Paraibano de João Pessoa e torcedor do Botafogo-PB, Nehemias Falcão de Oliveira Sobrinho, 52 anos, é, desde o início do mês, o novo chefe da Polícia Civil, em substituição a Joselito Kehrle do Amaral. Uma substituição discreta, bem ao perfil do novo comandante. Em entrevista exclusiva à coluna Grande Recife, ele fala sobre a relação o comportamento da criminalidade durante a pandemia, estrutura da corporação, os próximos passos da investigação do assassinato da garota Beatriz Mota, expansão do Dracco, entre outros assuntos. Nesta quinta-feira, a primeira parte. Na sexta-feira, a segunda. A entrevista na íntegra será publicada na edição de domingo da coluna no Jornal do Commercio.
JC - O senhor assume a chefia da Polícia Civil em meio a uma pandemia. Qual o plano de gestão em um momento como esse?
Nehemias - Desde o primeiro momento que a Polícia Civil vem tomando medidas para resguardar seus profissionais. Fizemos regramentos para poder encontrar a melhor forma de gerir a atividade policial. Publicamos portarias como a 82, que estabelece os procedimentos relativos a equipamentos de proteção individual (EPIs) e o teletrabalho. Policiais que estão no grupo de risco (mais de 60 anos, com doenças crônicas, etc) foram para o trabalho remoto e continuam contribuindo.
JC - Há falta de insumos e EPIs na Polícia Civil? A PM enfrenta problemas...
Nehemias - Fizemos gestão junto ao governo e recebemos suprimentos institucionais. Gestores das Áreas integradas também firmaram parcerias para buscar juntos ao comércios locais ajuda nesse sentido. Conseguimos prover as 26 seccionais e quatro diretorias integradas com recursos para que não faltasse esse tipo de material.Recebemos doação de 800 litros de álcool em gel da Usina Pirangi, também nos foi oferecida parceria com a Associação dos Escrivães de Polícia. Hoje temos 42 plantões funcionando, mesmo em tempo de pandemia, e todos os policiais estão protegidos.
JC - A pandemia mudou algo no perfil da criminalidade? O fato de haver menos pessoas nas ruas causou alguma mudança?
Nehemias - Para a criminalidade não existe pandemia, não existe crise. Eles simplesmente não param. Conseguimos, neste semana, desvendar, com ajuda da PM, o caso do sequestro de uma família, por exemplo.A menor circulação nas ruas termina fazendo apenas com que se adaptem para agir de outra maneira. O que cabe às polícias é estarem permanentemente em alerta e trabalhando.
JC - Com relação à questão estrutura das delegacias, existe uma grita muito grande por parte do sindicato, refletida em denúncias e vídeos, de que existem unidades fechadas, principalmente no interior.
Nehemias - Estou há 22 anos na Polícia Civil de Pernambuco. Comecei na Mata Norte, depois foi para a Mata Sul, Agreste. Passei pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Departamento de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), foi diretor integrado respondendo por 109 cidades. O que posso dizer é que existe um esforço muito sério no sentido de manter a estrutura funcionando e um serviço de qualidade para a população. São 42 plantões funcionando, e num período complicado como o da pandemia, que exige proteção aos policiais. Produzindo investigações que não podem parar. Da mesma forma, operações (tivemos duas recentemente no Sertão). O caso do defensor público Levi Borges, por exemplo, foi outro exemplo de investigação rápida em que um adolescente foi apreendido. É desse jeito que seguimos dando resposta à sociedade.
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