Dom Phillips e Bruno Pereira

REPERCUSSÃO: entidades ligam morte de ativistas a governo Bolsonaro

Políticos e entidades internacionais reagiram à notícia do crime

Imagem do autor
Cadastrado por

Antônio Gois

Publicado em 16/06/2022 às 10:25 | Atualizado em 16/06/2022 às 10:25
Notícia
X

Durante esta quarta-feira (15), após a notícia do descobrimento dos corpos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, houveram diversas manifestações de políticos e entidades sobre o tema.

Já haviam declarações desde o desaparecimento dos dois, no domingo (5). Porém, nesta quarta, com a confissão do suspeito Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", e a descoberta dos restos mortais das vítimas, as reações foram mais duras.

Declarações:

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA), movimento indígena representativo dos povos que habitam na terra indígena Vale do Javari, emitiu nota de luto às famílias de Dom e Bruno.

"A UNIVAJA compreende que o assassinato de Pereira e Phillips constitui um crime político, pois ambos eram defensores dos Direitos Humanos e morreram desempenhando atividades em benefício de nós, povos indígenas do Vale do Javari, pelo nosso direito ao bem-viver, pelo nosso direito ao território e aos recursos naturais que são nosso alimento e garantia de vida, não apenas da nossa vida, mas também da vida dos nossos parentes isolados", diz a nota.

O Governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), também se pronunciou em relação ao caso.

"Lamento profundamente o triste desfecho do caso do indigenista Bruno e do jornalista Dom. Minha solidariedade às famílias. Agradeço a todas as forças de segurança, em especial aos nossos homens do Corpo de Bombeiros e das Polícias Civil e Militar, que foram decisivos na busca”, declarou.

Outro político que se manifestou sobre o crime foi Lula, pré-candidato petista à presidência. Em nota conjunta com Geraldo Alckmin, seu vice candidato, compartilhou:

"A confirmação do assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips é uma notícia chocante, que nos causa dor e indignação. Nossa primeira palavra é de solidariedade aos familiares, amigos e amigas do indigenista e do jornalista."

Ciro Gomes, apontado como uma 3ª via nas eleições deste ano, comentou em rede social:

"A forma brutal como os assassinos acabaram com as vidas de Bruno e Dom Phillips mostra que a omissão dos governos criou mais que um estado paralelo, fez nascer um versão cabocla do Estado Islâmico, dentro do nosso território."

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também se pronunciou através das redes sociais.

"É com enorme pesar que recebo a notícia de que foram encontrados os restos mortais do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips."

"Em respeito às vitimas, à Amazônia e à liberdade de imprensa, espero que todos os criminosos envolvidos sejam punidos com o rigor da Lei", comentou.

Organizações ambientais também se pronunciaram em relação a notícia do crime.

Apontando o Brasil como um dos países que mais matam ativistas ambientais, o Observatório do Clima lembrou casos de Chico Mendes e Dorothy Stang em nota compartilhada.

"É com tristeza e revolta que o @observatoriodoclima recebe a notícia de que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados no Vale do Javari."

"O Brasil, um dos países que mais matam ativistas ambientais no mundo, vê se repetir no Javari a tragédia de Chico Mendes, Dorothy Stang, João Cláudio e Maria e tantos outros que confrontaram e confrontam os criminosos que atormentam os povos e saqueiam a floresta na Amazônia", disse a organização.

O Greenpeace, uma das maiores ONGs do gênero, também se manifestou em sua página brasileira no Instagram.

Em nota, eles apontam a existência de uma política "anti-indígena" no governo Bolsonaro e afirmam que esta avança em "passos largos".

"Até quando aceitaremos um governo que cruza os braços diante de tamanha atrocidade? As mortes de Bruno e Dom não se tratam de fatalidades mas, sim, de um projeto criminoso do governo Bolsonaro, que abre alas para que atividades predatórias e crimes se reproduzam em plena luz do dia, e transformem a Amazônia em domínio particular do crime organizado, onde a lei não vale", declarou a ONG.

 

Tags

Autor