Por Fernando Castilho do JC Negócios
Para quem não entendeu direito porque é que o Corona vírus - que atende pelo nome de Covi19 - e está impactando a economia global desde o final do ano passado, se acostumar com o termo “circuit breaker” dá uma confusão enorme na cabeça.
Porque é que no meio dessa tempestade de notícias sobre a repercussão na negativa economia global que, em janeiro, fez a China isolar uma metrópole com 12 milhões de pessoas e neste final de semana Itália isolar uma região com 30 milhões de pessoas, aparece esse tal de "circuit breaker" aqui no Brasil ?
Bom, para quem não está familiarizado com os termos que os caras do mercado de capitais usam na Bolsa, “circuit breaker” é uma parada geral quando as ações caem mais de 10% e todo mundo entra em pânico querendo vender os seus papéis. Tipo aquela música de Raul Seixas “pare o mundo que eu quero descer”. Pois bem: Hoje, pela manhã, todo mundo quis descer do mundo de ações. E por que todo mundo queria sair da Bolsa?
É aí que o presidente da Rússia, Vladimir Vladimirovitch Putin entra. Ou melhor, entrou desde a madrugada de domingo. O problema começou quando a Arábia Saudita - que é dona de um terço das reservas de petróleo de alta qualidade do mundo - propôs reduzir a produção para que os preços parassem de cair.
A gente no Brasil não tem muita informação, mas o fato é que como a produção mundial de petróleo está em alta, o consumo caindo (por força das energias renováveis), os preços estão caindo.
Só para dar um número. No mercado futuro, o preço do barril caiu ontem de US$ 65 para U$ 35. Os árabes querem um ajuste na produção. Mas é aí é que entrou o Putin. A Rússia produz petróleo, mas ganha dinheiro é com o gás de petróleo que ele vende para metade da Europa. Se ele atendesse aos árabes - que são os verdadeiros marajás do negócio -seria dar um tiro no pé da economia da Rússia que precisa desse dinheiro.
O presidente russo disse que não topava e aí a Arábia Saudita disse aos operadores que estava “liberando” as restrições de produção que ela mesma tinha se imposto. Dito de uma forma bem simples: vou inundar o mercado e os preços vai cair devido ao alto volume de produção.
E o que o Brasil tem a ver com isso ? Tudo! Porque o problema não é o preço do petróleo baixar de US$ 65 para US$ 35. O problema é o nosso ter baixando de US$ 18 para US$ 11. E aí alguém pode perguntar: E por que a Petrobras não pegar esse petróleo e transforma em gasolina e óleo diesel? Não é assim tão simples.
As nossas refinarias, acredite, forma desenhadas na década de 70 para processar os petróleo dos árabes. O nosso óleo, mesmo o do Pré-sal é de um tipo mais grosso e é mais barato no mercado internacional. Aliás, foi por isso que a refinaria Abreu e Lima foi construída para usar esse nosso petróleo.
Então, como a Petrobras vai precisar de muito mais dólares resultantes da venda do nosso petróleo para comprar o petróleo dos árabes, as ações dela despencaram.
Certo, mas ela tem tanta influência na Bovespa? Tem. As ações da Petrobras - junto com as da Vale e os grandes bancos - dominam as operações. Assim, quando ela cai como caiu hoje pela manhã em 20% levou as demais de arrasto. Foi tão forte que às 10h30h, as operações foram suspensas e só voltaram as 11h08.
E por que o dólar disparou? Isso também tem ligação. Quando a economia vai mal, o investidor sai procurando dólar. Porque a moeda americana é um porto seguro. No começo do século passado, as pessoas compravam ouro, mas hoje elas compram dólares para se proteger.
Agora imagine todo mundo querendo comprar dólar hoje pela manhã? Então, a explicação pode ser assim. Subiu porque todo mundo quer comprar dólar. E foi por isso que o Banco Central entrou vendendo US$ 3 bilhões para "esfriar" o mercado. Não deu um banho de água fria, mas baixou a temperatura.
Mas porque isso assusta tanta gente? Bom assusta porque a crise do Conona Vírus já estava derrubando as bolsas no mundo tudo. Então, uma briga de russos e árabes tem o potencial de atrapalhar toda a economia que já sofria com o efeito do Covid19. Lembra daquela expressão “em cima de queda, coice”. Pois bem! Temos isso hoje.
Então, se você junta o Covid 19, essa briga dos árabes e as declarações de Bolsonaro não tem economia que aguente. O Banco Central já prevê que não vamos chegar a 2% de crescimento. Assim a chamada tempestade e notícias ruins se formou.
Bom, o ministro da Economia, Paulo Guedes disse que o Brasil observa com tranquilidade a alta do dólar. Isso ajuda? Claro! O que ele tem que dizer isso. Imagina se ele dissesse que com essa crise o país vai ter queda de crescimento? Está certo e ele tem que dizer isso mesmo. E rezar para que o presidente não se meta a falar sobre economia hoje. Ou como diz a sabedoria popular. Se não você pode ajudar, não atrapalhe.
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