Por Fernando Castilho do JC Negócios
No mercado de palestras, esse que empresas, governos e políticos contratam para defender seus interesses, tem uma expressão que poucos de fora conhecem que é a tecnologia WPP+E.
WPP+Em é, na verdade, uma sigla que resume as iniciais dos programas Word, PowerPoint e Excel da Microsoft com a qual é possível apresentar, com aparência de profunda credibilidade, qualquer assunto.
O ProBrasil, apresentado nesta quarta-feira, pelo general Braga Neto que o encomendou ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, é bom exemplo do que pode ser possível com a tecnologia WPP+E.
Ele mostra que a iniciativa de aprimorar todas as ações em favor do desenvolvimento da infraestrutura nacional é um ajuntamento de ações que o ministério da Infraestrutura já toca, com o objetivo de após a crise - que certamente virá nas contas nacionais - sua pasta segurar o que está previsto no OGU e no PPA 2020/23.
A apresentação diz em letras maiúsculas “NÃO HAVER CORTES NO ORÇAMENTO 2020”; que haverá “RECURSOS PARA ATENDER PRINCIPAIS OBRAS DE CONSTRUÇÃO EM ANDAMENTO”; que a União deve “COMPLEMENTAR RECURSOS PARA ATENDER OBRAS PRIORITÁRIAS DO GOVERNO FEDERAL” e que esteja garantido que o governo vai “COMPLEMENTAR RECURSOS PARA ATENDER ADEQUADAMENTE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO”.
Ora, isso é paraíso de qualquer ministro seja ele desenvolvimentista, liberal, socialista ou comunista. Imagina conseguir incluir todas as rubricas que a pasta precisa e o caixa do governo federal assegurar a verba?
Houve durante essa quinta-feira, uma extraordinária tempestade de discussões teóricas sobre desenvolvimentismo e liberalismo, mas no fundo esse plano do ministro Tarcísio Freitas é um “habeas corpus”, para sua pasta fazer o que está planejado antes da condiv-19. E que ele deseja está fora de qualquer corte.
Está tudo escrito lá: R$ 20,6 bilhões, para 65 rodovias até 2013, gerando 769 mil empregos? Inserido no PPA 2020/2023; R$3,3 bilhões para 42 sistemas aquaviários, gerando mais 55 mil empregos? Inserido do PPA 2020/2013. Assim como R$ 1,1 bilhão, para 35 obras aeroviárias e R$ 3,9 bilhões, para 7 ferrovias.
No Plano Plurianual, o total de R$ 29 bilhões já está previsto. O que Freitas fez foi inserir o dado de geração de 1 milhão de empregos.
Claro que ele incluiu a necessidade de suplementação de verbas de mais R$ 3,086 bilhões que daria muito mais folego. Está errado? Não. O papel de um ministro de infraestrutura é buscar verbas para fazer e concluir obras. Então, que temos no ProBrasil é uma apresentação bem montada com a tecnologia WPP+E.
Agora, tem um aspecto importante. Ele pune mais ainda no Nordeste. Nos quatro eixos o Nordeste, com exceção da Bahia, não tem praticamente nada.
Na área ferroviária, por exemplo, só a ferrovia Caetibé – Figueirópolis (BA-TO). Nas obras aeroviárias, o investimento é apenas nos aeroportos de Patos (PB) e Aracati (CE). E na área de empreendimentos aquaviários apenas o terminal salineiro de Areia Branca (RN) foi incluído e a recuperação nas hidrovias doRio Parnaíba, no Maranhão.
Até mesmo na área de rodovias, só estão no ProBrasil, apenas obras nas BRs 101, 116, 135 e 226. E em Pernambuco, por exemplo, só tem a conclusão das obras de BR-104 que liga caruaru a Santa Cruz do Capibaribe.
Então, atenção bancada nordestina. Esse projeto não tem nada de extraordinário para o Nordeste. Apenas um olhar maior para a Bahia. Mas nada de muito grande para a Região.
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