Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Informação e análise econômica, negócios e mercados

Como surgiu o slogan Pernambuco falando para o mundo

Publicado em 29/07/2018 às 12:32 | Atualizado em 26/07/2020 às 10:12
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Empresário que se dizia liberal, Francisco Pessoa de Queiroz apoiou abertamente os Aliados na II Guerra Mundial através do seu Jornal do Commercio. Terminado o conflito, obteve a concessão de uma rádio AM, inaugurada pelo presidente Dutra, no dia 3 de julho de 1948. Mas Dr. Pessoa não comprara simplesmente uma rádio. Numa negociação com a inglesa Marconi, ele trouxe a Pernambuco transmissores iguais aos que a resistência inglesa desenvolvera para acompanhar as tropas aliadas e que irradiavam notícias pelo continente ocupado.

Sempre houve suspeitas de que os equipamentos eram os mesmos transmissores usados na guerra e foram objeto de uma negociação combinada que, no futuro, traria ao Recife uma emissora completa de TV da mesma empresa inglesa, o nosso Canal 2. Dr. Pessoa morreu negando a conexão. O fato é que a Rádio Jornal do Commercio, 780 KHZ, prefixo PRL 6 nas ondas médias, e ZYK 2 e ZYK 3 nas ondas curtas, nasceu com o diferencial de uma antena montada sobre um pião que podia ser girado para redirecionar a emissão de ondas curtas para as Américas, Europa e África. Assim, a programação poderia ser captada nos aparelhos de rádio que já tinham a possibilidade de várias frequências. Nascia o slogan: Pernambuco falando para o mundo.

O que pouca gente sabe é que Dr. Pessoa, que anos mais tarde obteve a concessão de mais quatro difusoras, criou o slogan para se vangloriar da potência dos transmissores. Ele sempre pensou em usá-lo como uma poderosa ferramenta de negócios no mercado publicitário, pois seus representantes podiam afirmar que a nova rádio era capaz de ser ouvida em três continentes em tom alto e claro. Nasceu o marketing globalizado, que só 50 anos depois a internet tornou real. O que ancorava esse discurso era o depoimento de milhares de pessoas desses continentes, atestando ouvir a rádio em português e matando as saudades do Recife.

Marketing inovador

Dr. Pessoa tratou de publicar esses depoimentos nas edições do JC de domingo, com duas páginas de cartas e telegramas, confirmando o alcance da rádio. Nos anos seguintes, Dr. Pessoa replicou o modelo de palco auditório das emissoras inglesas e americanas com cast de artistas e orquestra, que catapultaram seu faturamento. Na área comercial, o empresário ganhara um diferencial de peso, obtendo anúncios nacionais que emissoras do Nordeste jamais tinham acesso pela baixa potência. Só a Jornal poderia se gabar de colocar “Pernambuco falando para o mundo”.  

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