Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Campos Neto, do Banco Central, foi única voz lúcida numa reunião de aloprados

A governança é super importante, especialmente com investidores internacionais, onde identificou que o maior problema que aparece em toda conversa no Brasil com o investidor privado.

Fernando Castilho
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Publicado em 24/05/2020 às 19:00 | Atualizado em 24/05/2020 às 19:39
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Campos Neto foi premiado na categoria Global e Américas - FOTO: Foto: José Cruz/Agência Brasil

Por Fernando Castilho, do JC Negócios

Economista graduado e com especialização em finanças, ambas pela Universidade Califórnia, certamente para Roberto Campos Neto, terceira geração de um dos economistas mais famosos do Brasil, quando seu avô atuou no Ministério do Planejamento durante os anos 60, a reunião do dia 22 de abril deve ter sido uma das mais constrangedoras situações que enfrentou.

Para um profissional de finanças que, desde 2003 atua na área de alta finanças chegando a Diretor de Mercados do Banco Santander, de onde saiu para presidir o Banco Central do Brasil, o encontro pelo baixo nível deve te-lo chocado.

Naquela manhã, ouvira o ministro da Fazenda, Paulo Guedes dizer que “tem que vender essa porra logo” ao se referir ao Banco Brasil. O presidente da instituição dizer que o “Tribunal de Contas é, hoje em dia, é uma usina de terror” e o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, garantir que iria “pegar minhas quinze armas” e que iria “matar ou morrer” se a sua filha de 14 anos fosse forçada a entrar num camburão da polícia acusada de algum crime.

Entretanto, Campos Neto deu uma importante contribuição ao debate ao traçar um quadro sobre as ações do Banco Central nas reuniões com banqueiros centrais de vários países do mundo onde pôde verificar que o tema da governança em relação ao Brasil é super importante.

Especialmente com investidores internacionais, onde identificou que o maior problema que aparece em toda conversa sobre o Brasil com o investidor privado porque no passado, “toda vez que investidor privado entrou teve muita sacanagem”.

Campos Neto esclareceu que no fim do governo Dilma, a taxa de juros era 14,5% ao ano no curto prazo. Mas a taxa longa prazo chegara a 20%. E que ela caiu quando no dia 18 de agosto de 2015, quando saiu a manchete de que o Brasil teria um teto de gastos, a taxa de longo prazo começou a cair.

Ele lembrou que quando no governo Temer o presidente do Banco Central (Ilan Goldfajn) assumiu e fez ela caia 6,5% ela se estabilizou e que a taxa só voltou a subir diante da incerteza das eleições com a incerteza do PT poder voltar.

O que o presidente do BC disse naquela reunião foi explicado na JC Negócios, no Jornal do Commercio deste sábado, pelo o economista e partner, da Mont Capital Asset, Thobias Silva esclarecendo que embora a taxa Selic esteja em 3% ao ano, as empresas que estão tomando crédito para prazos mais longos já estão pagando IPCA+5% o que significa que a taxa dos contratos é de ao menos 8%.

O movimento reflete as expectativas do mercado bancário quando ao Brasil daqui a 10 anos que serve de base para trazer a valor presente os valores dos contratos. É um movimento inverso ao do começo do começo do governo Michel Temer quando a Taxa Selic estava em 14,5% e os bancos cobravam taxas de 6% nos contratos futuros.

Campos Neto explicou quando o governo Bolsonaro assumiu, a taxa continuou a cair porque que isso se deve ao fato da sociedade e o mercado ter entendido que o governo ia ter disciplina em relação às contas públicas.

Foi quando Jair Bolsonaro, num raro momento de lucidez, interferiu para dizer. “Então, você está dizendo aí que, não só a Selic, bem como a taxa de longo prazo, nós devemos, basicamente, à PEC do teto, é isso?” Sim presidente, “estou dizendo exatamente isso”, disse Roberto Campos Neto.

Ele prosseguiu dando uma aula sobre o que nos espera, embora entre os presentes poucos tenham percebido quanto era importante quando ele foi esclarecendo que hoje o mundo privado tá com muito medo de tomar risco, que quando se faz una análise, que a gente chama de análise intertemporal as pessoas procuram ter alguma informação sobre como o pais vai estar no futuro.

"Quanto do gasto que o governo faz via gerar emprego e renda e como os investidores vem isso" disse ao falar de sua tarefa de enta explicar ao seus interlocutores.

Ele ainda deu um recado ao Paulo Guedes quando disse que “falta de analisar os gastos do governo é o quanto que desse gasto se recupera lá na frente, via preservação de emprego, via manter uma empresa viva que ia morrer. Então, eu acho que "falta uma análise completa do gasto público".

Deve ter sido mesmo muito constrangedor para Campos Neto ter que dizer isso tudo. Especialmente quando o ministro Paulo Guedes, minutos antes, tinha dito defendendo a instalação jogos em cassinos resorts:

“Deixa cada um se foder do jeito que quiser. Principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário. Deixa o cara se foder, pô! Não tem ... lá não entra nenhum, lá não entra nenhum brasileirinho”.

 

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