Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Banco do Brasil perde protagonismo no mercado da covid-19, e Rubem Novaes sai antes de ser cobrado por isso

Com Novaes no comando, BB perdeu uma oportunidade extraordinária de ser a cara do Governo na ajuda as empresas, especialmente, as pequenas na pandemia da covid-19 e Jair Bolsonaro não gostou nada disso.

Fernando Castilho
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Publicado em 25/07/2020 às 0:30 | Atualizado em 26/07/2020 às 20:20
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL
Pedido de demissão de Rubem Novaes, 74, foi comunicado em fato relevante do Banco do Brasil. - FOTO: FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

Por Fernnado Castilho da Coluna JC Negócios

Depois de 18 meses à frente do Banco Brasil, a instituição financeira mais antiga do país, com um perfil de agente de desenvolvimento, especialmente no financiamento ao setor rural, a pergunta que se deve fazer é: o que Rubem Novaes, que deixou o cargo nessa sexta-feira, entregou?

Não temos muito do que se lembrar dele como gestor de um dos cinco maiores bancos do País, alvo um monte de declarações preconceituosas para com políticos e até pobres.

Novaes sai do comando da instituição sem deixar saudades não porque não conseguiu privatizá-la, mas por uma gestão medíocre que fez o banco perder valor de mercado e, especialmente na pandemia, não ter assumido um papel de protagonismo no financiamento às micro empresas.

A capilaridade do BB no país poderia fazer a diferença e imprimir a marca do governo Bolsonaro na ajuda às empresas.

Pode-se argumentar. O BB não é a Caixa que Pedro Guimarães pode dizer o que quiser e fazer o que quiser pois é uma instituição 100% do governo. É verdade. Mas podemos perguntar também o que o presidente do BB ofereceu de contribuição ao governo para irrigar o dinheiro que ele estava disposto a ajudar o setor produtivo quando o governo decidiu atuar na pandemia?

O problema talvez esteja na briga existencial que alguns membro do governo estão tendo consigo mesmo depois que Bolsonaro entendeu que precisa fazer alianças para tentar sobreviver à pandemia. Não foi para isso que foram para o governo Bolsonaro.

Novaes acreditou na promessa de Paulo Guedes que poderia preparar o BB para a privatização ainda que Bolsonaro resistisse à ideia. Pura ilusão. Depois da Vale (privatizada), Varig (extinta) e Petrobras (virando uma petroleira puro sangue), o BB é o único símbolo de sucesso do setor estatal na economia.

Está no inconsciente coletivo do brasileiro como a TAP está para Portugal. Não pode ser privatizada sem que isso signifique uma ação política muito bem organizada. Tipo: deixa de ser estatal, mas vira um banco que os brasileiros juntos têm o seu controle acionário pulverizado.

O cidadão comum ainda sente muito orgulho do BB como agente financeiro do agronegócio que só gera resultados positivos ao Brasil.

Isso quer dizer que não dá para chegar e dizer aos seus diretores: senhores, vamos organizar o banco para vendê-lo. Como faz um gestor de fundos que está interessado no bônus.

Importa pouco a opinião de Paulo Guedes quando diz numa reunião ministerial que “tem que vender logo aquela porr..!”

Não tem. O Congresso e a população não querem ver o BB fatiado nas mãos do Itaú, Bradesco e Santander. A simples menção a um projeto de vendas das ações da União incendiaria os deputados e a Oposição.

Mas é preciso perguntar: Sim. Mas o que fez Rubem Novaes para preparar o banco aos números, limpando o balanço de modo a oferecê-lo como um ativo de potencial?

As frases de que “o problema da Educação no Brasil são as crianças pobres”, que a vida não tem "valor infinito", ou a de que "muita bobagem é feita e dita, inclusive por economistas, por julgarem que a vida tem valor infinito. O vírus tem que ser balanceado com a atividade econômica" não contam.

Muito menos o conceito de que “Governadores e prefeitos impedem a atividade econômica e oferecem esmolas, com o dinheiro alheio em troca. Esmolas atenuam o problema, mas não o resolvem. E pessoas querem viver de seu esforço próprio”.

Novaes tem um problema sério para um gestor moderno no setor bancário. Não está conectado as exigências do novo cenário global. E ele é ligado ao escritor Olavo de Carvalho, que tem atrapalhado a pauta governista e gerado ruídos com o Poder Legislativo.

Recentemente, questionou a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de impedir que o banco faça propaganda em sites acusados de espalhar fake news. Deveria saber que, além da CVM, o BB presta contas ao TCU. Não poderia fazer como fez ao veicular publicidade em sites, blogs, portais e redes sociais acusados de espalhar de propagar notícias falsas.

O BB perdeu uma oportunidade extraordinária de ser a cara do Governo na ajuda as empresas, especialmente, as pequenas na pandemia da covid-19, e Jair Bolsonaro não gostou nada disso. 

Poderia ser o agente repassador do dinheiro da União no financiamento de capital de giro às empresas. Mas Novaes preferiu deixar a instituição fora de tudo isso aí.

Talvez Rubem Novaes tenha chegado à conclusão de que a missão que lhe foi confiada não teria como entregar. Preferiu sair. Como, aliás, já fizeram outros que se renderam à realidade pós-pandemia.

Percebeu que já não há nada o que fazer no cargo. Fez bem. Fora as frases polêmicas e da queda nas ações, pouca gente vai lembrar dele daqui a uma mês.

Os acionistas agradecem.


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