Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Como países desiguais vão enfrentar a covid-19 que tem comportamento global único

Alemanha possui cinco vezes mais leitos de cuidados intensivos com assistência respiratória, a maior da Europa. São 25 mil no total. A vizinha França possui 7.000 e Espanha apenas 5.000.O Brasil espera chegar a 10 mil leitos com respiradores no pico da crise da epidemia.

Fernando Castilho
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Publicado em 23/03/2020 às 23:00 | Atualizado em 24/03/2020 às 7:10
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Equipamentos vão para leitos no Hospital da Mulher - FOTO: Foto: Acervo JC Imagem

Por Fernando Castilho do JC Negócios.

No último fim de semana, a Prefeitura do Recife precisou acionar sua procuradoria para assegurar que 200 respiradores mecânicos permanecessem no Hospital da Mulher e que serão essenciais nos futuros pacientes graves na covid-19.

Felizmente, o TRF-5 acatou em parte o pedido do município para que a União se abstenha de se apossar dos ventiladores pulmonares adquiridos pelo município. Eles vão permanecer no HMR e a empresa fornecedora (Magnamed Tecnologia Médica S/A), não precisará atender à requisição da União.

Assim como Pernambuco foi buscar álcool gel em empresas na Região Metropolitana, parece claro que a União teve o mesmo comportamento do Governo que confirmou suprimentos. Não há indicações que a briga por suprimentos para atender aos pacientes fique apenas nesses dois eventos. Mas eles mostram como países como o Brasil vão enfrentar em condições desiguais uma pandemia que tem comportamento padrão e se reproduz da China à Itália ou do irã e da Alemanha.

E no caso do Brasil, a briga do prefeito com a União é um bom exemplo dessa desigualdade. E a Alemanha é um referencial igualmente interessante.

A Alemanha que tem até aqui uma letalidade muito baixa, mesmo sendo o sexto país com mais casos do novo coronavírus no mundo, uma das menores taxas de letalidade entre as 166 nações com registro da covid-19. São apenas 0,3%, um morto a cada 328 casos e 43 mortes para 14.138 casos de contágio até a última sexta feira.

Isso acontece porque a Alemanha possui cinco vezes mais leitos de cuidados intensivos com assistência respiratória, a maior da Europa. São 25 mil no total. A vizinha França possui 7.000 e Espanha apenas 5.000.

Isso faz uma diferença enorme e nos dá uma ideia de como será difícil no Brasil e em especial no Nordeste organizar o combate ao Covid-19. No meio da pandemia, o governo alemão quer duplicar sua quantidade, de respiradores. Ou seja, 50 mil leitos completos para atender sua população que é de 82 milhões de habitantes contra 210 milhões do Brasil.

A aposta em testes para detecção da doença também é um ponto levantado por especialistas como razão para a baixa letalidade por covid-19 na Alemanha. Eles estão testando o maior número de pessoas de toda a Europa.

Um outro exemplo é o Estados Unidos. Com um comportamento bem parecido com a China, os americanos exibiram, nesta segunda-feira, o local onde farão um hospital de campanha num Shopping Center com pelo menos 1 mil leitos para doentes graves todos abastecidos com respiradores.

A questão dos respiradores é emblemática. Ele é o equipamento básico para o tratamento da covgid19 que é uma patologia que ataca os pulmões. E os americanos exibiram sua capacidade de resposta como exibem seu arsenal militar. Aliás, será a Guarda Nacional quem vai implantar o novo hospital

E isso que nos leva para a realidade brasileira. O ministério da Saúde está mirando chegar a 10 mil leitos de UTI (com respiradores mecânicos) no auge da epidemia. É por isso que está monitorando onde tem o equipamento. Daí a briga com o Recife por apenas 200 deles na Justiça.

O problema é que junto com o respirador vem a questão de suprimentos. Ela se tornou uma questão central no mundo inteiro. Os Estados Unidos - como a nação mais rica do mundo - estão procurando máscaras e batas e macacões de proteção. O caso de Nova Iorque mostra a diferença entre uma nação rica e uma nação como o Brasil. Lá também falta suprimentos.

Os Estados Unidos são um bom exemplo de como o Brasil desigual vai enfrentar essa epidemia de forma desigual. A única a diferença é entre quem tem plano de saúde e quem não tem é evidente. No Brasil nós temos o SUS que poderá ser um diferencial para quem tem baixa renda.

Para quem tem plano de saúde, a maioria cobra os gastos e os serviços necessários para tratar as complicações do coronavírus. Mas isso não inclui a franquia - o custo que o paciente paga do próprio bolso antes que o seu seguro seja ativado.

Nos Estados Unidos, mais de 80% das pessoas com plano de saúde têm franquias e, no ano passado, a média anual de franquia para uma única pessoa nessa categoria era de US$ 1.655. Para planos individuais, os custos geralmente são mais altos.

A franquia média para um plano individual em 2019 custava perto de US$ 5.861 acordo com o Health Pocket. Nos Estados Unidos, a diferença de renda vai fazer sim a diferença entre a vida e a morte. E lá, 30 milhões de pessoas não tem nenhuma cobertura.

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