Por Felipe Vieira, da coluna Grande Recife
O desafio de evitar aglomerações em um dos mais superlotados sistemas prisionais do País não é pequeno. Mas o fato é que o índice de contaminação por covid-19 nos presídios do Grande Recife – que detêm metade dos 30 mil presos do Estado – está sendo mantido sob um relativo controle. Até aqui foram 677 registros e seis mortes.
Cortar o contato com o mundo externo foi o primeiro passo. Desde o dia 20 de março não há mais visitas nas unidades prisionais. Detentos falam com suas famílias através de videoconferências. A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) distribuiu três máscaras reutilizáveis por detentos e afirma estar aumentando a oferta de água, sabão e hipoclorito de sódio para a higienização das unidades. Reforço para evitar casos como o de Petrolina, no Sertão, onde o presídio Dr Edvaldo Gomes experimentou um surto com 99 casos – ainda há 85 reeducandos em uma área isolada.
“No Cotel, por exemplo, não houve casos graves e nem há qualquer preso em isolamento”, comenta o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico. Outra preocupação foi com relação à Resolução 62 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que previa a saída para prisão domiciliar de presos em grupo de risco para contágio. Em contato com o mundo externo, os detentos poderiam propagar a infecção, além de trazê-la para o sistema quando voltassem. Dos pouco mais de mil que receberam o benefício, 62 violaram a quarentena (são monitorados via tornozeleira) e foram presos. “Não só perderam a domiciliar como foram encaminhados ao presídio de Itaquitinga, que é de segurança máxima”, diz Eurico.
Segundo o secretário, o esquema restrito provoca uma clara insatisfação nas famílias, mas ele alega que os presos têm sido solidários. “Quando a curva estava alta no Grande Recife, o sistema manteve o controle. Agora está mais alta no Agreste e também estamos conseguindo deter a infecção nas unidades da região”.
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