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YANOMAMI: Lula faz relato emocionado sobre situação em Roraima: "genocídio"

Lula visitou aldeia Yanomami em Roraima e viu de perto a situação degradante desses indígenas

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Rodrigo Fernandes

Publicado em 22/01/2023 às 10:29 | Atualizado em 22/01/2023 às 11:34
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Na manhã deste domingo (22), o presidente Lula (PT) fez um desabafo sobre a situação dos indígenas da etnia Yanomami, em Roraima. O mandatário esteve ontem na região para conferir de perto a denúncia sobre os casos de desnutrição e falta de assistência médica que assola esses brasileiros.

"Mais que uma crise humanitária, o que vi em Roraima foi um genocídio. Um crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao sofrimento do povo brasileiro", disse o presidente.

Lula esteve na região acompanhado de uma comitiva de ministros, incluindo Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas, e Nísia Trindade, da Saúde. O chefe do Executivo passou cerca de duas horas na Casa de Saúde da zona Rural de Boa Vista. Ele afirmou que levará médicos para a aldeia.

Divulgação/Ricardo Stuckert/Ministério da Saúde
Lula visitou aldeia Yanomami, em Roraima - Divulgação/Ricardo Stuckert/Ministério da Saúde

"Adultos com peso de crianças, crianças morrendo por desnutrição, malária, diarréia e outras doenças. Os poucos dados disponíveis apontam que ao menos 570 crianças menores de 5 anos perderam a vida no território Yanomami nos últimos 4 anos, com doenças que poderiam ser evitadas", disse Lula.

O mandatário atribuiu a grave situação desses indígenas à gestão de Bolsonaro, e afirmou que a crise foi motivada pela invasão de 20 mil garimpeiros ilegais, "cuja presença foi incentivada pelo ex-presidente", afirmou Lula, dizendo ainda que os garimpeiros envenenaram os rios com mercúrio, causando destruição e morte.

"Uma das lideranças com quem conversei resumiu a tragédia: 'o peixe come o mercúrio, a gente come o peixe, a gente morre'. Por isso, repito o que disse durante a campanha, e digo novamente agora ainda com mais convicção: não haverá garimpo ilegal em terra indígena", declarou.

"Na Casa de Saúde Indígena Yanomami vi pessoas que saem de suas aldeias em busca de atendimento em Boa Vista e depois não conseguem voltar. Conversei com uma senhora que está há 6 meses à espera do transporte de volta, desesperada porque seus filhos ficaram na comunidade. Outro Yanomami, que trabalha como agente comunitário de saúde, me contou que foi a Boa Vista receber o salário e não consegue mais voltar para cuidar da saúde do seu povo. Isso precisa e vai acabar", continuou.

O presidente também afirmou que vai aumentar o número de voos e melhorar pistas de pouso nas comunidades para que aviões de grande porte consigam pousar, e que vai designar equipes médicas permanentes no local, para que as pessoas não precisem sair das comunidades para buscar atendimento na capital.

"Já ouvi que no Brasil há muita terra para poucos indígenas, e que indígenas estão ocupando o território brasileiro. Mas essas pessoas esquecem que em 1500 os povos originários eram donos de todo o Brasil. Nós é que estamos ocupando o que pertence aos primeiros habitantes do país".

"Não haverá mais genocídios. Povos indígenas serão tratados com dignidade. A humanidade têm uma dívida histórica com os povos indígenas, que preservam o meio ambiente e ajudam a conter os efeitos das mudanças climáticas. Essa dívida será paga, em nome da sobrevivência do planeta", finalizou o presidente.

YANOMAMI O QUE ACONTECEU

Reprodução/Ministério da Saúde
Povos indígenas da etnia Yanomami - Reprodução/Ministério da Saúde

A situação dos indígenas da etnia Yanomami ganhou repercussão após uma missão do Ministério da Saúde em Roraima, no início desta semana. Os técnicos resgataram crianças e idosos em extrema situação de desnutrição e em vulnerabilidade médica.

Crianças deixaram de ser atendidas e necessitam de suporte alimentar, vacinas e tratamento contra a malária e medicamentos, especialmente contra verminoses. As fotos da situação degradante circularam o mundo.

Na sexta-feira (20), o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública para enfrentar a situação.

O território é alvo de garimpo ilegal, que acarreta mazelas aos mais de 30 mil habitantes da região.

"Precisamos também responsabilizar o governo anterior por ter permitido que essa situação se agravasse ao ponto de a gente chegar aqui e encontrar adultos com peso de criança, e crianças em uma situação de pele e osso", disse a ministra Sonia Guajajara.

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