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Exclusivo: Marília Arraes dobra PSB, fica no PT e será candidata ao Senado na chapa de Danilo Cabral

Após ameaça de deixar o PT e prejudicar Frente Popular, caciques do PSB dizem ao PT que aceitam indicação de Marília Arraes. João Campos viajou a Brasília neste sábado

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Jamildo Melo

Publicado em 20/03/2022 às 8:12 | Atualizado em 20/03/2022 às 21:56
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Sem alarde, caciques do PSB mantiveram  uma reunião sigilosa com os dirigentes do PT Nacional em Brasília. O encontro das cúpulas teve objetivo de acertar os ponteiros  e informar que os socialistas aceitavam a indicação de Marília Arraes para a vaga de Senado pelo PT, junto a Frente Popular. Como resultado das conversas, Marília Arraes poderia ficar no PT e ser candidata do PT na chapa de Danilo Cabral (PSB). João Campos viajou no sábado para Brasília, mas negou ter tomado parte do encontro.

Marília não tem se pronunciado. Ela só fez isto no domingo à noite, depois que o PT decidiu indicá-la ao Senado.

ATUALIZAÇÃO: O presidente estadual do PT, Doriel Barros, disse ao blog de Jamildo, nesta noite de domingo, que o Grupo de Tática Eleitoral (GTE) do PT reuniu-se neste domingo e deliberou pela indicação da deputada federal para compor a chapa da Frente Popular. Outra argumentação foi a admissão de que Marília tem maior potencial eleitoral que os outros candidatos. "Vamos ratificar em uma nota que não há veto à Marília. Vamos fazer também um esforço para que Marília não deixe o PT", afirmou. A decisão ocorre também em uma resposta à movimentação do PSB local, dando ciência neste final de semana em Brasília de que não haveria mais óbices para aceitação do nome de Marília Arraes.

ATUALIZAÇÃO 2 : Depois de um domingo movimentado, a deputada federal Marilia Arraes quebrou o silêncio e enviou uma nota oficial ao Blog de Jamildo desautorizando o PT local, que na noite deste domingo indicou seu nome para o Senado, na chapa da Frente Popular. Os termos são duros e mostram que a jovem deputada não deve aceitar composição.

Na próxima segunda-feira, conforme já informou o blog, Marília Arraes terá um encontro pessoal com Lula, em São Paulo, para discutir a sucessão no Estado. Ela ameaçava deixar o partido e causar sérios danos à Frente Popular e ao PT, com a derrocada da chapa de proporcionais. Além disto, poderia se bandear para a oposição, marchando com Raquel Lyra e Priscila Krause.

Ainda na terça-feira o líder do Governo na Assembleia Legislativa do Estado (Alepe), o deputado Isaltino Nascimento já previa o que ia acontecer. “O PSB não vai criar obstáculo à indicação dela”, afirmou, deixando claro que a equação estava sendo resolvida", comentou nas redes sociais a ex-deputada Terezinha Nunes.

Em pesquisas recentes no Estado, Marília Arraes lidera com folga as intenções de voto para o Senado. Em um levantamento do mês passado, ela também aparece em primeiro lugar para governadora. Dai ter se animado com a chance de tentar derrotar os socialistas no poder.

Na quinta-feira da semana passada, o blog revelava que a deputada havia tomado a decisão de ababdonar o partido, insatisfeita com a condução do processo. Mesmo liderando as pesquisas, ela estava sendo vetada por setores do PT e PSB, que não a queriam na chapa, pelo histórico de desavenças. A disposição era ir para o Solidariedade, ou mesmo o MDB.

A manobra do PSB deve acabar esvaziando a reunião do PT, neste domingo, para discutir a indicação. Além de Marília Arraes, estavam no páreo Teresa Leitão e Carlos Veras.

"A ameaça de "pinote" de Marília deu resultado. Espero que ela fique na chapa com os dois pés e que o PSB abrace a candidatura dela com as duas mãos. Doutor Arraes me dizia que para perder uma eleição, basta a base estar dividida", diz uma raposa felpuda do PSB.


"Ela é boa. Enquanto os outros fazem a disputa interna, ela faz a pressão de fora para dentro", analisa um petista.

"Ela ameaçou o PT e se deu bem. Agora, fora as imagens para o guia, ela vai de fato se envolver na campanha de Danilo?", questiona um petista, sob reserva. "Não resta dúvida, entretanto, que será um reforço na chapa de Danilo Cabral. Historicamente, é o candidato a governador que puxa o senador. Vamos ver agora. No Senaod, ela não tem adversário"

 

Disposição era até mesmo sair para o governo do Estado

Depois de estar fora do PT, de ameaçar ir inicialmente para o Solidariedade, a disposição de Marília Arraes era disputar o Palácio do Campo das Princesas contra o candidato do PSB, Danilo Cabral, cujos aliados socialistas governam o Estado há quase 16 anos. A outra opção da deputada federal é sair candidata ao Senado, se as negociações mais amplas não derem resultado esperado. Como ela escreveu em nota enviada ao blog de Jamildo na sexta-feira, não depende apenas dela.

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Para o pleito desse ano, a intenção inicial de Marília Arraes era criar um novo palanque para Lula, mesmo fora do PT, unindo a oposição não-bolsonarista ao PSB no Estado. Como aconteceu com a eleição de Eduardo Campos, em 2006, quando a oposição teve o nome dele e de Humberto Costa, pelo PT, com dois palanques para o ex-presidente Lula.

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A deputada federal planejava anunciar a futura legenda até terça-feira. Ela deve se encontrar com Lula em São Paulo, na segunda, seja para comunicar a decisão de sair do PT e virar senadora, seja para tentar o aval para o segundo palanque.

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Até a manobra de João Campos, a jovem deputada federal estava dividida entre o Solidariedade de Paulinho da Força, o mais provável, e o MDB, de Renan Calheiros, conforme já informou o blog de Jamildo, ao longo da semana que passou.

O Solidariedade era menor e está sem lideranças no Estado, o que daria a Marília Arraes carta branca para comandar as articulações.

O MDB tem mais recursos do fundo partidário e tempo de TV, mas está aliado da Frente Popular e precisaria dar um salto solto triplo carpado para a oposição. Como ela escreveu em nota enviada ao blog de Jamildo na sexta-feira, não depende apenas dela.

Montagem sobre fotos de: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM e ARNALDO CARVALHO/JC IMAGEM
João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) disputaram o 2º turno - Montagem sobre fotos de: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM e ARNALDO CARVALHO/JC IMAGEM

João Campos

No final da manhã deste domingo, o prefeito do Recife emitiu uma nota pelas redes sociais comentando o episódio Marília Arraes.

"... não estou em Brasília e nem participei de qualquer reunião sobre a composição da chapa majoritária da Frente Popular, encabeçada pelo meu amigo Danilo Cabral. Então, é mais uma mentira de quem quer tumultuar o debate eleitoral.", escreveu.

É importante notar que a nota de João Campos via redes sociais não diz que não houve a oferta de acordo com o PT e que ele apenas não participou de reunião. Diz que não está lá hoje, mas não diz que não esteve ontem.

A viagem à Brasília foi noticiada até nas colunas sociais do Estado. Veja reprodução da coluna de Roberta Jungmann deste sábado, abaixo.

De acordo com um aliado, João Campos teria ido a Brasília tratar de assuntos administrativos. "Ele não tratou espeificamente deste tema. Ele não ttratoda questão Marília Arraes especificamente".

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Viagem à Brasília teria sido apenas para resolver problema administrativos? - Blog Imagem

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