Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios
No Diário Oficial desta quarta-feira está a nomeação do novo superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que administra o Metrorec. Carlos Fernando Ferreira da Silva Filho foi indicado por André Ferreira (PE), líder do PSC na Câmara. Vai substituir Tiago Pontes Queiroz, indicado de Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que estava no posto há poucos meses. É o quarto em menos de um ano.
O Metrorec, com se sabe, é uma caso exemplar de falta de verbas, má administração e ineficiência, resultado de um processo de sucateamento que vem se arrastando há décadas e, portanto, um cargo que nenhum servidor mais qualificado desejaria assumir. Mas André Ferreira e Costa Filho se engalfinham há meses pelo cargo.
Não é um caso isolado. Apenas mostra o baixo nível a que deputados chegam para poder nomear alguém para um cargo que seria de sexto escalão. Mas também reflete o que a acontece hoje com deputados do Centrão, em sua maioria do Nordeste, cujas lideranças regionais que estão desesperados para ocupar algum espaço no governo Bolsonaro. O que não se sabe é porque o nível de nomeações da Região baixou tanto.
O presidente disse, nesta quinta-feira, que não ofereceu a partidos o comando de nenhum ministério, presidência de banco ou estatais.
É verdade. Com o nível de desconfiança que ele tem do Centrão, é pouco provável que algum deles tenha, numa roda de conversa aberta fazer um pedido de qualquer cargo sob o risco de, no futuro, ser exposto pelo presidente quando não votar de acordo coo m Palácio do Planalto.
Mas para a Imprensa o governo vazou uma lista de cargos que constrange especialmente os deputados do Nordeste que estão nesse grupo, e em alguns casos, comandando os partidos.
Não há pedidos, por exemplo, uma diretoria da Caixa Econômica, Banco do Brasil e BNDES. Não há nenhuma atenção com uma secretaria de um ministério da Agricultura, Infraestrutura ou para presidência do IPEA ou do IBGE. As demandas, se verdadeiras, se concentram em lugares que podem ter algum potencial ajudar as bases desses deputados na Região.
Por que diabos um deputado ou partido de São Paulo ou do Paraná teria interesse em indicar o presidente do FNDE, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)?
Bom, o FNDE é responsável pela maioria das ações e programas da educação básica. Mas tem previsão orçamentária de R$ 52 bilhões.
O interesse dos partidos é porque o professor Carlos Alberto Decotelli da Silva, então presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) por seis meses passou 23% do tempo como chefe da pasta viajando.
Ficou 200 dias no cargo, mas esteve ausente do órgão 38 vezes. Ganhou o cargo depois que se chegou ao governo de transição, entrou na equipe do presidente depois dar expediente voluntário no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.
A administração era considerada um desastre. Nem o ministro Abraham Weintraub está insatisfeito com o trabalho de Decotelli daí o interesse dos deputados pelo fundo. Em setembro foi substituído por Rodrigo Sérgio Dias. Com o apoio do PP, do líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)
Outro cargo é o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. O Dnocs é um caso interessante de um órgão que foi envelhecendo e pouca gente sabe o que entrega. Mas tem um orçamento de R$ 32,22 bilhões.
O Dnocs criado, em 1909, pelo Presidente Nilo Peçanha, foi o primeiro órgão a estudar a problemática do semiárido. Até hoje entregou pouca coisa além e açudes e barragens. Mas deputados do Nordeste sempre estão de olho nele.
O seu diretor-geral, José Rosilônio Magalhães de Araújo foi indicação do deputado federal cearense, Genecias Noronha (SD) que tirou Ângelo Guerra, ligado ao MDB do Ceará.
Outro pedido é para a Codevasf. A história da Codevasf está associada à importância do Rio São Francisco. Nasceu em 1948 e cuida do Projeto São Francisco. O Diretor-presidente da Codevasf, Marcelo Andrade Moreira Pinto, foi indicado pelo líder do DEM, Elmar Nascimento (BA).
Mas nada provoca tanto interesse como o Banco do Nordeste. O BNB é uma espécie de reserva do Ceará. Os grupos políticos do Estado, independentemente de legendas, não renunciam a poder indicar o presidente.
A disputa em torno do Banco do Nordeste (BNB) desperta a cobiça de lideranças partidárias pelo seu comando há décadas. Com sede no Ceará e responsável pela maioria dos financiamentos na Região, o PP e o PSL brigam pela indicação de nomes para presidir o banco.
O líder do PL na Câmara, o paraibano Wellington Roberto é apontado pelo Centrão como o padrinho da indicação do advogado Júlio Cezar Alves de Oliveira para a presidência do Banco do Nordeste.
O deputado federal pelo PSD e coordenador da bancada do Ceará, Domingos Neto também quer indicar o sucessor de Romildo Carneiro Rolim que foi indicado pelo então presidente do Senado, Eunício Oliveira. A briga continua.
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