Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Homem mais rico do Brasil, Joseph Safra brigava com prefeito de Londres por novo prédio icônico para a cidade

Joseph Safra planejava construir o The Tulip, um prédio de 305 metros de altura em formato de tulipa no centro financeiro de Londres, mas o prefeito local não deu as licenças.

Fernando Castilho
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Publicado em 23/09/2020 às 13:30 | Atualizado em 10/12/2020 às 10:12
Divulgação/Foster + Partners
O arranha-céu em formato de tulipa funcionaria como uma atração turística (Foto: Divulgação/Foster + Partners) - FOTO: Divulgação/Foster + Partners

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios

O bilionário Joseph Safra, que morreu nesta quinta-feira, que era dono do banco brasileiro Safra, tinha uma paixão por construir imóveis icônicos especialmente na Inglaterra. Ele entrou numa briga para erguer um novo arranha-céu no distrito financeiro de Londres que deverá ser tão impactante como o famoso pepino.

O projeto The Tulip, assinado pelo escritório de arquitetura Foster + Partners, consiste num prédio de 305 metros de altura em formato de tulipa, que funcionaria como uma atração turística, com bares, restaurantes e espaços educacionais e uma visão privilegiada da cidade que a prefeitura da cidade se recusa conceder a licença.

Dono de uma fortuna estimada em R$ 119 bilhões, que tirou do primeiro lugar o empresário Jorge Paulo Lemann, sócio da ABInbev e da 3G Capital, com patrimônio de R$ 91 bilhões, o banqueiro Joseph Safra está brigando com a prefeito de Londres, Sadiq Khan, desde o ano passado.

Ele quer construir o The Tulip, um edifício comercial de 305 metros de altura em formato de tulipa assinado pelo renomado escritório de arquitetura Foster + Partners, que funcionaria como uma atração turística, com bares, restaurantes e espaços educacionais e uma visão privilegiada da cidade. Mas o prefeito se nega a dar as licenças.

O problema é que a construção já havia sido aprovada pelo City of London Corporation, órgão de administração de Londres, em abril de 2019, mas foi rejeitada pelo prefeito. E, no meio da pandemia da covid-19, Safra e o escritório de arquitetura recorreram da sentença, que deve ser analisada pela Inspetoria de Planejamento do Reino Unido até o final do ano.

Josepf Safra é conhecido em Londres não por ser um banqueiro - como no Brasil – mas pela sua paixão por prédios icônicos.

Em 2014, ele comprou edifício The Gherkin, um dos mais emblemáticos do bairro financeiro da City de Londres, também conhecido por “Torre do Pepino”. Pagou na época R$ 2,7 bilhões. Agora, o banqueiro de 82 anos quer construir o que chama de um novo ícone de Londres.

Joseph Safra nasceu em Beirute, Líbano, e deixou seu país natal para tentar a vida na América Latina, seguindo a tradição de sua família.

No Brasil, ele é dono do Banco Safra, o quarto banco privado do país e que atua, essencialmente, com empresas. Safra mora em São Paulo e, controla dois outros bancos. O J. Safra Sarasin (Suíça) e o Safra National Bank (EUA). Ele ainda é dono, ao lado de José Cutrale, da Chiquita Brands, a maior produtora de bananas do mundo.

Ele também é um dos principais doadores dos hospitais paulistanos Albert Einstein e o Sírio Libanês, além de apoiar associações beneficentes como a Fundação Dorina Nowill para Cegos, o GRAAC, a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer, a Associação de Assistência à Criança Deficiente, a APAE e a Casa HOPE.

Como pessoa física, ele é o banqueiro mais rico do mundo, com um patrimônio de US$ 20,4 bilhões.

Aos 82 anos, Safra saiu do comando direto dos negócios, deixando o comando do banco para seus filhos. Atualmente, o banqueiro passa mais tempo em sua mansão de 11 mil m² no bairro paulistano do Morumbi, embora não descuide de projetos fora do Brasil.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, diz que o novo prédio pode prejudicar o horizonte dos outros empreendimentos nas proximidades. E que a construção da The Tulip comprometeria "a capacidade de apreciar" a Torre de Londres, uma das principais atrações de cidade e considerada um Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

No Brasil, Joseph seguiu a tradição conservadora e extremamente discreta dos que levam o sobrenome Safra. Em torno de si e de sua família, o banqueiro levantou muros mais altos do que aqueles que circundam sua mansão de mais de 100 cômodos no bairro do Morumbi, em São Paulo.

Segundo o site de negócios Infomoney, seu José – como gosta de ser chamado - é descendente de uma longa linhagem de banqueiros, que financiavam e faziam o câmbio de moedas e ouro entre mercadores da Europa, Império Otomano, África e a Ásia.

A linhagem de hoje está muito distante de suas raízes como negociantes nas caravanas de camelos que passavam por Alepo, na Síria, mas a paixão por bancos continua.

Mas desde o século XIX, o clã Safra é formado por banqueiros, todos judeus halabim, uma das mais renomadas classes mercantis do Oriente Médio de comerciantes e empresários de vários ramos.

Os primeiros Safra trocavam dinheiro e forneciam crédito, mas o primeiro banco da família foi aberto em Beirute pelo pai de Joseph, Jacob Safra, na década de 20. Jacob casou-se com Esther, sua prima, e com ela teve oito filhos.

O interesse de Joseph Safra por mega empreendimentos imobiliários é antigo e além do Pepino e o projeto do The Tulip eles possui outro terreno, no mesmo distrito de Londres, onde programa mais um outro prédio icônico.

Hoje, enquanto Joseph se mantém o patriarca da família, seus três filhos, Jacob, David e Alberto estão assumindo papéis mais importantes nos negócios da familia

Jacob, o mais velho, divide seu tempo entre a Suíça e Nova York, tomando conta do J. Safra Sarasin e do Safra National Bank de Nova York, além de algumas operações fora do Brasil não relacionadas ao banco. Há um ano, Alberto Safra, um dos filhos do controlador do Banco Safra, Alberto, decidiu deixar a instituição.

Enquanto Joseph ainda estava no dia a dia do banco, conforme fontes, ainda conseguia gerir os desentendimentos entre os filhos. Depois que se afastou, a convivência ficou mais difícil.

Em comunicado, o banco informou apenas que, “em comum acordo, Alberto Safra não mais faz parte de seu conselho. Seguirá fazendo parte do grupo. Sua saída se deve exclusivamente à sua intenção pessoal de dedicar-se a outro projeto com a família”.

David Safra continua administrando o Banco Safra no Brasil. Já o pai está sempre viajando entre o Brasil, a Suíça e Nova York embora tenha reduzido as viagens devido a pandemia.

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