Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Executivos brasileiros também cobram atenção do governo na questão ambiental

Executivos afirma que a questão ambiental é importante para o País fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos.

Fernando Castilho
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Publicado em 07/07/2020 às 11:00 | Atualizado em 07/07/2020 às 11:28
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Líderes de grandes empresas pediram providências contra o desmatamento em carta ao vice-presidente Hamilton Mourão. - FOTO: Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios

Uma semana depois que os gestores de grandes fundos internacionais enviaram um documento cobrando mudança de atitude do Brasil em relação à questão ambiental, documento ao qual o vice-presidente Hamilton Mourão disse que a resposta seria "trabalho, trabalho, trabalho", líderes de 38 grandes empresas que atuam no Brasil e quatro entidades setoriais enviaram um outro documento ao próprio Mourão onde pedem providências contra o desmatamento reforçando a crítica de instituições internacionais.

Mas porque líderes de grandes empresas se preocupam em pedir providências contra o desmatamento, muitos deles sem aparente envolvimento com o tema?

A resposta talvez esteja no problema que isso se tornou na hora das conversas de negócios internacionais quando os gestores começam a falar de barreiras sanitárias, burocracia, governança corporativa e transparência de dados oficiais com os quais eles estão acostumados.

Pouca gente atenta para o detalhe, mas o Brasil tem informações de muito boa qualidade sobre assuntos como finanças (pelo Banco Central) dados sociais e estatísticos (pelo IGBE) e dados de governo (portal da Transparência), dados de investimentos (BNDES), informações agrícolas (Ministério da Agricultura) além de informações governamentais nos portais dos ministérios, alguns deles com texto em inglês e espanhol.

Uma dessa informações, por exemplo, está em documento como a ata do Copom que sai do BC e que é lida por mercados e governos de todo o mundo. Assim como as pesquisas do IBGE.

E, mesmo não tendo um padrão internacional até a chegada de Jair Bolsonaro, o ministério do Meio Ambiente era considerado como uma fonte razoavelmente confiável até porque seus dados vinham de programas do INPE e outras instituições.

O problema começou quando Ricardo Salles assumiu e, literalmente, começou a bagunçar as coisas. A diferença entre Salles e Abraham Weintraub é que o ministro do Meio Ambiente tem método. Não atua com atabalhoamento do ex-ministro da Educação. A sua atuação tem propósito e é isso que está incomodando empresários e executivos.

No começo de sua carta, os executivos dizem que “Neste momento, em que enfrentamos uma situação extrema, extraordinária e excepcional, é muito importante manter a serenidade e o equilíbrio para que possamos superar e sair fortalecidos dos desafios que se apresentam. Em nenhum momento da história o futuro da humanidade e do planeta dependeu tanto da nossa capacidade de entendimento de que vivemos”.

Depois eles afirmam que o setor empresarial brasileiro, por meio de instituições e empresas dos setores industrial, agrícola e de serviços, vêm hoje reafirmar seu compromisso público com a agenda do desenvolvimento sustentável.

Finalmente, informam que grupo “acompanha com maior atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de e projetos fundamentais para o país”.

Futuro da humanidade, agenda do desenvolvimento sustentável, prejuízo para a reputação do Brasil. Esses termos não combinam com a ideia de executivos de empresas de classe mundial.

Estariam bem em texto do Greenpeace, Imazon e Nature Conservance. Mas estão assinados por CEOs de 38 grandes empresas se dirigindo a Hamilton Mourão que chefia um conselho criado especificamente para discutir o tema.

E o que eles pedem:

» Combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros;

» Inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas;

» Minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas;

» Valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais;

» Adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono;

» Direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono; 

» Pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da COVID-19 condicionada a uma economia circular e de baixo carbono.

Com exceção do último item relacionado a incentivos para a recuperação econômica, os temas são essencialmente da agenda ambiental que os executivos agora afirmam a seguir ser importante para o País fazer as escolhas certas agora e começar a redirecionar os investimentos para enfrentamento e recuperação da economia brasileira em um modelo de economia circular, de baixo carbono, e inclusiva, em que não há controvérsias entre produzir e preservar.

Em relação ao documento internacional, que chegou via 10 embaixadas brasileiras, o vice-presidente pôde dar uma resposta mais política. Mas em relação a este escrito em português terá que avaliar melhor.

No fundo, o que os executivos estão dizendo é que esse desleixo do Brasil com a questão ambiental está custando caro. E que precisam de informações para rebater seus interlocutores comerciais.

No fundo, é que isso pode fazer essas empresas perderem dinheiro não por falta de competitividade, mas por falta de competência do governo em fazer o seu papel institucional.

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