Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Paulo Guedes é o Chacrinha da Bolsonaro: Não veio para explicar, mas para confundir. Inclusive a Oposição

Bruno Araújo disse que "até agora, Paulo Guedes foi apenas o ministro do "semana que vem nós vamos", ministro de uma semana que nunca chega.

Fernando Castilho
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Publicado em 09/07/2020 às 11:30 | Atualizado em 09/07/2020 às 12:08
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Paulo Guedes se reinventou e circula com desenvoltura entre Artur Lira, Roberto Jefferson e Ciro Nogueira. - FOTO: Foto: Agência Brasil

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios

Na carta aberta que mandou ao ministro da Economia, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, disse que “até agora, Paulo Guedes foi apenas o ministro do 'semana que vem nós vamos', ministro de uma semana que nunca chega."

Do texto que Araújo escreveu irritado essa, certamente, é a melhor para criticar o ministro. Porque Guedes fala sempre de improviso, formula uma tempestade de ideias e quase sempre chuta números e conceitos que lhe vem à cabeça.

Guedes escolheu ser a antítese do perfil do ministro clássico da Fazenda modo “Ata do Copom”: texto curto, frases curtas e uma avenida para os analistas interpretarem. Mas ele segue o figurino no “modo animação” sempre dizendo que vai melhorar.

Afinal, ministro da Economia é para passar confiança ao mercado e agentes econômicos. Quem precisa dar notícia sombria é presidente de Banco Central. Ministro é pago para animar a economia.

Mas Araújo tem razão quando diz que “passados 18 meses, o ministro da Economia continua no vermelho, continua devendo”. É verdade. Guedes é um ministro que promete muito e entrega pouco.

Mas o que Araújo na sua carta "Você Magoou” parece não ter entendido é que Guedes é uma espécie de Chacrinha do Governo Bolsonaro. “Eu vim pra confundir, não para explicar”, como dizia o apresentador, durante o programa Cassino do Chacrinha, da TV Globo, na década de 70.

Quando a gente pesquisa no Google e põe "Frases de Paulo Guedes", vem um uma série de coisas sem muita lógica que dão a ideia de que ele estava mesmo querendo era “causar”.

“O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, além de ter estabilidade na carreira e aposentadoria generosa. O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita” defendendo a proposta do governo de reforma administrativa (que ele nunca mandou ao Congresso), numa palestra na Escola Brasileira de Economia e Finanças da FGV em fevereiro último.

Outra do Guedes: “As pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer. Você não tem um meio ambiente limpo porque as soluções não são simples. São complexas”. Num painel do Fórum Econômico Mundial, que tratava sobre o futuro da indústria e do trabalho, em Davos, cujo mote é respeito ao meio ambiente”

Tem mais essa: “Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vamos importar menos, fazer substituição de importações, turismo. (Era) todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada”. Num Seminário em Brasília dizendo que a desvalorização do câmbio não era, na sua visão, um problema tão sério para o Brasil dias antes do dólar Cravar R$ 5 e não baixar disso desde a crise da covid-19.

Ou seja: Paulo Guedes sabe provocar. Mas ele sabe que, como diz o Bruno Araújo, o Plano Real trouxe estabilidade econômica e inédita transferência de renda, beneficiando sobretudo os mais pobres. Mas ele quer causar para desviar o foco dos problemas que terá que enfrentar daqui para frente.

Guedes sabe que hoje a situação das contas públicas brasileiras estão tão sérias que ele não pode nem pedir demissão. Ministro da Fazenda não é Secretário do Tesouro Nacional que pode fazer feito Mansueto de Almeida que, por não concordar com o que o governo está fazendo, arranjou um jeito elegante de sair. Guedes sabe que depois dele não tem mais muro. Ele é o muro de Bolsonaro.

Alguém acha (fora Bruno Araújo), que Guedes não reconhece que as privatizações, a Lei de Responsabilidade Fiscal; a criação dos programas de transferência de renda; a universalização do ensino fundamental; e o Programa de Medicamentos Genéricos incorporados pelo PT no Governo não foram importantes?

Claro que sabe! Privatização é uma das ideias que ele mais quer aplicar. No caso do Bolsa Família - que Lula aperfeiçoou – foi a base que salvou o Governo na área social quando precisou fazer o Auxílio Emergencial. Mas o Guedes não está ali para explicar.

Em março de 2019, com a bola cheia, Paulo Guedes saiu-se com essa: “A eleição do Bolsonaro foi uma crítica à velha política. Essa classe política brasileira vai se reinventar, porque eles são capazes, são inteligentes. Estão percebendo que o caminho mudou.”

Foi nada. Bolsonaro agora está se juntando ao Centrão e Guedes quase que dava a presidência do Banco do Nordeste ao bloco de deputados que são a cara da velha política. Guedes sabe que a maior parte da classe política brasileira nunca vai se reinventar porque não quer fazer diferente.

Na verdade, foi o Bolsonaro que precisou “se reinventar” para tentar segurar seu governo. Mas o ministro já se reinventou e circula com desenvoltura entre Artur Lira, Roberto Jefferson e Ciro Nogueira.

Porque como dizia Chacrinha, Paulo Guedes veio “pra confundir, não para explicar.” Inclusive as raposas felpudas do PSDB.

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