Orçamento do Recife para habitacionais foi cortado para menos da metade em 2022, diz Alcides Cardoso
O tucano citou dados do orçamento da Secretaria de Habitação para questionar as prioridades da pasta e criticou também a gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB)
O vereador Alcides Cardoso (PSDB) apontou, em discurso nesta terça-feira (10), na Câmara Municipal, que o orçamento para a implementação de projetos habitacionais da Prefeitura do Recife em 2022 foi reduzido em quase 60%, segundo dados da própria gestão no Portal da Transparência. O valor do orçamento para a área passou de R$ 24 milhões para R$ 10 milhões.
O vereador foi em busca dos dados em meio ao drama dos moradores das palafitas localizadas na Bacia do Pina após o incêndio no local.
“Esse dado mostra a má gestão do dinheiro público que poderia ser usado para acabar com o sofrimento dessas famílias, que correm risco diário ao morar nas palafitas. Ao consultarmos o Portal da Transparência da Prefeitura do Recife, vemos que o valor do orçamento de 2022 para a implementação de projetos habitacionais, dentro da Secretaria de Habitação, era de R$ 24 milhões. Mas esse orçamento foi reduzido para menos da metade, ficando em R$ 10 milhões. Um absurdo”, disse Alcides Cardoso, em informe ao blog.
O parlamentar disse que nenhum gasto foi feito até agora desse orçamento, que foi reduzido por meio de dois decretos do prefeito João Campos (PSB).
Segundo ele, o primeiro decreto, publicado no Diário Oficial do Recife em 10 de fevereiro, retirou R$ 6 milhões da área para reforçar o orçamento da ação de requalificação de espaços de interesse público, da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb).
O último, publicado no dia 31 de março, retirou R$ 7,9 milhões do orçamento para alocar no orçamento para a urbanização da Bacia do Beberibe, da Secretaria de Saneamento.
“Dinheiro tem, mas o que falta é a boa gestão dos recursos públicos. A situação piora quando vemos que nenhum centavo foi gasto desse orçamento até hoje. Um dinheiro que deveria ser destinado à construção de unidades habitacionais novas, para a requalificação dos que existem e a elaboração de projetos de habitação de interesse social. E já temos 16 meses de uma gestão de continuidade do que há de pior ao não entregar as moradias prometidas”, afirmou o oposicionista.
O tucano citou dados do orçamento da Secretaria de Habitação para questionar as prioridades da pasta e criticou também a gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB).
“A falta de prioridade da Secretaria de Habitação do Recife é uma marca das administrações do PSB desde o início do primeiro mandato de Geraldo Julio. De um orçamento total de R$ 48 milhões reservados para a secretaria em 2022, até o momento só houve o gasto efetivo de R$ 1,3 milhão. Entretanto, desse montante, R$ 700 mil foram utilizados apenas com folha de pagamento e R$ 460 mil somente com folha de terceirizados. O que nos leva à pergunta óbvia: para que está servindo a Secretaria de Habitação do Recife?”, disse o vereador, na fala.
"É preciso olhar além dos números do orçamento e ver o que a propaganda do PSB não mostra. Conheço essa triste realidade dos moradores das palafitas. No final do mês passado, estive novamente na Comunidade do Bode, também no Pina, próxima à área atingida pelas chamas. São pessoas que moram em condições desumanas e que esperam há anos que a promessa de irem para as unidades habitacionais bem perto dali seja cumprida. Até quando esse descaso com a vida das pessoas vai continuar?”, afirmou.
