunciam para todos nós. Primeiro, no esforço para preservar nossas próprias vidas. Depois, nas coisas práticas do dia a dia. Pequenas e médias empresas fazem as contas para sobreviver. Trabalhadores autônomos – que precisar ir às ruas todos os dias para ter comida à mesa – estão em desespero. A perda de empregos já é sentida. Para uma economia que se recuperava a duras penas da pior recessão da história (vivida entre 2015 e 2017), o coronavírus foi um golpe duro. Mas só existe economia com pessoas vivas e saudáveis. Ou seja, em vez de PIB, juros e dólar, a hora é de focar nas vidas da população.
Não será fácil, claro. Há quem possa encher o carrinho do supermercado e esperar em casa pela passagem do furacão. Mas há um contingente enorme de pessoas que mal têm condições de assegurar a alimentação do dia e que não terão qualquer expectativa de renda enquanto durar a crise. Como dizer a quem já não tem muito que é hora de “segurar as pontas” e ficar sem nada?
É difícil, como tudo que envolve essa pandemia. Mas, em nome das vidas de todos, é imprescindível evitar aglomerações. Na tradicional e estruturada Itália, por exemplo, o sábado (21) registrou 800 mortes em 24 horas. Para os negacionistas ou quem diz que “é apenas uma gripe”: em um país com 60 milhões de habitantes uma simples gripe não mata 800 pessoas em um único dia – em lugar nenhum do planeta. Estamos diante de algo inédito no nosso século, em magnitude e mortalidade.
Não tem jeito. A cerveja com os amigos no bar vai ficar para depois. O beijo nos avós também. Hora de quem puder ficar em casa, ficar. Profissionais de saúde, segurança, transporte e demais serviços essenciais não poderão. Que tudo corra bem com eles até o final dessa tormenta.
Quando o pesadelo do coronavírus passar e nós voltarmos ao nosso dia a dia, será a hora de enfrentar uma dura reconstrução. E ela tem que começar justamente durante esse período de quarentena. Em casa, que seja uma boa hora para refletir sobre conceitos como solidariedade – principalmente com os que passarão por dificuldades financeiras devido ao isolamento. E de pensar mais sobre o que nos une do que sobre o que nos separa. É isso. Fique em casa.
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