Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios
Depois de um desempenho medíocre em 2019 ( crescendo apenas 1,1%), quando o mercado esperava, pelo menos 2,5%, o presidente Jair Bolsonaro parece condenado a entregar ao seu sucessor, ou se entregar no caso de um eventual reeleição, uma série de PIBs negativos com uma série negativa iniciada em 2020 com queda de 4,7% segundo estimativas do ministério da Economia divulgadas na manhã desta quarta-feira.
Os reflexos disso na sua popularidade o tempo dirá, embora a última pesquisa CNT MDA aponte uma queda na avaliação positiva (boa ou ótima) para 39,2% dos entrevistados, enquanto seu desempenho é reprovado por 55,4% das pessoas ouvidas. Outros 5,4% não sabem ou não quiseram responder. Mas parece claro que a performance de seu governo na área econômica está dada.
Se as previsões da equipe econômica liderada por Paulo Guedes se efetivarem além da queda de 4,7% do PIB em 2020, o Brasil terá uma queda de 2,4% em 2021 e outra queda de 1,0% em 2022 quando ele disputará a reeleição.
É um cenário completamente diferente de quando assumiu em 2019 quando o mercado estimou um crescimento de 2,5% alimentada pela expectativa de um governo de ruptura econômica com a proposta de um governo liberal e promessa de redução dos gastos públicos a partir das reformas da Previdência, Tributária e Administrativa num prazo até dois anos.
Bolsonaro assumiu com uma taxa de crescimento de 1,3% que o mercado acreditava que seria ampliada embora nos dois últimos trimestres de 2018 o Brasil tivesse uma curva de crescimento descendente.
Na verdade, Michel Temer estava entregando um governo prejudicado pelas denúncias contra o presidente feita dentro do turbilhão da Lava Jato feitas pelo empresário Joesley Batista. E embora não tenha tenham sido comprovadas na Justiça, erodiram todo o capital político de temer para não ser afastado do governo.
Em 2017 Temer conseguiu entregar um crescimento de 1,3%, mas já sofria o impacto da perda de confiança no mercado provocada pela batalha no Congresso.
A vitória de Bolsonaro renovou as expectativas dos mercados e do empresariado que apostou suas fichas na capacidade de Paulo Guedes rapidamente aprovar as reformas já no primeiro semestre ano de governo engatando a reforma tributária no segundo.
Mas as intervenções do presidente numa série de embates políticos, de gêneros e internacionais foram fragilizando o debate das reformas, bem como os avanços da equipe econômica nas outras pautas que não avançaram como o esperando.
Apenas o setor agropecuário respondeu a altura do desafio consolidando o Brasil como líder de ao menos cinco das dez comodities do mercado de alimentos sustentando o crescimento.
O relatório do Governo apresentado nesta terça-feira mostra a mesma aposta na agropecuária, mas os cenários são completamente diferentes por força da convid-19. O relatório lembra que em 9 de janeiro a previsão de crescimento do PIB era de 2,40% que baixou para 0,02% em 17 de março quando a epidemia se instalou e agora -4,7%.
Mas o relatório do Governo tem um dado mais preocupante. Mostra uma queda de mais de R$ 200 bilhões em mais comparado a março e uma expectativa de déficit de R$ 87,8% em março que evoluirá para R$ 571,4 bilhões agora em maio. Isso fará a nossa dívida pública chegar a 90% do PIB do ano.
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