Por Fernando Castilho do JC Negócios.
No final de 2019, as reservas internacionais do Brasil totalizavam, pelo conceito caixa, US$356,88 bilhões segundo relatório do Banco Central divulgado nesta quarta-feira (1º) revelando que comparado com 2018 houve queda dos valores. E 2018, o país acumulava reservas de US$374,72 bilhões.
Segundo o Banco Central, a principal razão para essa redução foi o conjunto de operações de intervenção no mercado à vista de dólar, realizadas ao longo do segundo semestre de 2019 quando a moeda americana começou a subir e o Banco Central trouxe uma parte do dinheiro para esfriar a cotação da moeda americana.
Mas o Brasil ganhou dinheiro com essas reservas. Em 2019, as reservas internacionais brasileiras apresentaram resultado positivo de 4,33%, medido pelo valor do dólar americano.
A explicação é que, ao longo do ano, ocorreu queda de juros nos EUA, consistente com o ciclo de afrouxamento monetário do BC de lá. Assim, a componente de juros que representou 4,25% de retorno positivo, rendeu ao Banco Central 0,08%.
No relatório o BC diz que a economia americana teve menor crescimento em 2019, apesar de manter seu mercado de trabalho aquecido. Os americanos experimentam as menores taxas de desemprego em 50 anos. Assim mesmo que o setor industrial tenha apresentado queda, enquanto o setor de serviços manteve seu aquecimento.
Foi o consumo doméstico que sustentou a demanda, e levou a economia a permanecer em estado próximo ao equilíbrio de pleno emprego ao longo do ano sem apresentar pressões inflacionárias, mesmo com o desemprego baixo e as altas de tarifas sobre produtos importados.
O relatório mostra que o Brasil assim como a maioria dos países ancora seus investimentos em títulos do tesouro americano. Em dezembro de 2019, a alocação por moedas das reservas se dava da seguinte forma: 86,77% em dólar norte-americano, 7,35% em Euro, 2,11% em libra esterlina, 1,73% em iene, 0,94% em ouro e 1,10% em outras moedas.
Com essa decisão, o Brasil obtém 100% do hedge (proteção) cambial de sua dívida externa soberana e da dívida externa bruta, nas moedas com posição de dívida não residual.
Em dezembro de 2019, o Brasil colocava 93,03% de seus investimentos internacionais em títulos governamentais; 1,78% em títulos de agências; 1,63% em depósitos em bancos centrais e em organismos supranacionais.
O BC ainda aplicava 1,04% em Fundos de índices comercializados como ações em bolsas de valores (EFTs) de índices de ações; 0,86% em títulos de organismos supranacionais; 0,41% em depósitos em bancos comerciais; 0,15% em ETFs de Títulos de renda fixa garantidos por coleções de hipotecas ou empréstimos imobiliários (US MBS); e 1,12 % em outras classes de ativos, como ouro e títulos de governos locais.
O relatório do Banco Central destaca que a política monetária americana, que vinha de sucessivas altas de juros em 2018, foi revertida frente à inflação abaixo da meta e às perspectivas de desaceleração da economia americana e global.
Além disso, a economia chinesa continuou em seu processo de desaceleração de longo prazo. E o conflito comercial com os EUA terminou por diminuir ainda mais o crescimento de sua indústria.
Na Zona do Euro tivemos mais incertezas e diminuição do crescimento do comércio internacional, bem como a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) dominou a discussão política e econômica naquele país, aumentando ainda mais a incerteza dos agentes quanto às regras de comércio internacional e arrefecendo o investimento
Finalmente em 2019, tensões políticas foram observadas ao redor do mundo, em diversos locais, sendo mais um fator de incerteza para a economia global. Protestos significativos ocorreram em Hong Kong, no Líbano, no Iraque e em diversos países da América do Sul, como Chile, Bolívia, Peru e Colômbia.
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