Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios
No começo da pandemia da covid-19, quando as atividades no Polo de Confecções pararam, as indústrias reagiram rápido e mudaram, em duas semanas, o foco do negócio para fazer máscaras e jalecos vendidos para vários estados, municípios e empresas.
Com a ampliação da produção por outros fabricantes de outros polos pelo Brasil, a indústria foi cuidar de sua vida, apostando no e-commerce de atacado. Mas com a volta das atividades, o setor se viu uma explosão de demanda impensável nos meses de março e abril.
“Vamos ter o melhor agosto do Polo de Confecções em 40 anos”, prevê o empresário Arnaldo Xavier, líder da Rota do Mar, maior empresa do setor no Estado, reconhecendo que o setor agora encontra dificuldade de contratação de mão de obra e também tem insuficiência de matéria prima.
Segundo o empresário, “o mercado voltou muito acelerado e mudou inclusive o formato de comercialização, incorporando o e-commerce como ferramenta de vendas. O WhatsApp agora é quem manda no atacado”, diz.
Arnaldo Xavier foi um dos que primeiro fez máscara de TNT em escala industrial puxando uma cadeia produtiva que em algumas semanas supriu a falta de produtos da China. Ele supriu uma dificuldade que o mercado tinha depois que a China não entregou. Vendeu para centenas de cidades e empresas pelo Brasil e até exportou para a África.
Mas como ele mesmo diz, foi uma ação de emergência. Esse “não é o meu negócio nem o polo liderado por Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru”. A surpresa foi quando as atividades voltaram depois de três meses sem vender roupa.
Na verdade, o que aconteceu foi que sobrou dinheiro no bolso das pessoas. Nesses noventa dias, especialmente em cidades onde há negócios, sobrou dinheiro do empregado formal que ficou em casa recebendo parte do governo. E sobrou dinheiro do comerciante que não gastou como consumidor em viagens e lazer. No interior, ele não tinha como gastar.
Depois de noventa dias, esse consumidor tinha que voltar a consumir. E ainda teve o auxílio emergencial. O auxílio emergencial chegou a ser maior do que que quem não tinha emprego e recebia pelo que conseguia nas feiras. Então, essas pessoas passaram a ter dinheiro na mão. É muito grande a quantidade de dinheiro que entrou.
Se juntarmos Santa Cruz, Caruaru e Toritama foram mais de R$ 60 milhões em três meses. São números que faz com que a economia, juntando essas duas coisas, turbinasse o consumo de forma exponencial.
Se o auxílio emergencial for estendido até o final do ano - como está previsto pelo Governo - vai melhorar muito. Porque virá o 13º em dezembro. E dezembro é o melhor mês de maior vendas do ano.
Mas antes disso, o mercado de distribuição no Polo já se adaptou aos novo tempos. Porque a pandemia também mudou o perfil de várias micro e pequenas empresas que descobriram a venda pela internet numa mistura de e-commerce de atacado com marketing digital suportada pelo WhatsApp e muita mensagem de áudio.
De fato, a covid-19 provocou mudanças radicais no Polo de Confecções. A mais importante foi no modelo de comercialização e de distribuição.
Sem poder receber os clientes de atacado que chegavam toda semana, as empresas migaram rapidamente para as vendas para o e-commerce de emergência.
Isso demandou a construção de sites simples com a exposição apenas das peças com os códigos para sustentar as negociações feitas pelo WhatsApp.
Na verdade, o comerciante agora no seu Smartphone vê a peça no catálogo da indústria, combina o pagamento via transferência eletrônica e a contratação da entrega a partir de uma central de remessas nas cidades. Cresceu o serviço de transporte. O mesmo ônibus que vinha com gente agora vem só buscar a mercadoria.
As vendas online, ou via WhatsApp, viraram uma ferramenta estratégica das indústrias e do atacado nas três cidades onde passaram a ser um canal de vendas até então inexistentes para a maioria das empresas.
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