Por Fernando Castilho do JC Negócios
Texto foi publicado na edição do Jornal do Commercio de 14/03/2020
Agora que o governo federal e o ministério da Saúde começam a organizar o pacote de restrições para a circulação de cidadãos nas cidades cabem duas máscaras de conversa sobre que elo da cadeia produtiva vai sofrer mais. Quem vai pagar a maior parte da conta e como será possível traçar planos para reorganizar a economia depois que ela se desorganizar, como deve acontecer nos próximos meses.
A crise do Covid-19 primeiro vai piorar a economia para depois começar a melhorar. Com sorte, e uma melhor gestão, no segundo semestre. Dito de outra forma: a cadeia de produção industrial vai precisar ser parada para depois ser reativada.
De início, isso inviabiliza a economia informal, que precisa de gente na rua para subsistir. É quem processa e vende comida, presta serviços pessoais e empresariais de forma não regularizada e quem supre, de maneira informal, as cadeias formais da economia.
É o MEI, o microempresário, o prestador de serviço. Quem não é nem MEI, o homem ou a mulher que faz oferece pequenos serviços específicos eventuais e, é claro, as pessoas que vendem comida pronta e prestam serviços, como de beleza e cuidados a terceiros. Com as restrições de circulação e a permanência de pessoas em casa, toda a cadeia de suprimentos de serviços que trabalha para quem trabalha será paralisada.
A questão não será dramática no setor privado nem no público, que devem adotar estratégias como o home office. A crise da Covid-19 pegará um país onde mais de 50% da população economicamente ativa já não tem emprego formal para trabalhar e que, por isso, precisa estar nas ruas para obter renda. Um mercado que, se não deixar de existir, no mínimo, será suspenso por meses.
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