Por Fernnado Castilho, da JC Negocios.
Os números do governo de apoio às empresas para resistirem à covid-19 somam mais de R$ 345 bilhões. Os números do Banco Central, segundo anúncio do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, podem chegar a R$ 1,7 trilhão - embora a ação do BC seja mais de retaguarda dos bancos de modo a dar liquidez. Mas passados quase um mês das entrevistas da equipe econômica, o dinheiro simplesmente não chegou nas empresas.
Na verdade, enquanto a demanda por crédito explodiu nos bancos, as instituições passaram a ser ainda mais seletivas no atendimento das demandas, embora na publicidade na TV tenham reforçado a ideia de socorro.
Nos bancos públicos, o anúncio de liberação de verbas aos trabalhadores não atende a que precisam imediatamente seja pela força do calendário normal, seja por que as chamadas antecipações do 13º para aposentados do INSS só serão pagas no final de abril, assim como o acesso a novos beneficiários do Bolsa Família sé devem ser pagos. No mínimo daqui há um mês.
Além disso, as empresas somente em abril poderão deixar de pagar seus impostos, desde que a Receita Federal emita as portarias necessárias para assegurar a postergação. Isso sem falar que até agora anúncio de pagamento de R$ 200,00 para quem não tem qualquer benefício.
O problema é que, mesmo entidades representativas de classes pedindo prorrogação de prazo de tributos, isso não vai adiantar. Segundo ela, quando todos retomarem às atividades, haverá um passivo a ser pago, além das obrigações correntes. Os pequenos não aguentarão.
Segundo a advogada tributarista, Mary Elbe Queiroz, é preciso que haja um parcelamento/REFIS, sem juros e multas de mora e um prazo longo para pagamento dos tributos devidos dos próximos 3 ou 4 meses.
O problema é que o volume de dinheiro até agora anunciado pode ser classificada como “pífia” por um dos responsáveis pela criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, José Roberto Afonso, para quem a injeção de recursos anunciada pela equipe comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes ainda não sabe quanto custara a proteção dos trabalhadores mais vulneráveis e nos mais de 46,7 milhões de informais
Foi esse quadro de indefinições que fez o empresariado assustado com a inércia do governo federal - insistindo em fazer contas - a iniciar os processos de demissões de seus funcionários.
Sem acesso a crédito na ponta. Sem conseguir fechar suas negociações para garantir a efetiva postergação de seus contratos pequenas e médias empresas começaram a pedir ao departamento de pessoal a fazer as contas dos custos do envio de pessoal para trabalhar em casa, dos que com mais de 60 anoso ficarão em casa, das antecipações de férias e das demissões.
Pelas contas da Confederação Nacional de Serviços (CNS), os efeitos da pandemia do novo coronavírus e de restrições ao funcionamento de diversas atividades econômicas podem levar a um prejuízo de mais de R$ 320 bilhões à economia brasileira e demissões de 6,5 milhões de empregos
Isso reforça a pressão das lideranças empresariais para uma volta gradual das atividades como a do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, e que disse estudar propostas que possamos levar ao retorno gradual da economia.”
E de empresários com fácil acesso ao governo, como Abílio Diniz, presidente do Conselho de Administração da Península Participações, que virou porta voz voluntário do ministro Paulo Guedes revelando o ministério vai injetar R$ 600 bilhões para a retomada econômica do País.
O problema é que, na ponta, o empresário não consegue acessar o dinheiro anunciado ainda sem qualquer normatização que viabilize a o crédito. E sem poder contar com ajuda nem do banco que tem a conta da sua empresa a opção de demissão a cada dia se torna uma normal geral.
Isso sem falar de comentários como o do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, apoiando o isolamento social, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro feito num grupo de WhatsApp classificando de "muita bobagem é feita e dita, inclusive por economistas, por julgarem que a vida tem valor infinito. O vírus tem que ser balanceado com a atividade econômica."
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