Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Redução de nordestinos no Bolsa Família vira maldade de Bolsonaro contra "os paraíbas"

Inclusão de 100 mil novas famílias decorreu da saída de 185 mil famílias do programa em 2019.

Fernando Castilho
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Publicado em 05/03/2020 às 20:40 | Atualizado em 05/03/2020 às 22:07
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A moeda iniciou o mês em alta - FOTO: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Por Fernando Castilho do JC Negócios

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) optou por punir quem não tem como reagir aos atos do governo. Para quem se assustou com o fato do Nordeste ter sido contemplado 3.035 famílias das 100.020 feitas em janeiro no Programa Bolsa Família é importante não esquecer que a decisão de parar com as novas inclusões começou no segundo semestre do ano passado, ainda com Osmar Terra no ministério da Cidadania, que recebeu a determinação de dar uma parada geral.

O governo achou muito alto o número de 13.3 milhões de famílias e mandou passar um pente fino. Conversa. O número de pessoas que recebem o benefício irregularmente é risível para um programa que atende até 20% de toda a população do Brasil. Gente pobre, miserável e que usa esse dinheiro para comprar comida.

Para entender o alcance dessa atitude do presidente com “os paraíba”, como ele já se referiu aos nordestinos, é preciso entender um pouco da dinâmica da população que recebe esse dinheiro. Os estudos feitos pelo próprio ministério e pela Academia dizem que a dona de casa usa o PBF para assegurar proteína e carboidrato para seus rebentos. O dinheiro que consegue além do programa serve para as outras despesas.

Para quem não sabe o que é miséria, não tem ideia do que uma mãe de família poder ir dormir sabendo que na dispensa tem comida para o dia seguinte. Então, a ideia de parar o cadastramento chega a ser perversa porque estamos falando de comida na barriga de crianças.

Isso não quer dizer que incluir, como foram incluídas, 45.763 famílias do Sudeste e mais 29.308 no Sul, não seja importante, É. Mas é que no Nordeste a fome é maior.

Alguém que nunca passou fome pode dizer: Mas o Nordeste odeia Bolsonaro. No segundo turno das eleições, deu 69,7% dos votos para Fernando Haddad contra 30,3% para o presidente. No Sul, Bolsonaro conseguiu 68,3% dos votos contra 31,7% de Haddad. Tudo isso pode até ser verdade. Mas que diabos de governante é esse que decide atacar quem é tão miserável que não tem sequer como reagir?

O ruim dessa "decisão" de Osmar Terra que, aliás, mudou o seu comportamento de uma forma radical quando foi mantido no ministério de Bolsa Família em relação ao que tinha no governo de Michel Temer, é que o Bolsa Família - pelo seu alcance social - virou referência global. A não inclusão de mais gente é mais uma notícia ruim contra Bolsonaro em nível internacional.

O Nordeste, que concentra 36,8% das famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza na fila de espera do programa. Como a Região tem 939,6 mil famílias em situação de extrema pobreza (com renda familiar per capita abaixo dos R$ 89 mensais) sem acesso ao Bolsa Família isso quer dizer gente passando  fome. Além disso, temos 27% da população brasileira com 22,2% dela na faixa de pobreza absoluta quando no Brasil é 11% na média do País.

Mas quem disse que o presidente está preocupado com isso? Ontem, o site oficial do ministério da cidadania mostrava Onyx Lorenzoni, participando da transmissão de vídeo semanal do presidente Jair Bolsonaro, ao vivo, no Facebook.

No dia 20 de fevereiro, o ministro destacou os avanços do Bolsa Família "a partir do início do governo Bolsonaro e o ingresso de novas famílias no cadastro do programa". E esclarecia uma coisa bem interessante. As novas 100 mil famílias que ingressaram em janeiro no programa só tiveram acesso porque 185 mil famílias se emanciparam e adquiriram uma condição melhor deixaram o programa.

Ou seja, a inclusão no Bolsa Família agora depende no número de famílias que pediram para sair dele. O que no Nordeste é muito mais difícil que no Sul e Sudeste. O que configura uma política cruel para com a Região onde vivem os mais pobres do país.

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