COLUNA GRANDE RECIFE

Médicos podem ir à justiça por salário atrasado no Recife

Secretário geral do Simepe critica resposta da prefeitura sobre falta de pagamento para profissionais

Felipe Vieira
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Felipe Vieira
Publicado em 13/08/2020 às 19:51 | Atualizado em 13/08/2020 às 19:51
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tadeu calheiros - FOTO: divulgação

 

O secretário geral do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Tadeu Calheiros, disse nesta quinta-feira (13) que a categoria vai judicializar a questão do atraso de salário de médicos da Policlínica Barros Lima, na Zona Norte do Recife, caso a prefeitura não honre o compromisso.

Em entrevista ao programa Balanço de Notícias, da Rádio Jornal, ele afirmou existir um descompasso entre a propaganda oficial da gestão e o que é fornecido aos profissionais de saúde.

Já existe uma posição da prefeitura sobre essa questão do atraso de salários. Qual a posição do Simepe agora?

Cobrar que a prefeitura honre esses pagamentos que já estão extremamente atrasados. Vale lembrar que esses profissionais foram chamados ao enfrentamento da covid em março com a promessa de receber os salários dos plantões no mês subsequente.  Se apresentaram de pronto. A sociedade sabe do engajamento dos profissionais de saúde nessa luta. Mesmo com os atrasos de repasse salarial os profissionais continuaram atuando e até hoje o que a gente tem é promessa de que vai resolver, a nota da prefeitura só saiu após uma cobrança pública, infelizmente tivemos que ir a público expor uma situação dessa para a prefeitura se pronunciar dizendo que ainda vai resolver. Estamos aguardando e, caso não resolvam em 72 horas (a contar de ontem), vamos levar os encaminhamentos necessários para outras instâncias.

Em nota, a prefeitura alegou que o atraso se deveu a um problema pontual e burocrático. Foi explicado à categoria que problema era esse?

Com todo respeito a quem tenha escrito essa nota, eu teria vergonha de publicar uma nota dessa como resposta. Um "problema pontual" de cinco meses de atraso? É querer explicar o inexplicável. A gente também não entende, é essa pergunta que estamos fazendo à prefeitura. Colocam propagandas nos aplaudindo, chamando todos de heróis e parece até que somos descartáveis. 

Qual a providência a ser adotada pelo Simepe a partir de agora?

Médico como sou e representante da categoria, posso dizer que isso não muda em nada o nosso compromisso para com a população. Não é à toa que pesquisas recentes mostram a categoria médica como a área de maior confiabilidade da população. Sabemos da nossa importância nesse momento e vamos estar na linha de frente para atender a uma população que não pode sofrer as consequências de uma irresponsabilidade política. A cobrança pública já está posta, vocês (imprensa) têm um papel fundamental para divulgar essa triste informação. Se a prefeitura não resolver no prazo, vamos recorrer a medidas judiciais, mas nunca vamos colocar a população sob risco da interrupção do atendimento no momento em que ela está mais fragilizada e precisando da nossa atuação.

O sr citou a propaganda oficial da prefeitura. Há um sentimento de descompasso entre o que é apresentado e o que é oferecido à categoria?

Completamente. É um sentimento geral, de médicos e profissionais de saúde, Na última semana estive fiscalizando unidades da prefeitura, veja que estamos há cinco meses de pandemia, e as máscaras oferecidas eram de TNT, sem marca, sem selo do Inmetro, sem garantia sequer de quem foi o fabricante, isso para os profissionais atuarem nos postos de saúde.Talvez por isso a gente tenha números tão elevados de infecção entre os profissionais. A insatisfação não vem só desse atraso, o atraso é ultrajante, mas é também com os EPIs que não são oferecidos ou são de péssima qualidade. Quem visita postos de saúde e fiscaliza como fazemos vê estruturas físicas completamente precárias, não se tem um local para isolar um paciente com sintoma respiratório. A insatisfação da categoria com a prefeitura é grande, aqueles comerciais ferem os profissionais, aqueles aplausos não refletem em ações e atitudes. Também não se atende o pleito da categoria com relação à insalubridade. A população está vendo o grau de insalubridade para se enfrentar a pandemia. mas a prefeitura não vai adiante com esse pagamento.

Qual o atual estado dos profissionais de saúde em termos de contaminação?

Infelizmente tivemos um número aproximado de 30 óbitos de médicos, e a gente deixa aqui nossa homenagem a todos os profissionais de saúde, em especial às famílias deles, A gravidade desses casos se mantém na média da população. Mas o índice de contaminação é elevadíssimo, e aí entra um contexto de estruturas precárias, superlotação e falta de um fluxo organizado de serviços e o fornecimento de material de má qualidade.

 

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