Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Confisco do governo assusta empresariado que deseja colaborar no combate à covid-19

Empresários e dirigentes de suas entidades se queixam das dificuldades no encaminhamento dos pleitos. E reclamam das ações de confisco de mercadorias em lojas e industrias.

Fernando Castilho
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Publicado em 21/03/2020 às 17:51 | Atualizado em 21/03/2020 às 18:28
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Destilarias de Pernambuco vão doar 55 mil litros de álcool 70% para a rede de saúde do Estado. - FOTO: Divulgação

Por Fernando Castilho do JC Negócios

As ações do Governo do Estado usando um decreto especial para confiscar produtos em ao menos três empresas  - de onde foram levadas más caras e álcool gel sob promessa de pagamento posterior – assustaram o setor empresarial de Pernambuco que se mostra disposto a colaborar com o enfrentamento da covid-19

Eles se queixam de que, além de não terem sido procurados pelo governador ou por representantes do governo, viram declarações de representantes da administração insistindo na necessidade de arrecadação.

Na verdade, apenas o setor de turismo, cujo secretário Rodrigo Novaes disse que procurou o trade que já organizava um conjunto de demandas e o sucroalcooleiro, cujos empresários já estavam organizando a doação de 55 mil litros de álcool 70º, os contatos do governo com o setor empresarial se limitaram a incluir as entidades nos comitês crise sem um postura mais proativa no sentido de atender demandas e pedir colaborações nas ações de combate ao covid19.

Isso não quer dizer que representantes do governo mais próximos a secretários não tenham conversado, mas os empresários e seus dirigentes se queixam das dificuldades no encaminhamento dos pleitos. Na última quinta-feira, o secretário de Desenvolvimento, Bruno Schwambach chegou a dizer que a alternativa para combater os efeitos econômicos do novo coronavírus não é isentar, suspender temporariamente ou atrasar o pagamento de impostos.

E lembram a postura do governador do Ceará, Camilo Santana que estabeleceu uma linha de contato direto que já possibilitou a criação do movimento #SuperaFortaleza que está recebendo contribuições para a compra emergencial de lotes de respiradores que serão usados no tratamento de pacientes graves do covid19.

Se o setor sucroalcooleiro, especialmente por iniciativas dos empresários Gilberto Tavares de Melo e Jorge Petribu, além do presidente da entidade Renato Cunha, já conversaram com o secretário da Fazenda Décio Padilha, o setor farmacêutico recebeu a visita da Secretaria da Fazenda Procom e da PMPE.

O segmento que, entre outros itens, produz álcool gel, está preocupado com a ameaça de confisco de produtos como a que já a aconteceu com a empresa Luna Cosméticos, de Abreu e Lima de onde o empresário Marcos Figueredo Luma que recebeu a visita de equipes do governo levaram a produção de álcool gel que estava sendo feita para empresas de varejo. As equipes também estiveram na CD a Drogasil e fizeram apreensões.

No caso dos laboratórios, só depois da apreensão foi iniciada uma conversa com o presidente da AD-Diper, Roberto Abreu, no sentido de criação de uma linha de produção de álcool gel específica para atender as necessidades da Secretaria de Saúde nos próximos meses com a definição de compra de lotes do produto.

Os empresários propuseram que para ganhar tempo, o Estado de Pernambuco fizesse uma importação direta da China de Carbopol que é o polímero acrílico utilizado como formador de gel e espessante do produto e o repassasse para empresas do setor que receberiam pelo serviço reduzindo drasticamente os preços. A China é o único fornecedor do Brasil.

Os empresários, liderados pelo presidente do sindicato da entidade, Felipe Bezerra Coelho, que além de presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos, Medicamentos, Cosméticos e Perfumarias é diretor da Fiepe, sugeriram que essa importação direta combinada com a doação de álcool do setor sucroalcooleiro ganharia meses no processamento do álcool gel.

Mas o governo já sabe que o preço do álcool gel vai ser muito mais caro porque o preço no mercado internacional subiu de R$ 41,00 o quilo, para R$ 202,00 - se o importador comprar direto ou R$ 305,00 se compra de distribuidor no Brasil. A importação de Carbopol deve ser um dos itens que mais deve crescer com a crise do covid-19 nos proximos meses

No caso do Trade Turístico e do setor de comércio Varejista, depois das queixas,  existe uma nova reunião com secretários devendo na próxima semana haver encontros do secretário da Fazenda, Décio Padilha.

Uma reunião com o setor de comercio está sendo articulada, mas para discutir a questão do adiamento por três meses do ICMS e de impostos estaduais, embora já saibam que o governo resiste a qualquer postergação de prazos.

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