Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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O presidente politizou a cloroquina

Nelson Teish é mais uma teima de Jair Bolsonaro. E vão sair todos os ministros que se disserem contra o uso da cloroquina.

Fernando Castilho
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Publicado em 15/05/2020 às 14:55 | Atualizado em 19/05/2020 às 10:41
EVARISTO SA/AFP
"Acho que não vai vingar esse projeto, não", disse Bolsonaro - FOTO: EVARISTO SA/AFP


Diz a sabedoria popular que você pode tudo, menos debater uma pessoa que gosta de teimar. Você pode até concordar com ele, mas ele vai discordar só para continuar teimando. Vira um padrão psicológico.
O presidente Jair Bolsonaro decidiu teimar com a cloroquina. Ele ouviu alguém dizer que a cloroquina curava o covid-19. Achou que tinham descoberto a roda da pandemia.

Naturalmente, depois as pessoas foram lhe dizendo que não era bem assim. Não era uma solução que o sujeito vai na farmácia compra, toma e está livre. O problema é que ele teima. E aí virou uma questão de honra.

E como em todo governo tem sempre um grupo de assessores mirando subir de escalão logo apareceram os profetas da cloroquina. Gente que está disposta a ser serviçal do governo seja ele da tendência que ele seja. Então surgiu o batalhão que receita cloroquina até para dor garganta.

Quem já tomou cloroquina sabe que o remédio é uma desgraça. Tão toxico que tem com associar a antibiótico. Tem um monte de efeito colateral. Tanto que os médicos prescrevem dento do UTI num ambiente controlado. E mesmo assim não tem evidências de que ajuda salva a vida do paciente. Mas vai dizer isso ao um sujeito que teima?

Então, a saída de Nelson Teish é mais uma teima de Jair Bolsonaro. E vão sair todos os ministros que se disserem contra o uso da cloroquina.

Bolsonaro entende que tem que sair usando já na farmácia da esquina. Compra uma caixa de 30 comprimidos, toma e pode sair feliz da vida.

Bolsonaro se aproveita de uma frase do Conselho Federal de Medicina, reinterpreta ao seu entendimento e sai prescrevendo o remédio mesmo sem ser médico. Ele até sair dizendo que não é médico, mas como presidente pode prescrever o medicamento.

O problema de Teish é que ele achou que era a chance de sua vida. Pensou que iria moldar Bolsonaro e virar o car que organizou o combate a pandemia no Brasil.

Estava desinformado. Não sabe nem como chegar ao gabinete se pegar o elevador de serviço do prédio do ministério. E viu que o presidente tinha ministério. Mas aí já era tarde. Não mandava em nada que os seus assessores não aprovassem. Virou motivo de gracejos. Ninguém o levada a sério.

Ele aproveitou a desculpa da cloroquina para sair. Tentar salvar parte da biografia que sujou em apenas um mês. Teish teve a chance de recusar e sair dizendo que não foi porque não quis. Mas vai dizer isso a um médico que já se julgava no topo da carreira?

Então, importa pouco quem vai para o ministério da Saúde. O presidente vai continuar prescrevendo a cloroquina seja quem for o ministro da saúde. O presidente vai continuar teimando. E andando com uma caixa de cloroquina no bolso.

Naturalmente fazendo a festa dos dois laboratórios que produzem cloroquina e que já estão triplicando a produção com reajuste de preço e lista de gente querendo comprar. Ate porque se Bolsonaro tem o apoio de 20% da população isso quer dizer um mercado de pelo menos 40 milhões de clientes em potencial. Vai vender mais do Dorflex, o medicamento mais vendido no Brasil e que sozinho vende R$ 500 milhões por ano.

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