Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
[email protected]

Informação e análise econômica, negócios e mercados

Coluna JC Negócios

Ministério da Economia virou sofrência para Paulo Guedes

Está ficando chato esse negócio de, toda semana, Paulo Guedes precisar de um apoio do presidente

Fernando Castilho
Cadastrado por
Fernando Castilho
Publicado em 17/08/2020 às 23:00 | Atualizado em 17/08/2020 às 23:02
Foto: DANIEL RAMALHO / AFP
O ministro da Economia a cada semana tem que justificar seu prestígio junto ao presidente Jair Bolsonaro. - FOTO: Foto: DANIEL RAMALHO / AFP

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios

O ministério da Economia virou uma sofrência para Paulo Guedes. Toda semana ele tem que forçar Jair Bolsonaro a lhe dar demonstrações de apoio e confiança naquele que já foi seu Posto Ypiranga. Já foi porque, aqui para nós, virou uma espécie de Bandeira Branca.

Nesta segunda-feria, o ministro precisou de mais uma demonstração do presidente para se manter no cargo. Depois de uma dia em que o mercado “listou” nomes para o seu lugar.

Não trabalhou uma hora no ministério. Passou o dia tentando se manter no cargo. Conversando com a equipe, dizendo que não vai sair e que o presidente tem confiança nele. Numa forçada de barra levou a equipe para fazer uma apresentação dos seus planos para sair de 2020 com alguma esperança.

E o que Bolsonaro poderia fazer? Dizer que ele está prestigiado. Que continua confiando nele e que não está pensando em furar teto de gastos. Não está porque sabe que sem uma mudança na lei correr o risco de ser enquadrado. Mas quer uma porta de saída para gastar.

Paulo Guedes arranjou R$ 5 bilhões para os ministério de Rogério Marinho e de Tarcísio Freitas. Numa situação normal, R$ bilhões era verba para contentar toda a bancada do Nordeste. Mas hoje virou um dinheirão.

Na verdade, é dinheiro para o ministério de Rogerio Marinho que tem se esforçado, desde junho, para arranjar algo que Bolsonaro possa inaugurar ou dizer que fez. Na verdade Marinho é um ministro que trabalha com pequenas verbas.

Mas o problema é que está chato esse negócio de toda semana Paulo Guedes precisar de um apoio do presidente. Alguém lembra de Michel Temer dando apoio a Henrique Meireles? Lula dando apoio a Antonio Palocci? Ou Fernando Henrique dando apoio a Pedro Malan? Ministro da Fazenda não precisa de apoio do presidente. E se precisar já era.

Então, apesar da nova demonstração parece claro que Paulo Guedes está deixando de ser a encora na área econômica do governo Bolsonaro. A reunião de ontem é mais uma demonstração de fraqueza quando o mercado passou o dia listando nomes.

Na verdade, o mercado - que não está nem aí para a covid-19 - já tem um escolhido. Roberto Campos Neto.

O presidente do BC é o sonho de consumo do mercado financeiro. Ex-diretor de tesouraria de banco grande, experiente no trato com dinheiro no curto e longo prazo, discreto e bem formado. Seria “O cara”.

O problema é que o ministério da Economia é grande demais para um banqueiro. E mais ainda um banqueiro que só cuidou de dinheiro. Então, é complicado pois exigiria dele uma desenvoltura que ele ainda não demonstrou que tem.

No Banco Central, onde só fala por escrito e só tem contato com gente do mercado ou representantes da área financeira dos segmentos econômicos é o ambiente dele. Mas imagina sair dessa zona de conforto para enfrentar o Congresso? E ainda mais numa situação em que o Brasil se encontra?

Mas o problema não é Campos Neto. O problema é o Guedes. Para um cara que chegou com um poder que era maior que o do presidente que juntou cinco ministério num só e que passou a ter todo o controle da economia sem dividir com ninguém é constrangedor levar aperto de Rogério Marinho e Tarcísio Freitas que ele considera ministros de segundo escalão.

Então o resumo dessa segunda-feira é que o Guedes ganhou mais uma semana de vida. Mas a sofrência continua.

Tipo no final de O Elefante, o célebre poema de Drummond, “Amanhã recomeço”.



Comentários

Últimas notícias