Pisando leve

Marcha da Maconha do Recife está de volta às ruas neste sábado. Será a primeira sob Bolsonaro

Organização da sociedade civil retorna às ruas, após 2 anos de atividades virtuais; concentração é na Praça do Derby, a partir das 14h

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Jamildo Melo

Publicado em 20/05/2022 às 11:19 | Atualizado em 21/05/2022 às 10:21
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A Marcha da Maconha do Recife está de volta às ruas do Recife, após mais de dois anos de atividades apenas virtualmente, por conta das medidas sanitárias de prevenção ao Covid-19. O reencontro acontece neste sábado (21).

A concentração será a partir das 14h, na Praça do Derby, ponto de partida de manifestações públicas e coletivas da cidade.

Com o lema “Aperte o Verde Contra o Fascismo: A nossa luta é pelo bem viver”, a Marcha da Maconha do Recife ressalta a necessidade do Brasil retomar o caminho da construção da democracia, da cidadania e do fortalecimento dos direitos humanos e da seguridade social.

Neste ano, a organização da sociedade civil que congrega movimentos e ativistas antiproibicionistas de todo o Estado completa 15 anos de luta pela legalização da Cannabis sativa.

Desde 2008, realiza passeatas, atos e festivais, a favor da vida e das famílias das vítimas da atual política de drogas, pessoas que fazem uso e também as que não fazem uso de substâncias.

“Voltamos ao Mapa da Fome. São milhares de famílias vivendo abaixo da linha da pobreza. Não podemos normalizar essa situação. Tudo isso penaliza ainda mais a população que sofre as consequência da atual política de drogas”, afirma a comunicadora e produtora Fran Silva, uma das organizadoras da Marcha.

Os coletivos e entidades que compõem a MM do Recife divulgaram à sociedade o Manifesto Antiproibicionista, em que analisam o cenário atual e apontam soluções possíveis.

O documento pode ser acessado por meio do Instagram da Marcha (@mdamaconha).

“Entendemos a luta pela legalização como uma questão de saúde pública e coletiva. Reconhecemos que a maconha e outras substâncias não são proibidas pelo seu nível de periculosidade ou ameaça à saúde; e sim por questões econômicas, que passam por interesses da indústria farmacêutica, das armas e de grupos que lucram com o encarceramento”, ressalta um trecho do manifesto.

O ponto de dispersão da passeata será na Igreja do Carmo, na Avenida Dantas Barreto, no Centro da Cidade. Entre as atrações confirmadas, estão Calu, Bione, DJ Boneka, DJ Ciço, Mestre Almir e Som Na Rural.

Uso medicinal

Cresce o número de estudos e pesquisas que comprovam os benefícios do uso de derivados de maconha (CBD, THC, entre outros canabinoides) para doenças neurodegenerativas, convulsivantes, dores crônicas, epilepsia, transtorno do espectro do autismo, depressão, ansiedade, entre outras.

No Brasil até o momento, são 11 produtos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nessa categoria, mas não contemplam toda a população que precisa fazer uso da medicação por motivos financeiros, haja vista os altos valores.

Autocultivo

Em Pernambuco, há grupos que conquistaram Habeas Corpus para a própria produção domiciliar do óleo à base de Cannabis sativa, como o Coletivo de Mães Independentes. As associações de pacientes também progridem na busca de autorizações judiciais para o plantio coletivo em benefício de seus associados. A AMME (Associação Maconha Medicinal), ACOLHER (Associação Brasileira de Cannabis e Saúde) e CANNAPE (Associação Canábica Medicinal de Pernambuco) são algumas.

Beto Figueiroa/Divulgação
Manifestação na Rua da Aurora, no Recife, defende abertura lenta gradual e irrestrita - Beto Figueiroa/Divulgação

Histórico da MM do Recife

A Marcha da Maconha Recife estreou nas ruas do Recife em 2008. Nas primeiras edições, grupos políticos religiosos tentaram impedir na Justiça as pessoas de ocuparem a rua em favor da legalização e pelo fim da violência gerada pela atual política de criminalização.

"O direito à manifestação prevaleceu e a MM do Recife só deixou de ir às ruas em 2020 e 2021. Por conta da pandemia, ela aconteceu virtualmente".

 

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