Por Fernado Castilho da JC Negócios
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou hoje, no Diário Oficial da União, uma portaria que suspende os efeitos de uma resolução de Diretoria Colegiada da própria instituição de 2002, que proibiu a venda de álcool a 70% de forma líquida, definindo que esse produto só poderia ter a venda em supermercados e mercadinhos com a graduação de até 46% que é indicado apenas para limpeza.
Foi essa decisão que abriu o mercado de álcool em gel, que custa até oito vezes mais que o álcool puro. O álcool gel é um composto de um produto químico chamado Carbopol que é o polímero acrílico utilizado como formador de gel (formador de gel aniônico) e espessante do produto e que tema a China como o único fornecedor do Brasil.
A nova resolução da Anvisa libera a venda nesses estabelecimentos de álcool etílico glicerinado 80%; álcool gel; álcool isopropílico glicerinado 75%, além do álcool etílico 70%. Com isso, a indústria de álcool poderá entregar a supermercados o produto já envasado para o consumo.
A portaria 350 da Anvisa define os critérios e os procedimentos extraordinários e temporários para fabricação e comercialização de preparações antissépticas ou sanitizantes oficinais sem prévia autorização da Anvisa em virtude da emergência de saúde pública internacional relacionada ao SARS-CoV-2.
Mas diz que as novas medidas se aplicam, exclusivamente, ao álcool 70% nas suas diversas formas de apresentação. A resolução tem validade de apenas 180 dias.
Atualmente a uma grande procura por álcool gel pela sua condição de antisséptico emergencial quando não é possível lavar as mãos com água e sabão comum, o tratamento ideal para assepsia.
A proibição de vendas pelas usinas de álcool a 70% abriu um novo mercado as indutoras de álcool gel que viram seu mercado explodir com procura de até cinco vezes mais que a capacidade de produção limitada pela importação do gel. Ele é fabricado nas províncias de Guangdong Jiangsu Shaanxi e Hebei onde a Hebei Guanlang Biotecnologia Co. líder especializada em produtos farmacêuticos intermédios, medicamentos veterinários dos produtos. Sua maior produção é exatamente a cidade de Wuhan onde surgiu o COVID-19 que paralisou a produção e só agora está retomando as vendas.
Na coluna JC Negócios de hoje do Jornal do Comercio um dos fabricantes de álcool a 70%, o empresário Jorge Petribu defendeu a suspensão da venda apenas a empresas de suprimentos médico e farmácias.
Segundo Jorge Petribu o problema começou que quando o atual senador José Serra foi ministro da Saúde proibiu a venda desse tipo de álcool 70% direto ao consumidor tirando das prateleiras dos supermercados e mercearias passando a venda exclusiva para indústrias, equipamentos de saúde e casas especializadas em produtos hospitalares.
Na pratica a única opção do álcool 46º (exclusivamente para limpeza) que não tem o poder esterilizante. O álcool 70º puro é mais eficiente que o álcool gel, pois atinge as partes mais difíceis de qualquer superfície, pois por ser líquido penetra com mais facilidade entre os dedos. Ele reclamou da indústria que estava proibida “porque o governo entendeu a população é rica e pode pagar pelo gel”. O coronavírus está cobrando caso do consumidor.
Antes da resolução da Anvisa a covid-19 desencadeou um movimento no Congresso para que a Anvisa permita a venda em supermercados e varejo do álcool acima de 54º já que o álcool que melhor desinfetante. O projeto já foi aprovado na Câmara.
A dificuldade de gel tem travado empresas como Raymundo da Fonte cujas fábricas estão rodando 24h com a linha de produção de álcool em dois turnos adicionais com previsão de terceiro turno em março.
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