Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios
Os resultados do último levantamento do projeto Ranking de Competitividade dos Estados, que coloca Pernambuco no 17º lugar entre os 26 Estado mais o Distrito Federal, revelam que é preciso não apenas produzir um discurso de ação.
É preciso demonstrar isso em indicadores consistentes que possam ser “percebidos" externamente por outros atores além dos que estão envolvidos na tarefa. Tem a ver com comunicar melhor.
Não deixa de ser importante (e é) estar entre os 10 Estados de melhor avaliação. Mas aparecer da décima posição do grupo não ajuda muito. Não é suficiente ser o segundo em planejamento orçamentário, se isso ainda não se reflete nas contas públicas.
Assim como é muito bom estar entre os cinco Estados em termos de pesquisa cientifica, mas não ajuda se não conseguimos ter empreendimentos inovadores. A despeito de projetos de sucesso como o ecossistema do Porto Digital.
O ranking é de competitividade e se estamos na 17ª posição significa que estamos fechando segundo grupo menos competitivo do Brasil, se dividirmos os Estados em três grandes blocos. O ranking é elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), pela Economist Intelligence Unit e pela Tendências Consultoria Integrada.
A combinação de índices desse tipo de avaliação é importante porque serve para que potenciais investidores possam fazer comparações mais amplas e não apenas relacionadas a potencial de mercado.
O décimo sétimo lugar de Pernambuco embute situações constrangedoras como estar atrás de nossos vizinhos Alagoas e Paraíba que - em termos de externalidades econômicas - têm menos volume que nós. Porém é mais grave é estar sete níveis abaixo do Ceará que é, hoje, o nosso competidor real em termos de captação de empreendimentos.
E nesse caso importa menos vir acima da Bahia. Porque aquele Estado está tão distante de nós em termos de potencial econômico geral que não podemos dizer que competimos com ele. Entretanto, existe uma questão que é mais séria porque, aí sim, é um indicador geral: o nível de segurança.
Pernambuco apresenta na sua comunicação resultados de um forte investimento em qualificação de produção de informação criminal de qualidade.
São investimentos importantes e a produção de relatórios que revelam uma melhoria na resolutividade de crimes ajuda na redução da violência.
Mas os números gerias de violência no Estado são tão grandes que impactam de uma forma tão severa que nos jogam para o 26º lugar na questão as segurança pessoal.
Isso tem a ver como o cidadão percebe a Polícia. Como ele não se sente protegido e, não raro, até ameaçado por ela. Certo. É importante, mas quando a SDS afirma que tivemos a primeira diminuição no número de homicídios no Estado, em agosto de 2020, a imagem é a de crescimento de janeiro a julho.
Também existe a questão dos números. Não é razoável -sob qualquer argumento- dizer que nos oito primeiros meses do ano, foram contabilizados 2.551 homicídios. Esse número é o que mensalmente produz a sensação ruim e que interfere na percepção geral.
Competitividade quer dizer um conjunto de potencialidades. Diferenciais que possam ser notados entre os demais competidores.
Se o Estado não produz indicadores que possam o destacar entre os demais importa pouco que esteja entre os 10 melhores em tamanho de mercado, custo de mão de obra, energia elétrica, saneamento e emissão de C0².
O fato de estar no 17º lugar sempre puxa para baixo. Assim como puxa para cima os Estados concorrentes quando eles estão acima de nós e entre os 10 melhores.
Não basta dizer que é bom na educação, na transparência de dados públicos e ter gestão de finanças publicas em evolução. Pelo simples fato de ter bem perto da gente - e na mesma Região -gente que se apresenta melhor. E se mostra, portanto, mais competitivo.
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