intenções de voto

Sem concorrência à direita, Bolsonaro segue recuperando eleitores de 2018, diz Ipespe

Imagem do autor
Cadastrado por

Jamildo Melo

Publicado em 22/04/2022 às 17:35 | Atualizado em 22/04/2022 às 17:49
Notícia
X

O sociólogo Antônio Lavareda, do Ipespe, destaca os principais pontos da mais nova rodada de pesquisas de intenção de voto nacional. De acordo com o especialista, a intenção de voto espontânea mostra o avanço da polarização. Entre os eleitores que já mencionam candidatos nesta questão, Lula (PT) chega a 38% e Bolsonaro a 28%.

A soma dos outros nomes citados é de apenas 8% (Ciro, 4%; Moro, 1%; Doria, 1%; Tebet, 1%; Janones, 1%). "Ou seja, os dois líderes, juntos, concentram quase 90% do total de citações. Lula cresceu dois pontos e Bolsonaro um, em relação a uma quinzena atrás. Moro vai saindo do radar do eleitor e os demais se mantiveram com os mesmos números", afirmou.

Ainda de acordo com Lavareda, a saída de Moro e os tropeços da  “Terceira via” devolveram a Bolsonaro eleitores antipetistas que buscavam alternativas.

Na pergunta estimulada, o presidente, que ganhou quatro pontos logo após a saída de Moro do Podemos, cresce mais um e marca 31%. No campo oposto, Lula, depois de estacionado há dois meses também avança um ponto e atinge 45%. Vêm a seguir: Ciro, com 8%, oscilando um ponto para baixo; Doria, mantendo seus 3%; Simone Tebet, que continua com 2%; Janones sobe um ponto e vai a 2%. Felipe D’Ávila, Vera e Eymael não pontuaram nessa rodada.

"Enquanto a briga no interior do PSDB assume contorno autofágico, ameaçando jogar fora o diferencial de ter sido o único partido a realizar uma “primária”, os diretórios regionais do União Brasil e do MDB hesitam a se alinharem com candidatos(as) com percentuais demasiadamente modestos. E, assim, por ora, vai restando Ciro Gomes como única possibilidade de uma eventual triangulação do formato da disputa. Porém, ele esbarra à esquerda no voto consolidado de Lula, reforçado pela elevada expectativa de sucesso do petista (58% acreditam que Lula será vitorioso, 31% apontam Bolsonaro e só 2% apostam em Ciro)", observa.

Aprovação geral de Bolsonaro oscila um ponto e chega a 34%. 

De acordo com a pesquisa do Ipespe, a desaprovação faz movimento simétrico e recua de 63% para 62%. O mesmo ocorre com a avaliação negativa (R/P) que declina de 54% para 52%.

"Como provável efeito da polarização precoce da disputa, acentua-se a aproximação entre avaliação de governo e intenções de voto. Essas duas variáveis vão se “misturando”. A primeira deixando de ser, como até então, um fator “causal”, explicativo da segunda. E para muitos eleitores entrevistados ocorrendo até o inverso, por conta do “viés de consistência” diante de um questionário que se inicia pelas perguntas eleitorais. Isso costuma ocorrer na fase final das campanhas. Não tão cedo como nessa eleição", diz Lavareda.

O percentual dos que classificam o Governo como “Ótimo ou Bom” (30%) fica um ponto abaixo da intenção de voto estimulada de Bolsonaro no primeiro turno. E o número dos que declaram “Aprovar” seu desempenho geral (34%) é idêntico ao das suas intenções de voto no segundo turno.

"Ou seja, temos um Governo e seu candidato firmemente ancorados em cerca de um terço do eleitorado. O que é suficiente como barreira de entrada quase intransponível para alguém da “terceira via” ingressar em campo, mas ainda pouco para virar o jogo contra o desafiante que lidera a partida".

Outros fatores positivos para Bolsonaro

Economia no rumo certo sobe dois pontos e vai a A 31%. Já a opinião de que está no rumo errado csiu um ponto, para 62%.

"Nessa dimensão (economia) o sentimento que em geral conta mais -no Brasil ou em outros países- é relativo à inflação. A soma dos que dizem que nos últimos meses os preços “aumentaram” ou “aumentaram muito” é de 95%, ou seja, a quase totalidade da amostra, mas recuou bastante a expectativa de aumento nos próximos meses. Em março, quando do super aumento dos combustíveis, 79% manifestaram seu pessimismo. Número que caiu dessa feita para 63%, o mesmo registrado em fevereiro".

ANÚNCIO DO “FIM” DA PANDEMIA E CARNAVAL FORA DE ÉPOCA FAZEM DESPENCAR O MEDO DA COVID

De acordo com os dados da pesquisa, em um mês, subiu de 48% para 59% o contingente dos que disem não estar com medo do coronavírus.

Os que ainda estão “com muito medo” são 11% (há um mês, 15%). E aqueles que referem estar “com um pouco de medo” saíram de 36% para 29%. Na esteira disso tudo, e ajudada pela distância em relação ao noticiário da CPI, melhora a avaliação do desempenho específico do Governo nesse front. O “Ótimo/Bom” sobe de 28% para 30%; e o “Ruim/Péssimo” recua de 54% para 51%.

Rejeição e segundo turno

De acordo com a pesquisa, Lula e Bolsonaro oscilam positivamente.

Lula foi de 53% a 54%, e Bolsonaro de 33% a 34%. No caso do atual presidente, é a primeira vez que alcança esse patamar nas pesquisas do IPESPE este ano. "É um sinal do progresso no esforço da campanha de reconectar-se com seus eleitores da disputa passada, e que agora se vê beneficiado pela ausência de desafiantes expressivos no seu campo ideológico. Vale lembrar que esses 34% no segundo turno - sobre o total do eleitorado - correspondem exatamente ao percentual que Bolsonaro obteve no primeiro turno de 2018".

Placar de rejeição e segundo turno

"Aqui, Bolsonaro, estável, segue à frente. Não votariam nele atualmente 61%; seguido por Doria, cuja rejeição voltou a cair dois pontos, para 55%; Ciro, com 44%, oscilou um ponto acima; Lula, 42%, perdeu um ponto; Janones permaneceu em 36%; Tebet recua um, para 34%; e Felipe D’Ávila manteve os 34% da rodada anterior. A diferença de rejeição Bolsonaro-Lula, de 19 pontos, é praticamente a mesma do cenário de segundo turno entre os dois", afirma.

 

Tags

Autor