Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Eike Batista tentar reaver mina de ferro e mercado sonha com sua volta

Em recuperação judicial desde 2016, a mineradora MMX (MMXM3), de Eike Batista, surpreendeu o mercado na quarta-feira (07) com uma alta de 225% num único pregão.

Fernando Castilho
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Publicado em 08/10/2020 às 22:25 | Atualizado em 09/10/2020 às 8:35
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O empresário já foi o bilionário mais rico do Brasil, esteve preso, mas voltou aos negócios e planjeva voltar a explorar minério. - FOTO: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios

Lembra do Eike Batista? O megaempresário que dos últimos quinze anos criou os maiores movimentos de ações criando empresas que o transformaram em o homem mais rico do Brasil e que perdeu quase tudo saindo do noticiário, inclusive o social repleto de conquistas de belas mulheres? Pois bem. Ele voltou ao noticiário.

É verdade que não é com o glamour de antes. Lembra da Lima de Oliveira? Mas Eike está avisando ao mercado que pode voltar a explorar minério de ferro. E minério de ferro é Eike Batista. Faz 15 anos que ele não faz outra coisa senão mexer com minério de ferro.

E como nada do que ele faz no ambiente da B3, mesmo com sua empresa em Recuperação Judicial, passa despercebido as ações da MMX Mineração e Metálicos S.A explodiram em termos de valorização embora tenham passado de R$ R$ 1,77 na última sexta-feira para R$ 10,68% ontem.

Calma, ninguém ficou milionário comprando MMX MINER. Na verdade, mesmo na última terça-feira quando foram feitos 264 negócios na compra de 141.300 ações o valor negociado foi de apenas R$ 289.977,00. Mas o assunto dominou os investidores. Todo mundo se perguntando será que ele volta? Quem sabe?

O fato é que Eike Batista está pedindo na Justiça que lhe devolva a Mina Emma em em Corumbá/Mato Grosso do Sul, que integra o Projeto Corumbá avaliado em U$ 300 milhões e capacidade de produzir 2 milhões de toneladas de minérios de ferro/ano numa expectativa cerca de 70 anos.

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Através de seus advogados ele pede que a empresa Vetorial que explora a mina e prorrogou o prazo de vigência de um contrato com a MMX irregular lhe devolva a propriedade. E como a tese é considerada passível de sucesso o mercado se agitou.

Para ser ter uma ideia. Se uma pessoa colocar o verbete Eike Batista no Google vai encontrara perto de 1,5 milhão de menções. Todo mundo quer saber de Eike.

Mas porque esse empresário que já namorou as mulheres mais bonitas do Brasil e chegou a ter uma fortuna estimada em US$ 34 bilhões e que lhe deu a posição de 7º bilionário do mundo provoca tanta atenção?

Bom, é preciso lembrar algumas coisas. Quando em 2007, Eike Batista vendeu uma fatia da sua empresa ainda embrionária para outra mineradora, à gigante Anglo-American ele recebeu US$ 5,5 bilhões, em dinheiro, tornou-se o homem mais rico do Brasil.

Foi quando ele decidiu catapultar esse dinheiro criando aquilo que os analistas de mercado chamam de “ecossistema de empresas”. Começava assim, a estratégia de juntar os futuros interesse da mineradora MMX com os de a futura petrolífera OGX.

Certo, mas como isso funciona? É assim:

Toda mineradora precisa de porto com equipamentos especiais para escoar a produção. Então, por que não juntar à mineradora com porto? Assim, Eike Batista criou uma nova empresa focada em logística e dedicada à construção de portos, a LLX. E foi com ele nasceu o projeto Porto Açu, no Rio de Janeiro.

Só que mineradoras e portos usam muita energia. Então ele pensou: vou criar, também, uma grande companhia de energia. E criou. Ou melhor: Eike que já tinha uma empresa de termelétrica desde 2001, a MPX. Então ele ampliou e passou a oferecer ao mercado futuros projetos de usinas termelétricas que alimentariam as minas da MMX, os portos da LLX e instalações da OGX.

Nesse meio tempo, Eike trouxe à Bolsa de Valores de São Paulo outra mineradora a CCX, uma companhia de mineração de carvão no Chile que, segundo disse ao mercado, seria dedicada a fornecer combustível (carvão) para suas termelétricas no Brasil.

Naturalmente, quando elas existissem de fato. Finalmente, ele viu que todas essas empresas precisavam de um fornecedor de equipamentos de perfuração e de plataformas marítimas para a futura OGX.

Então Eike Batista fundou a OSX, um megaestaleiro que seria criado as necessidades da petrolífera que ainda nem saíra do papel. Foi assim que nasceu o ecossistema X no mercado de capitais.

Na teoria tudo isso parece uma maravilha. E é. Mas quando funcionava bem. Uma companhia complementa a outra, num círculo rentável e todos ganham. E foi com esse discurso que o mercado, em cinco grandes IPOs ao longo de 2008 e 2010 que o mundo colocou nas mãos de Eike US$ 15 bilhões apenas para ter parte das empresas.

E foi com esse dinheiro e mais o valor atribuído as ações que ele tinha no próprio cofre que o brasileiro chegou à sétima posição na lista da Forbes, em 2012, quando se disse que o total de suas empresas valeriam US$ 34 bilhões.

Como todos sabem ele perdeu a maioria das novas empresas. Foi acusando de se envolver com a corrupção do PT, foi preso, viu seus carrões serem levados para a sede da Policia Federal. Mas alguns projetos eram bons e ele acabou entregando a novos donos. Mas ficou com a MMX que uma espécie de empresa mãe.

Pediu recuperação judicial e vem, discretamente cuidando de voltar ao mercado.

Não é fácil a vida de um empresário que está em RJ. Mas Eike tem determinação. Desde que sua cascata de empresas ruiu fazendo-o perdeu bilhões, ser preso, responder a dezenas de processos e patrimônio, Eike não deixou de trabalhar um só dia.

Aliás, sua história é cheia de subidas espetaculares e quedas espetaculares. Mas ele sempre esteve “enterrado” com minério de ferro. E mesmo os projetos que criou com logística e petróleo foi atribuindo valor ao minério.

Talvez por isso o mercado que o conhece esteja olhando o movimento de retomada da Mina Emma porque ele sempre consegue voltar.

E a empresa mãe de Eike pode ser a chave de sua volta triunfal. Em recuperação judicial desde 2016, a mineradora MMX (MMXM3) surpreendeu o mercado na quarta-feira (07) com uma alta de 225% no pregão.

A empresa é a parte que sobrou do grupo EBX, criado por ele que viu suas ações ordinárias subirem de R$ 2,46 para R$ 7,15 em um único dia.

Até às 11h05 desta quinta-feira (08), os papéis chegaram a R$ 13,55, somando alta de 89% em relação ao preço de abertura. Um dos motivos para a escalada foi o fato relevante publicado em 30 de setembro, em que a empresa alerta que protocolou uma petição para recuperar os direitos de exploração da Mina Emma.

Quem se der ao trabalho de ir ao site do Grupo EBX vai quer que a MMX ou seja, a empresa mãe, tem nove outras entre elas a MMX Corumbá Mineração que ele quer retomar para explorar. Eike continua rico a despeito de ter perdido muito dinheiro. Ou seja, Eike é um homem ligado ao minério de ferro.

A valorização foi de fato interessante. Tanto que a MMX se apressou em dizer acreditar que as recentes oscilações atípicas estejam relacionadas ao fato relevante divulgado na semana passada, em 30 de setembro de 2020.

Foi nesse “Fato Relevante,” a Companhia informou ao mercado que protocolizou petição junto ao juízo de sua recuperação judicial, buscando recuperar o ativo Mina Emma, cuja exploração pode ser de grande relevância econômica para a Companhia.

Desde que sua cascata de empresas ruiu, fazendo-o perder bilhões em patrimônio, ser preso e responder a dezenas de processos, Eike não deixou de trabalhar um só dia. Sua história é cheia de subidas e quedas espetaculares.

Mas ele sempre esteve "enterrado" em minério de ferro. E mesmo os projetos que criou com logística e petróleo acabaram atribuindo valor ao minério. Talvez por isso o mercado que o conhece esteja olhando o movimento de retomada da Mina Emma, porque ele sempre consegue voltar.

E aqui para nós. O mercado adoraria ver Eike Batista de novo inaugurando ideias. 

 

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