Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Idosos no Brasil com planos de saúde já somam 6,6 milhões e pressionam custo das mensalidades após a covid-19

Estudo revela que a quantidade daqueles com 80 anos ou mais triplicou, enquanto o número dos que têm entre 75 e 79 anos duplicou no período analisado

Fernando Castilho
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Publicado em 05/08/2020 às 7:30 | Atualizado em 05/08/2020 às 7:33
 WELINGTON LIMA
O número de idosos no Brasil assistidos pelos planos de saúde duplicou e passou de 3,3 milhões para 6,6 milhões. Eles já representam 14% dos 47 milhões de brasileiros com algum tipo de cobertura. - FOTO: WELINGTON LIMA

Por Fernando Castilho da Coluna Jc Negócios.

Um estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), ligado às empresas de planos de saúde, revela que, em apenas 20 anos - março de 2000 a março de 2020 - o número de idosos no Brasil assistidos pelos planos de saúde duplicou e passou de 3,3 milhões para 6,6 milhões.

Eles já representam 14% dos 47 milhões de brasileiros com algum tipo de cobertura e mais da metade (52%) têm entre 60 e 69 anos. Já a quantidade daqueles com 80 anos ou mais triplicou, enquanto o número dos que têm entre 75 e 79 anos duplicou no período analisado.

Embora o trabalho não tenha sido elaborado com esse fim, ele já tratou do cenário no Brasil, com a presença da covid-19, onde os pacientes infectados mais vulneráveis (sujeitos a sintomas mais severos) são aqueles com 60 anos ou mais.

Segundo adverte o estudo do IESS, conforme demonstra a experiência de outros países e sistematicamente reiterado pelo Ministério da Saúde no Brasil, os pacientes infectados mais vulneráveis (sujeitos a sintomas mais severos) são aqueles com 60 anos ou mais.

Até o momento desta publicação, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro são os estados que têm mais idosos tanto na população (45% do total) quanto entre os beneficiários (64% do total).

O estudo relata que as cooperativas médicas e as empresas de medicina de grupo mais do que dobraram seu número de idosos no período. Embora praticamente não tenha havido novas adesões aos planos individuais ou familiares (760 mil pessoas), houve um crescimento de quase 400% (397,2%) das despesas pagas por empresas em planos corporativos e crescimento de mais de 250% (254,2%) aos planos coletivos por adesão que garantem assistência, ainda que tenha regras diferenciadas de reajustes.

Ou seja, o crescimento dos idosos em planos empresariais acompanhou o aumento do número total de beneficiários nesse tipo de plano nesse período. Destaca-se que os idosos em planos coletivos empresariais representavam 7% do total desses planos em mar/00 e 5% em mar/20.

As cooperativas, a exemplo das demais faixas etárias, estão cada vez mais assumindo o número de vidas no Brasil e as empresas de medicina de grupo só estão no segmento se os contratos forem corporativos. Hoje, as cooperativas (como a Unimed) detêm 2,47 milhões de vidas e as empresas de medicina de grupo protegem 2,37 pessoas.

O estudo revela, ainda, que entre março de 2019 e março de 2020 houve uma redução de quase 300 mil pessoas (298.514), além de uma migração para outra operadora de 423 mil pessoas.

Destaca-se que, entre 2000 e 2020, aumentou a representatividade de beneficiários com 80 anos ou mais - sobretudo no sexo feminino. Isso traduz o envelhecimento dos beneficiários da saúde suplementar, que resulta do aumento da esperança de vida, da redução dos níveis de fecundidade e do aumento de novos contratos nas faixas etárias mais envelhecidas

O estudo afirma que o envelhecimento deve ser tratado como algo positivo, esperado e uma conquista da sociedade. Mas o aumento de idade quer dizer aumento da frequência de utilização e da procura por serviços de saúde que, geralmente, são de maior complexidade. As tecnologias mais sofisticadas, por consequência, costumam ter custo mais elevado.

O estudo do IESS chama a atenção para dois indicadores que mostraram que o processo de envelhecimento ocorre de maneira diferente entre as modalidades e já se encontram de forma avançada em algumas operadoras.

Em março de 2020, na saúde suplementar, o índice de envelhecimento foi de 71,6% e a razão de dependência, de 42,2%. No entanto, entre as autogestões, o índice de envelhecimento cresceu de forma tendencial a cada ano e atingiu 163,4% em março de 2020 e a razão de dependência passou de 40,7% em março de 2008 para de 51,3% em março de 2020.

Com o envelhecimento dos beneficiários, que ocorre de forma mais acelerada em algumas operadoras, faz-se necessário reavaliar permanentemente o modelo assistencial da saúde suplementar, para ser atualizado e suportar o crescimento das despesas.

 

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