caos na saúde

Candidatos ao governo criticam queda de parte do teto no Hospital da Restauração

Marília Arraes, Miguel Coelho e Raquel Lyra reclamaram das condições gerais dos hospitais

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Jamildo Melo

Publicado em 02/05/2022 às 20:07 | Atualizado em 03/05/2022 às 9:17
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A queda de parte do teto do Hospital da Restauração levou os candidatos de oposição a criticar a saúde do Estado com mais ênfase, nesta segunda.

"É desesperador ver o que acontece na saúde pública de PE e a omissão do governo", disse Marília Arraes.

"Pernambuco presenciou hoje cenas chocantes no Hospital da Restauração, no Recife, após parte do forro de gesso do teto da Unidade de Trauma desabar, na tarde desta segunda-feira (02), atingindo vários pacientes internados no maior hospital da rede pública do estado. Até o momento, mais de 65 pessoas precisaram ser removidas às pressas. Entre os pacientes, pelo que se vê nas imagens, vários estavam entubados", comentou.

"Essas imagens tristes e revoltantes mostram como o governo trata os pacientes e os profissionais de saúde que trabalham todos os dias nos hospitais públicos e demais unidades de saúde de Pernambuco. É estarrecedor uma tubulação de água romper, o teto cair e dezenas de pessoas terem suas vidas colocadas em risco por conta disso", afirmou Marília.

De acordo com a parlamentar, em um dos vídeos que circulam nas redes sociais é possível observar o desespero dos profissionais de saúde diante do resgate de um paciente que foi diretamente atingido pelos pedaços de gesso e que acabou tendo o tubo do respirador arrancado. Aos gritos, médicos e enfermeiros retiram o paciente do local anunciando que precisam refazer o procedimento de intubação imediatamente.

"É absolutamente revoltante ver uma situação como essa. É o total descaso com a vida das pessoas. Já faz tempo que ouvimos relatos diários, seja no Hospital da Restauração, no Barão de Lucena ou no Getúlio Vargas, sobre a falta de estrutura e os perigos de se trabalhar ou ficar internado nesses hospitais. Estamos falando de vidas!”, afirmou.

REPRODUÇÃO
TRANSTORNOS Havia mais de 80 pacientes na ala onde parte do teto caiu. Ninguém se feriu com o gesso - REPRODUÇÃO

Raquel Lyra se reuniu com entidades médicas e disse que desabamento de teto do HR é retrato do abandono na saúde

“Infelizmente o diálogo permanente não existe entre governo e municípios. O estado abriu mão de fazer o seu papel de coordenar a saúde. A gente vê o descaso que o povo enfrenta em todas as regiões de Pernambuco, mas é possível fazer diferente”, declarou a pré-candidata ao Governo do Estado, Raquel Lyra, nesta segunda (2), ao visitar o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) e o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). A tucana foi a primeira postulante a visitar as entidades médicas.

“Hoje, mais um reflexo do descaso ganhou o noticiário com as cenas lamentáveis do desabamento de parte do teto da maior unidade de saúde pública do estado, o Hospital da Restauração. As imagens são chocantes e revelam o cotidiano das unidades de saúde do estado que mostram como o governo não prioriza a saúde dos pernambucanos”, complementou Raquel.

Durante os encontros, foram debatidos assuntos como a superlotação e a estrutura dos hospitais, a falta de laboratórios, a atenção básica, o diálogo permanente com as entidades e a valorização dos profissionais de saúde.

“O sindicato sempre busca o diálogo e posso garantir que essa casa vai cobrar com seriedade e respeito. O que a gente pede é a condição de sentar e conversar sobre o serviço público que trabalhamos e sentimos o termômetro de como as coisas funcionam. Estamos abertos para essas discussões”, afirmou o presidente do Simepe, Walber Steffano, numa conversa com a pré-candidata.

O presidente do Cremepe, Maurício Matos, comentou. "É preciso que o governo tenha a coragem e a decisão de assumir a saúde em Pernambuco. Só em 2021 foram 400 unidades de saúde fiscalizadas e o que temos visto é a falta de estrutura nos hospitais que sofrem para atender a população. A atenção básica que existe no nosso estado ainda é muito deficitária. Falta compromisso! Infelizmente esses dados não são novidades. Eles se repetem em todas as regiões”, disse.

No Simepe, também participaram do encontro a deputada estadual Priscila Krause; o vereador do Recife, Tadeu Calheiros; a vice-presidente Ana Carolina Tabosa; o presidente da Comissão Estadual de Honorários Médicos de Pernambuco, Mário Lins; os diretores Sirleide Lira, Adilson Morato, Augustinho Machado, Robson Miranda, Eduardo Mendonça e a secretária-geral Cláudia Beatriz.

No Cremepe, acompanharam a visita o vice-presidente Mário Jorge Lôbo; os diretores André Dubeux, Mário Fernando Lins e Silvia da Costa Carvalho; as conselheiras Verônica Cisneiros e Zilda Cavalcanti, e a médica Paula Lyra.

Em nota oficial, Miguel Coelho lamentou a queda de teto do Hospital da Restauração

Miguel Coelho - ex-prefeito de Petrolina e pré-candidato a governador

Uma cena de terror. O que vimos acontecer hoje no Hospital da Restauração aperta o coração e nos faz perguntar como deixamos isso acontecer em Pernambuco. A queda do teto de um hospital desse porte é algo que nos envergonha nacionalmente, mas infelizmente é uma tragédia anunciada. Quantas matérias e vídeos já vimos sobre gente deitada nos corredores? Quantas vezes médicos, enfermeiros, técnicos e demais funcionários do HR, sob anonimato, já denunciaram o descaso com um dos principais equipamentos de saúde pública de Pernambuco?

Hoje, não foi uma peça de ficção. Vimos, chocados, a dura realidade do fracasso da política pública de saúde de nosso estado. Mais do que isso, assistimos ao desleixo com Pernambuco e, principalmente, com o povo mais simples que precisa de um atendimento humanizado, mas é obrigado a sobreviver na indignidade e no perigo.

Presto minha solidariedade às famílias dos pacientes que foram afetados por essa tragédia. Também manifesto meu sentimento de respeito a cada funcionário que trabalha em condições tão precárias, são heróis do cotidiano e do serviço público.

Esse triste episódio nos faz lamentar, mas também refletir. É tempo de tirar os pernambucanos dessa situação de indignidade e voltar a ter esperança e um pouco de respeito.

Anderson Ferreira: 'falta de compromisso ultrapassou todos os limites'

Pré-candidato pelo PL, Anderson Ferreira também se posicionou sobre as cenas que viralizaram nas redes sociais. O ex-prefeito de Jaboatão, presidente estadual do PL, criticou nominalmente o atual governador.

"A falta de compromisso do governador Paulo Câmara (PSB) com a saúde ultrapassou todos os limites. A falta de investimentos e de manutenção colocou em risco pacientes e profissionais que estavam no local. E o pior é que não se tem conhecimento público de que uma autoridade do governo estadual tenha ido pessoalmente ao local para assumir o comando da situação", disse Anderson Ferreira.

O pré-candidato apoiado por Jair Bolsonaro em Pernambuco, que nesse domingo esteve no ato realizado em apoio ao presidente na Avenida Boa Viagem, prestou solidariedade às famílias presentes no hospital.

"A expressão, aliás, é exatamente essa: falta comando no estado. E esse fato lamentável de hoje atesta isso. Profissionais trabalhando de forma precária e pacientes amontoados uns por cima dos outros sem qualquer preocupação por parte do poder público estadual. Temos que prestar a nossa solidariedade às famílias aflitas no meio de tudo isso e cobrar respostas", concluiu.

João Arnaldo: 'PSB abandonou o povo'

Pré-candidato pelo PSOL, João Arnaldo classificou o ocorrido como sintoma do que classifica como abandono. Além do governador Paulo Câmara, o representante de esquerda cobrou explicações do secretário de Saúde, André Longo, e do pré-candidato do PSB, Danilo Cabral.

"O que aconteceu no Hospital da Restauração hoje é um sintoma de uma realidade triste e desesperadora: corredores lotados, atraso em exames, estruturas precárias, profissionais exaustos e desvalorizados, o retrato do caos na saúde pública do Estado. O PSB abandonou o povo à própria sorte. O governador Paulo Câmara, o secretário de Saúde, André Longo, e o pré-candidato do PSB, Danilo Cabral, precisam se pronunciar. Mas não vão. Vão arranjar desculpas achando que o povo vai acreditar. Até a próxima calamidade bater na porta", disse João Arnaldo.

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