Estratégia de Bolsonaro no Nordeste pode estar dando certo

Bolsonaro perdia feio para Lula no Nordeste. Com o pagamento do auxílio Brasil e principalmente a lei para limitar o ICMS na gasolina, álcool e diesel, o governo federal, que busca a eleição, pode ter encontrado o furo no casco dos governadores do Nordeste, reduzindo a vantagem do ex-presidente Lula na região.

Em uma eleição polarizada, cada voto que Bolsonaro puder tomar de Lula no Nordeste terá importância no quadro geral. Não é a toa escalou ex-ministros para serem candidatos na região e defenderem o governo Federal.

Nesta semana que passou, pesquisas tem mostrado que a diferença entre eles vem caindo. A Paraná Pesquisa sobre a situação de Pernambuco vai na mesma linha, embora a diferença esteja na margem de erro.

Alagoas é um exemplo, terra do deputado federal Arthur Lyra, maior aliado de Bolsonaro, e também do senador Renan Calheiros, aliado de Lula.

De acordo com a pesquisa eleitoral da Paraná, Lula (PT) lidera intenções de voto em Alagoas, porém, a diferença para Bolsonaro (PL) está menor.

O pré-candidato petista alcançou 49,2% das intenções de voto contra 31,5% do atual presidente.

A vantagem ainda é expressiva, entretanto, ela está em queda.

Em maio, Lula tinha 23,6 pontos percentuais a frente. Em junho, a diferença caiu para 21,2 pontos. Hoje, são 17,7.

Em tempo: Lyra presidente a Câmara dos Deputado, que aprovou o Projeto de Lei Complementar 18/2022, classificando como essenciais os serviços relacionados a combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo com a finalidade de limitar em 17% a tributação do ICMS sobre esses itens.

Paulo Câmara candidato

Nesta linha, a estratégia de ataque de Bolsonaro no Nordeste se dá em duas frentes.

Na linha abaixo da cintura, começaram a circular pela dark social (zap principalmente) vídeos debochados culpando os governadores pelo preço na bomba de gasolina. Um deles nomeia todos os governadores do Nordeste e tem produção de campanha publicitária. Veja o vídeo abaixo.

Terá sido coincidência que tenha "viralizado" a imagem de um pernambucano comemorando a redução dando um banho de gasolina no próprio carro?

Na linha oficial, aliados bolsonaristas se revezaram esta semana atacando pessoalmente os governadores. Em Pernambuco, a situação é tão curiosa que parece que Paulo Câmara é candidato a reeleição. Danilo Cabral, o candidato oficial, é ignorado, muito provavelmente para não levantar a bola dele e para que a reprovação de Paulo Câmara supere a reprovação de Bolsonaro.

"Lamento que essa iniciativa (limitação do ICMS) não tenha partido do governo de Pernambuco. Não estou surpreso com a insensibilidade do estado, uma vez que todo o povo pernambucano já conhece a ganância arrecadatória da gestão Paulo Câmara e do PSB. Eles só sabem cobrar mais e mais imposto do trabalhador e do empreendedor pernambucano”, criticou, ainda em maio.

Nesta semana que passou, uma pesquisa da Quaest mostrou que o motivo que principalmente a redução do ICMS e o Auxílio Brasil foram iniciativas recentes que alavancaram a popularidade de Bolsonaro. Os votos estão sendo retirados dos indecisos, aqueles que nem votavam em Lula nem em Bolsonaro.

Em Pernambuco, até aqui, os socialistas não esboçaram reação aos ataques nesta linha e parecem estar deixando a poeira baixar.

Em ordem unida, não se sabe se de forma combinada, os aliados sentiram cheiro de sangue na água.

O União Brasil, de Miguel Coelho, foi ao TJPE pedir uma liminar, recusada com a argumentação de que partidos defendem interesses políticos e não interesses difusos da sociedade. Não levou, não deve levar, mas pouco importa para a propaganda política a tecnicalidade do judiciário.

Na Alepe, o líder da Oposição, Antônio Coelho, bate dia sim outro também, na mesma tecla.

A bem da verdade, a semente foi plantada desde maio, com a promessa de que limitar a cobrança do ICMS nos combustíveis e energia elétrica iria trazer alívio ao bolso da população.

"Uma medida necessária e anti-inflacionária que caminha na direção correta a fim de promover um alívio ao bolso da população, combatendo a inflação de forma salutar. Essa iniciativa vai forçar os governos estaduais a não cobrarem uma alíquota de ICMS maior do que a padrão, estabelecida hoje em 17%. Isso vai resultar numa qualidade de vida melhor e um alívio no bolso do pernambucano. O Congresso Nacional teve coragem e iniciativa de dar uma resposta às angústias da população”, dizia, ainda em maio, o deputado estadual Antonio Coelho.

Raquel Lyra, do PSDB, acabou a semana entrando no tema também, batendo em Paulo Câmara.

“Mais uma vez estamos tendo resistência do Governador de Pernambuco na redução do ICMS dos combustíveis. A decisão anunciada ontem é um corte pela metade ao que o consumidor tem direito. Diferente de vários estados brasileiros, como Paraíba, Alagoas e Ceará, o governador Paulo Câmara segue sem obedecer a lei federal que estabelece o limite de ICMS em 18% para gasolina e álcool”, afirmou.

Raquel disse que em vez de um corte R$ 0,94 na gasolina, como determinado na lei, a redução do ICMS trará uma redução de menos da metade, R$ 0,42.

“Em vez de fazer isso com a simples assinatura de um decreto, como poderia, enviou um Projeto de Lei que ainda será votado na Alepe. Na prática, está empurrando para frente esse corte completo, enquanto mantém a ação no STF para tentar barrar a redução. Paulo Câmara é ágil para aumentar a carga tributária e cobrar novos impostos. Para reduzir, é muito lento”, criticou a pré-candidata.

A votação do projeto na Alepe deve ocorrer até quinta.

Lula e a Petrobras

O PT não deixa por menos. Nesta semana que passou, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o desmonte da Petrobras e o descontrole nos preços dos combustíveis. Em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador (BA), Lula lamentou diretamente a privatização da Landulfo Alves, refinaria localizada no Recôncavo Baiano, símbolo da produção de derivados de petróleo por ter sido a primeira refinaria nacional, criada em 1950 e que teve a venda concluída em novembro de 2021.

Municípios

O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, nesta semana que passou, apresentou estudos quantifiando os impactos decorrentes de decisões tomadas em Brasília com perdas aos Municípios. Ziulkoski cita medidas e decisões junto ao Legislativo, Executivo e Judiciário e que impactam nas finanças municipais. "Para se ter noção do rombo, o levantamento mostra que o impacto corresponde a 16,7% do valor estimado da Receita Corrente Líquida dos Municípios em 2022. Os dados também serão divulgados por Estado (UF)".