Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br

Informação e análise econômica, negócios e mercados

Pandemia, Covid19, Coronavírus, China, Itália

Covid19. Como seria um filme catástrofe sobre o novo coronavírus

Pandemia é argumento pronto para um filme sobre o novo coronavírus, mas que só seria exibido em plataformas streaming, já que os cinemas estariam fechados.

Publicado em 13/03/2020 às 7:11 | Atualizado em 13/03/2020 às 9:15

Por Fernando Castilho do JC Negócios.

O filme O dia depois de amanhã, dirigido por Roland Emmerich e estrelado por Arjay Smith e Austin Nichols, é uma das raras produções do cinema catástrofe em que os americanos não são a salvação da Terra. Embora sejam responsáveis por parte das alterações climáticas, a ponto de o mundo entrar em uma nova era glacial.

Na vida real, esta quinta-feira (12) pode servir como um bom roteiro para um novo filme nessa temática. Desta vez, tendo a geração de um novo coronavírus como pano de fundo de uma sociedade que entregou à China a função de manufatura do mundo.

Ao longo dos anos, a China foi assumindo protagonismo a ponto de, ano passado, estar processando em um único lugar 30% dos produtos, peças e componentes eletrônicos; 75% da produção mundial de brinquedos; 28% de insumos industriais e 70% de matérias-primas (princípios básicos) de medicamentos.

Essa posição que só se tornou visível aos olhos do mundo quando o novo vírus espalha a partir de uma cidade industrial, cujas conexões com a China, e a partir desta, com o resto do mundo, permitiu a difusão do novo agente contaminante em menos de 100 dias.

A cena de abertura do filme, baseado em fatos reais, é o reconhecimento do quadro de pandemia pela OMS (11 de março de 2020), porém revelando suas repercussões nos mercados no dia seguinte, quando as bolsas ao redor do mundo começam a processar os dados econômicos da parada da economia global, com os analistas de mercado estimando a volta à normalidade em, ao menos, seis meses.

Esse roteiro, naturalmente, deveria mostrar, em flashback (interrupção de sequência cronológica pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente), o gesto desesperado do médico Li Wenliang.

No dia 31 de dezembro de 2019, ele compartilhou num grupo de mensagens com os colegas do trabalho, um alerta sobre um vírus até então não identificado, altamente contágio. O doutor Li Wenliang morreu, em fevereiro como herói, não antes de ser acusado pelo governo chinês de divulgação de informação falsa.

Também seria necessário mostrar como Wuhan, a cidade chinesa onde surgiu surto de coronavírus e que foi isolada. Até então, desconhecida no mundo ocidental ela é conhecida coloquialmente como a "panela da China" por suas altas temperaturas, sobretudo no verão.

Wuha, porém tem várias zonas industriais e cerca de 230 das 500 maiores empresas do mundo. Suas conexões fazeram seu aeroporto internacional receber 20 milhões de passageiros/ano com oferece voos diretos para Londres, Paris, Dubai ou Nova York e... Milão na Itália.

Essa conexão direta com Milão acabaria se tornando um canal de transporte aéreo do vírus com milhares de chineses viajando em férias e negócios. Especialmente para Veneza. Isso acabou sendo o meio pelo qual o vírus chegou a Itália que acabou se tornando o segundo país com maior letalidade.

Uma cena dramática que não poderia faltar nesse novo filme catástrofe. Seria a situação de uma senhora na cidade de Borghetto Santo Spirito, na Itália. A proibição da retirada do corpo e da saída da mulher do local ocorreu devido às restrições de quarentena na região como em toda a Itália.

Um filme sobre o novo coronavírus também mostraria os gestos desesperados de governos como Israel - que fechou suas fronteiras - e acabou deixando judeus e palestinos que todos os dias cruzam as fronteiras e não puderam voltar para suas casas ainda que não tenham sinais de infeção.

Tudo isso até que o diretor da OMS, o etíope Tedros Adhanom, finalmente, decretar a condição de pandemia depois que mais de 4.300 pessoas haviam morrido com a doença instalada em 118 mil pacientes ao redor do mundo.

Algumas passagens não poderiam ficar de fora. Donald Trump fechando os Estados Unidos para entrada de estrangeiros sem proibir a saúde de americanos. Assim como a declaração desastrada de Jair Bolsonaro, em Miami, afirmando que “questão do coronavírus" não é "isso tudo".

Segundo ele, tratava-se mais de uma "fantasia" propaganda pela mídia mundial. Ironicamente, dois dias depois apareceu fazendo sua live com máscara após ter feito exames uma vez que seu secretário de comunicação Fábio Wajngarten o acompanhou aos Estados Unidos e esteve junto de Donald Trump adquirir a doença.

Mas nesse possível filme, o número de mortos só estaria no roteiro na véspera do lançamento. O dia depois de amanhã real seria chamado de Covid-19.

Ah, Só seria exibido em plataformas streaming, já que os cinemas estariam fechados.

LEIA MAIS TEXTOS DA COLUNA JC NEGÓCIOS

Últimas notícias