Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Informação e análise econômica, negócios e mercados

O presidente tocou fogo

Publicado em 24/08/2019 às 20:30 | Atualizado em 24/08/2019 às 20:34
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Quem quiser que ache ruim, mas quem tocou fogo na questão do desmatamento foi o presidente da República Jair Bolsonaro. Desde a campanha. Ele se enrolou na bandeira nacional para dizer que tem ONG querendo tomar a Amazônia, que não existe desmatamento e vai por aí. O gesto do presidente – depois da posse – foi lido pelo pessoal da grilagem como um sinal verde, que havia uma Amazônia a ser ocupada. O modelo é conhecido: escolhe-se áreas contígua a áreas legalizadas; faz-se o desmatamento de dentro para fora, vendendo a madeira e, a seguir, se toca fogo. No ano seguinte, depois da temporada de chuva, a pastagem vira cultura de ciclo curto com capim para o gado. A atuação de cartório corrupto legaliza a nova propriedade. O que o presidente não entendeu é que esse pessoal não é o mesmo do agronegócio, que está há muito tempo nas áreas – que também já foi floresta ou cerrado – e que hoje produz grãos. É uma nova geração agricultores que já usa mais tecnologia nas culturas que a Embrapa e está buscando selo verde e até reflorestando. Quando o presidente não põe luz na atividade de ponta, o grupo marginal passa a entender que Bolsonaro está do lado deles e tome fogo e motosserra. Lança-chamas x mangueira d’água O problema é que, ao radicalizar sem definir quem é quem, ele juntou todo mundo contra. E aí, o seu governo, o Brasil e o agronegócio está sendo vítima da própria desinformação que ele espalhou globalmente. Agora, o fogo virou discurso verde de classe mundial. Mas o problema é que ele continua com o lança chamas ligado, em lugar da mangueira d’água. Vai se queimar mais do que já se queimou. A sabedoria popular ensina que só deve falar quando alguém quiser lhe ouvir. Hoje ninguém mais quer ouvir Bolsonaro. Briga no Brasil efeito lá fora O problema do discurso incendiário do presidente é que ele municiou a oposição interna e externamente. O discurso interno mira o enfraquecimento do governo. O externo, o negócio. O ruim dessa posição é que fomenta desinformação como do cultivo de milho e soja geneticamente modificados, exportação de rações baratas e rebanhos à custa da floresta tropical. Queimada não é incêndio de seca O que pouca gente percebe é que existe uma distância Transamazônica entre o fogo na floresta e do cerrado (efeito da seca) que queima plantação e intoxica cidades. Na Amazônia, o fogo serve para abrir clareira para o capim e depois o gado. No Cerrado e, na pré-Amazonia, é perda de produção e destruição de infraestrutura de produção.

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